Greve de Rodoviários
Caos e confusão definem a sexta-feira antes do Natal em Manaus
Reintegração de posse, manifestação de indígenas, forte chuva, greve de ônibus e naufrágio contribuíram para o clima de confusão na cidade

Manaus – A última
sexta-feira do ano (21), antes do feriadão de Natal, causou um verdadeiro caos na
capital do Amazonas, por conta da intensa movimentação de carros nas ruas, ocasionada pela greve dos rodoviários. A forte chuva que caiu sobre cidade, além de causar lentidão no tráfego, ainda causou acidentes de trânsito e tombamento de barcos na área portuária.
Além dos incidentes, uma reintegração de posse ocorrida na Zona Oeste de Manaus, movimentou indígenas retirados do local que posteriormente fizeram manifestação sobre direito moradia, em uma das principais avenidas da cidade.
A greve no transporte público que paralisou 100% da frota, foi, no entanto, o problema que mais causou transtornos à população.

Reintegração de Posse
O dia começou complicado para famílias indígenas que habitavam
o bairro Tarumã, na Zona Oeste da cidade, com a reintegração de posse autorizada pelo Governo do Estado do Amazonas e cumprida por forças policiais
que retiraram os moradores do local. A comunidade existe desde fevereiro de
2018, onde aproximadamente 120 famílias ocupavam um terreno que seria particular.
A ação policial começou às 6h da manhã em uma área vizinha ao conjunto Cidadão. Mesmo sob os protestos dos moradores, tratores entraram na área derrubando todos os barracos e deixando desocupado o local. O terreno é privado e o proprietário não teve nome divulgado. Os ocupantes fecharam a avenida e atearam fogo em vários objetos, mas policiais e bombeiros conseguiram conter o tumulto.
Protesto Indígena

Poucas horas depois, famílias indígenas de oito tribos foram
até a Avenida Djalma Batista – na Zona Centro-Sul de Manaus – para reivindicar
direitos à serviços básicos como saúde e moradia, após terem sido retirados da
área no bairro do Tarumã.
Com faixas e cartazes, índios pediam ao Governo do Estado do Amazonas para retirar o mandado de reintegração de posse. As famílias pediam ainda para que a Fundação Nacional do Índio (Funai) volte a fazer parte do Ministério da Justiça para que o órgão esteja efetivamente servindo aos direitos dos indígenas.
“O povo indígena no Amazonas está sendo desassistido pela saúde, educação e direito à moradia. Nós estamos cansados de ser humilhados pois, temos famílias para alimentar, precisamos de lugar para morar pois somos índios natural desse estado. Os haitianos vieram, os venezuelanos vieram e todos foram apoiados. Porque os índios que são daqui não são apoiados? ”, questiona um manifestante da etnia Ticuna. "
Indígena, Tikuna
A manifestação no local durou pouco mais de 30 minutos, mas
o tempo foi suficiente para literalmente parar o trânsito na região que, logo
depois começou a ser castigada pela forte chuva alagando grande parte da capital
do Amazonas durante o dia.
Forte chuva

O ritmo de confusão durante a sexta-feira (21) parecia não
ter fim pois, após a desocupação de terras e manifestação de indígenas causando
trânsito caótico nas principais vias de Manaus, uma tempestade prejudicou ainda
mais ao cesso às principais vias de acesso da cidade.
Entre as avenidas Torquato Tapajós, Zona Norte, e a Constantino Nery, Zona Centro-Sul, o fluxo de veículos era intenso e um grande engarrafamento se formou por causa do acúmulo de água na pista. O trânsito continuou causando lentidão no tráfego da capital até o final do dia.
Greve de ônibus

Dando continuidade ao caos
registrado durante todo o dia, rodoviários deram início oficialmente ao
movimento de greve no início da tarde de sexta-feira (21) ao paralisar 100% da
frota de coletivos.
Nos terminais de ônibus, não havia nenhum coletivo e nem passageiros, o ambiente percorrido pela equipe do Em Tempo sugeria um ambiente abandonado. Nas paradas de ônibus percorridas pela reportagem, passageiros estavam a mais de uma hora esperando alguma posição dos rodoviários, quanto à paralisação. O trânsito em todas as zonas de Manaus estava parado e as principais vias registraram quilômetros de engarrafamentos.
Com 100% da frota de ônibus parada na capital amazonense, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Manaus (STTRM), Givancir Oliveira, afirmou durante à tarde, em uma coletiva de imprensa “não havia uma previsão para os coletivos voltarem a circular em Manaus nas próximas horas”.
O sindicalista explicou que a medida foi tomada por aproximadamente 8 mil trabalhadores que estão prejudicados com a falta de adiantamento salarial e o atraso no pagamento do 13º salário.
Naufrágio

No início da noite, a embarcação ‘Presidente Kenedy’mancorada no Porto
de Manaus acabou afundando parcialmente após sofrer com a intensidade dos fortes
ventos que sopravam na área durante a tempestade. Apesar do susto ninguém ficou
ferido.
O prejuízo ao dono da embarcação seria de aproximadamente R$ 100 mil. Os produtos que estavam dentro do barco foram parcialmente retirados e colocados em uma balsa, onde os funcionários vigiavam para evitar furtos.
Os próprios tripulantes trabalhavam no local para equilibrar a embarcação e em seguida retirar a água de dentro do casco do barco para verificar os prejuízos. O dono da embarcação, que faz a viagem Manaus/Codajás teve um pico de pressão e precisou ser levado ao hospital para ser medicado.
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