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'Existência e Resistência' é tema do 13º Festival de Teatro
21 espetáculos locais e de outros Estados compõe a lista de contemplados do 13º Festival de Teatro

Manaus - As palavras de ordem para o 13º Festival de Teatro da Amazônia são "Existência e Resistência". O tema reflete a luta dos artistas nos últimos dois anos em que não houve edição do festival por falta de incentivos. A escolha do tema e dos artistas contemplados para compor a programação foram divulgados na manhã desta segunda-feira (3) em coletiva à imprensa.
Ao todo, 21 artistas locais e de outros Estados vão se apresentar entre os dias 13 e 17 de dezembro no Teatro Amazonas, Zona Sul. O evento é organizado pela Federação de Teatro do Amazonas (Fetam), atuante no cenário artístico amazonense há 40 anos.
Como é um dos poucos festivais culturais organizado exclusivamente por atores, segundo o presidente da Fetam, manter a sequência é um desafio anual.

"Fomos os primeiros da categoria a promover um evento desse porte sem a dependência de verbas políticas. Desenvolvemos diversos eixos de representatividade regional com enfoque no teatro. Estamos concentrados em aproveitar a produção amazônica da última década", detalhou Douglas Rodrigues.
Arrecadação
A arrecadação da edição deste ano vai para os artistas e movimentos culturais vinculados à Fetam. "A Ira de Narciso" foi definido para ser o espetáculo nacional de abertura. Produção original do franco-uruguaio Sérgio Blanco, a peça desmistifica o dilema da egolatria, suscitado em uma das maiores figuras do mundo lírico.
Dentro os 21 escolhidos estão produções do Amazonas, Ceará, Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba (PR).
A diretora Selma Bustamente, uma das amazonenses da lista, explicou que a peça "Interditado" traz o uso do tecido na performance de palhaços e faz uma crítica ambiental.

"Uma única atriz vai interpretar diversos papéis, que retratam personagens do cotidiano. Ao longo do script, todos jogam pequenos lixos na cachoeira, que é o tecido. Ao final, a cachoeira é interditada visto o volume de dejetos, impedindo que a água flua", esclareceu.
A estudante Karine Magalhães, de 21 anos, é a estrela da performance. Para ela, foi emocionante ser escolhida para o festival.
"Não esperava mesmo. É a primeira vez que performo sozinha no palco do nosso teatro. Será, com certeza, uma experiência marcante na minha carreira", comentou. Ela desenvolveu a peça a partir do seu trabalho final da faculdade. Após adaptações de Selma, as duas vão encabeçar o projeto.
Já o diretor Leonel Worton buscou levantar uma ferida social e fazer uma homenagem trash ao mesmo tempo. "A Casa das Meninas Mortas" é um compilado de histórias sobre garotas estupradas, assassinadas e ignoradas em Manaus. Tendo como base o abrigo Mamãe Margarida, casa para mulheres nesse perfil, o elenco mistura atrizes e pessoas do mundo real.

"Desenvolvi essa peça há 13 anos com amigos, a partir de um caso em particular que me chocou muito. A ideia é passar ao público 40 minutos dentro dos olhos de quem foi abusada em todos os sentidos. Esperamos que todos sintam o mesmo nojo de quem foi vítima e rejeite, de vez, essa cultura do estupro", projetou.
O evento ainda vai contar com oficinas e palestras gratuitas para os interessados. A programação deve ser divulgada na próxima quarta (5). A comissão de curadores desse ano ficou a cargo da atriz de renome nacional Lucélia Santos, a paulista Juliana Galdino, e a amazonense Narda Teles.
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