Plantas comestíveis
Conhece as Pancs? No AM têm e podem virar seu prato principal
No Amazonas, existem diversas espécies de plantas alimentícias não convencionais que podem ser aderidas à alimentação diária

Manaus – A flora Amazônica é uma das mais ricas do mundo, inclusive, é possível se alimentar de muitas espécies e não só em forma de sucos, chás e temperos mas como prato principal mesmo. Algumas delas fazem parte da categoria de Plantas Alimentícias
Não Convencionais (Pancs) e podem nascer com ou sem cultivo, trazendo benefícios à
saúde, além de matar a fome.
A questão é que as Pancs não são tão conhecidas como as frutas, verduras e legumes que vemos nas prateleiras de supermercados e feiras. Essas plantas não convencionais podem ser confundidas com pragas que nascem sem o cultivo. Porém, existem muitos nutrientes e a forma de preparação pode ser bem atrativa aos olhos e ao paladar.
Conheça algumas espécies

Em Manaus, algumas Pancs, podem ser encontradas na natureza como a vitória régia ou na calçada como a pata-de-vaca e no Mercado Municipal Adolpho Lisboa, como a corama, a erva-jabuti, a capeba, o jambu, a vinagreira, alfavaca, cumaru, utiga, taioba, a folha da fortuna, entre outras. Apesar da variedade, os consumidores vão em busca dessas ervas para o uso medicinal em enfusão e banhos. Como é o caso do aposentado, Manoel Barbosa, que veio do Pará para fazer tratamento por conta de um derrame pleural.

“Eu uso muitas plantas medicinais para cuidar da minha saúde e ajudar no tratamento. Durante 4 meses, perdi 15 quilos e me sinto melhor. Uso o mastruz com leite e outras ervas. Eu comi vinagreira uma vez com peixe, mas não tenho o hábito de usar”, conta.
A feirante Ângela Takeda é conhecida por ter uma banca com ervas e plantas. Ela não conhecia o termo Pancs, mas já havia usado algumas plantas como pratos do dia a dia. “Minha família é oriental, japonesa e a gente tem o hábito de comer, mas para as pessoas que procuram meu quiosque, achariam estranho saber que as ervas medicinais, também, servem como alimento. Lá em casa, minha mãe fazia salada usando a vinagreira com shoyo e até refogada. A corama a gente usa para salada e serve como colírio”, pontua.

Benefícios
A nutricionista, Ana Rita Gaia, explica os benefícios das PANCs. “São não convencionais porque a gente não tem o hábito de consumir, mas são comestíveis. Eu já comi flor, o caule e a pipoca da vitória-régia. Nas folhosas verde escuras, como ora-pro-nóbis, bertalha, encontramos fontes de magnésio e vitamina K. Essa vitamina é importante para a saúde intestinal e é um anticoagulante natural, evitando varizes, inclusive. O magnésio é bom para tudo, como a saúde óssea, TPM, dores de cabeças constantes, tremedeira no olho e insônia. No Amazonas, temos a bedroega, que é a única folha em nossa região, riquíssima em ômega 3. O ora-pro-nóbis é rico em proteína e ferro, podendo ser consumida crua, em sucos, saladas e refogada", pontua a profissional.

Aumento na procura
O Brasil é um dos países com o maior número de crescimento de adeptos a uma alimentação mais saudável. Segundo uma pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência em 2018, 14% da população brasileira admite ser vegetariana. Porém, apesar de indícios de que esse número não representa na íntegra, já que algumas pessoas consomem pouca carne e se classificam vegetarianas, é fato que a procura por esses alimentos tem aumentado.
A jornalista Thamires Duarte é ovolactovegetariana há três anos. Essa nomenclatura representa a liberação do consumo de ovos, leites e derivados, mas não inclui nenhum tipo de carne animal. Com a transição na alimentação, Thamires enfrentou dificuldade no convívio com as pessoas, pois, era a única da família e do círculo social com o tipo de alimentação.
“Minha principal motivação é ambiental, além do
sofrimento animal. Desde que deixei de consumir carne, me sinto mais saudável e
tive uma mudança de postura sobre muitas coisas também, principalmente nos
aspectos éticos e políticos”, relata.
Apesar de uma alimentação mais saudável, a jornalista conhece pouco sobre as PANCs, no entanto, tem familiaridade com algumas por conta da mãe. “A minha mãe gosta de ter no quintal algumas. Ela tem a moringa, por exemplo, e eu como de vez em quando. Mas não é um hábito. Eu basicamente como outras verduras. E, quando estão para murchar, seco no forno e faço um pó para colocar nos alimentos”, explica.

Melhora na saúde
Assim como Thamires, Noa Caetano Magalhães adotou um estilo de vida mais saudável para preservar a vida dos animais, amenizar o impacto no corpo e no planeta. Vegano há 2 anos e 7 meses, ele teve uma melhora nos exames médicos e passou a tomar outras decisões na hora de se alimentar.
“Comecei me sentindo mais leve, senti que, com a alimentação melhor, meu organismo estava mais forte e limpo. Esse processo é bem real, porque até perdi bastante gordura nos primeiros meses. Eu sofria com rinite e sinusite e, na mesma semana que parei com leite e derivados, tive uma melhora significativa, meus exames nunca foram tão bons”, relata Noa, que é assessor de imprensa.
Sobre as PANCs, Noa já experimentou, mas diz que não são fáceis de encontrar. “Infelizmente, gostaria de tê-las encontrado mais vezes nas feiras de orgânicos, mas nem sempre tem”, revela.
Uma PANC bem conhecida

A hortaliça Peixinho (Stachys Byzantina), também conhecida como lambarizinho, lambari de folha, orelha de coelho e orelha de lebre, tem folha aveludada e o sabor lembra o de peixe frito. Geralmente é utilizada para fins ornamentais em borda de canteiros, mas pode ser aproveitada na culinária em várias receitas como de chás, saladas e em sua utilização mais popular: empanada e frita.
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