Saúde mental
Alerta: três pessoas cometeram suicídio no Ano Novo, em Manaus
Informações são apenas da Polícia Militar do Amazonas e podem não representar todos os casos. Acesse a matéria e conheça métodos para prevenir as lesões autoprovocadas

Manaus – O Natal e Ano Novo representam períodos de alerta para os profissionais de saúde. Segundo especialistas, os números de suicídios aumentam consideravelmente em todo o mundo durante as datas. Em Manaus, três pessoas cometeram suicídio somente no dia 1° de janeiro, segundo boletim divulgado pela Polícia Militar do Amazonas. As vítimas registradas tinham 29, 30 e 52 anos, o que mostra que a ação não escolhe faixa etária.
Cerca de 3 mil pessoas que cometem suicídio por dia em todo mundo, o que significa que a cada 40 segundos, uma pessoa se mata, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
É normal que no fim de ano, as pessoas olhem para trás e façam um balanço dos dias que passaram. No entanto, essa atitude, inofensiva para uns, pode ser fatal para outros. Um exemplo é o que ocorreu em 2017, quando houve um aumento de 15% nas buscas por ajuda no Centro de Valorização da Vida (CVV), uma ONG que combate o suicídio. Segundo a sigla, a maior parte da procura ocorreu justamente próximo às festas de fim de ano.
Sinais de alerta
A “retrospectiva” do ano pode ser frustrante por inúmeros motivos, causando sentimentos de solidão e tristeza, no entanto, é importante lembrar que o suicídio nunca costuma ter apenas uma causa, mas sim é a junção de vários fatores.
A psicanalista Mônica Portugal ressalta que o discurso de individualismo da sociedade pode ser prejudicial nessas situações.
“Talvez, a palavra-chave seja ouvir. É preciso escutar o outro, escutar a comunidade. É preciso diferenciar o ouvir do escutar. Ouvir implica que você seja tomado por aquilo. Precisamos ter algo de reconhecimento da comunidade, pelo outro. Esse mecanismo dá algum sentido à vida”, afirma a psicanalista, indicando alguns sinais de "alerta".
O aumento de sentimentos de medo e baixa autoestima, dificuldade de concentração, perda ou alta do apetite e do peso, raciocínio mais lento e episódios frequentes de esquecimento são alguns desses sinais.
Segundo o Ministério da Saúde, outros sinais frequentes são: irritabilidade, ansiedade, angústia, desânimo, cansaço fácil, e diminuição ou incapacidade de sentir alegria.
Grupos de risco
Em 2019, 124 pessoas se suicidaram no Amazonas e, no primeiro semestre de 2020, o número de mortes por lesões autoprovocadas no Estado passou de 60, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP/AM).
O suicídio entre os jovens vêm aumentando, sendo uma das três maiores causas de morte entre pessoas de 15 a 35 anos, embora, a maioria das vítimas ainda tenha mais de 60 anos.
No caso dos idosos, as principais motivações apontadas por especialistas são a solidão, perda de vínculos, maus tratos e abandono. O EM TEMPO publicou uma reportagem sobre o tema que pode ser acessada aqui.
Prevenção
Dados da Organização Mundial de Saúde indicam que 90% dos casos de suicídio poderiam ser evitados. O assunto ainda é considerado tabu, e é fundamental que em momentos difíceis as pessoas consigam pedir ajuda para familiares, amigos ou um médico.
O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail e chat, 24 horas todos os dias.
A ligação para o CVV em parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do número 188, é gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular. Também é possível acessar o site do Centro de Valorização da Vida para chat, Skype, e-mail e mais informações, todas de graça.
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