Brasil
Justiça desobriga Bolsonaro de entregar exame de Covid-19
Desembargadora atendeu a recurso da AGU e deu mais cinco dias para que o caso seja analisado e ocorra uma definição sobre a entrega ou não dos resultados
Brasil – A
ordem que obrigava a Advocacia Geral da União (AGU) a entregar até este sábado
(2) os laudos dos exames do presidente Jair Bolsonaro para o Coronavírus foi
suspensa pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).
A
desembargadora Monica Nobre atendeu a um recurso da AGU e fixou um prazo de
cinco dias para que o caso seja analisado e que ocorra uma definição sobre a
entrega ou não dos exames. O recurso foi atendido pela magistrada durante o
plantão e o prazo determinado por ela é para que o relator original do recurso,
o desembargador Carlos Muta, decida se os exames ainda devem ser entregues.
Na última
quinta-feira (30), a juíza federal Ana Lúcia Petri Betto, da 14ª Vara Cível
Federal de São Paulo, determinou que a AGU forneça os laudos de todos os exames
feitos pelo presidente para Coronavírus. A decisão ocorreu após a juíza
considerar que o relatório médico de Bolsonaro apresentado pela AGU na semana
passada “não atendia de forma integral à determinação judicial”.
A AGU argumentou que não existe a obrigação legal de fornecer os exames. "A própria Lei de Acesso à Informação, utilizada como fundamento para pedir os laudos, é expressa em estabelecer que a utilização de informações pessoas deve respeitar a intimidade e a privacidade e depende do consentimento do interessado", argumentou a defesa do presidente.
Para o
governo, o respeito à intimidade e à privacidade são direitos individuais que
devem ser protegidos, a AGU ressaltou ainda que o fato de Bolsonaro ocupar o
cargo de presidente da República não significa que ele não tem o direito à
intimidade e à privacidade.
Segundo a
desembargadora do TRF-3, o adiamento do prazo, evita que a medida sem seja
analisada pelo magistrado competente e não acarreta prejuízos irreparáveis ao
recorrido, até mesmo diante do fato de que se trata de ação ajuizada em 27 de
março de 2020.
A AGU
informou que enviou à Justiça um relatório médico da coordenação de saúde da
Presidência, com data de 18 de março, mas sem os exames, solicitando ainda o
arquivamento do processo.
Quando
pediu as informações ao governo, a determinação pedia a apresentação dos dois
exames aos quais o presidente se submeteu e que, segundo o próprio Bolsonaro,
deram resultado negativo.
Esta semana, em entrevista à rádio Guaíba, Bolsonaro cogitou a possibilidade de ter se contaminado com o Coronavírus. "Eu talvez já tenha pegado esse vírus no passado. Talvez, talvez e nem senti", afirmou.
Ana Lúcia afirmou ainda que o cidadão tem o direito de saber o real estado de saúde do presidente. “No atual momento de pandemia que assola não só Brasil, mas o mundo inteiro, os fundamentos da República não podem ser negligenciados, em especial quanto aos deveres de informação e transparência".
Em março, o presidente fez exames, mas nunca os apresentou. Ele disse apenas que os resultados tinham dado negativo. No início daquele mês, ele fez uma viagem oficial à Florida, nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, parte da comitiva presidencial foi diagnosticada com Covid-19.