Festival ManiFEST
Vencedores do 'ManiFEST' seguem sem premiação sete meses após festival
Vencedores do Festival Universitário de Música "ManiFEST", realizado em Manaus pela empresa "ABaracho Produções e Eventos", denunciaram o calote nesta quinta-feira (2)

Manaus - Dos três vencedores do Festival Universitário de Música "ManiFEST", que ocorreu nos dias 31 de agosto e 1º de setembro de 2019, no Pódium da Arena da Amazônia - bairro Flores, Zona Centro-Sul de Manaus - apenas um recebeu o dinheiro referente às premiações. Nesta quinta-feira (2), sete meses após a realização do festival, outros dois artistas procuraram o Portal Em Tempo para denunciar a falta de pagamento.
O "ManiFEST" teve 20 músicas selecionadas, sendo sete premiações: 1°, 2° e 3° lugares; Melhor Arranjo; Melhor Letra; Melhor Intérprete e Aclamação Popular. No regulamento, o objetivo do festival é "incentivar a cultura musical do Estado do Amazonas, buscando evidenciar e valorizar novos talentos, integrar a comunidade por meio da música, incentivando a criatividade a partir do intercâmbio de ideias e novas propostas".
Jéssica Stephens, de 30 anos, que, além de vencedora do festival é também cantora, compositora, intérprete, locutora e "atriz em construção" pela Escola Wolf Maya; avalia que a real situação do evento não foi bem o que o regulamento previa. Os participantes pagaram uma taxa de R$50 para a inscrição e as premiações eram de R$ 7 mil para o primeiro lugar, R$ 5 mil para o segundo colocado e R$3 mil para o terceiro.
"Eu estava na produção de um trabalho em São Paulo e no Paraná quando participei do ManiFEST. Tive um custo alto para conseguir. Agora, imagina a nossa categoria [artistas] nessa pandemia, sem trabalho e com esse calote. É uma sensação de descrença e desrespeito. Um evento como esse envergonha toda uma classe de artistas, produtores, organizadores e com certeza os patrocinadores e apoiadores", afirma ela.

O Festival ManiFEST é de produção da empresa "ABaracho Produções e Eventos", de Antônia Baracho, mas, quando questionada nesta quinta-feira (2), informou que os pagamentos seriam de responsabilidade de Maick Soares, coordenador-geral do evento.
A reportagem não conseguiu contato com o produtor e, de acordo com os vencedores, eles também não. Rodrigo Falcão, segundo colocado no festival, conta que desde o início a situação já dava indícios de problemas.
"Começou um pouco estranho porque não houve nenhum contato para explicar, dizer em que pé estava a premiação e por isso ficou. Quando passou o prazo de 60 dias, determinado pelo regulamento para efetuar o pagamento, nenhum contato. Fomos procurar a produção do evento e desde então começou uma série de desculpas esfarrapadas que se estende até o dia de hoje", afirma o cantor de 23 anos.

Sem esperanças de receber o valor voluntariamente, Rodrigo espera que o relato ajude outros artistas a não passarem pelo mesmo processo que eles, de estarem em uma área escassa na região e criar expectativas com algo que, segundo ele, o fez se sentir "usado e aproveitado", tanto pelo uso da imagem, quanto pelos transtornos de sair de Manacapuru (município distante 89 km distante de Manaus) para frequentar os eventos.
"Compramos a ideia do festival e os nossos direitos não nos foram cedidos. Os artistas locais não são valorizados como deveriam e, quando surge uma possibilidade de fazer o mínimo, acontece o que aconteceu. Estou dando o relato para que outros artistas não passem pelo mesmo", reforça o jovem artista.

Jéssica Stephens, que é cantora profissional desde os 16 anos e venceu o Festival da Canção de Itacoatiara (Fecani), o Festival Amazonas de Música (FAM), entre outros, afirma que, apesar da decepção, o ManiFEST não mancha os "sérios festivais que acontecem no Amazonas", que, segundo ela, "valorizam e tratam com seriedade e lisura os talentos da terra - estimulando a seguirem firmes na proposta artística".
"Esse evento tinha tudo pra ser um dos maiores festivais de Manaus. Grandes artistas se inscreveram, mas a produção do evento não teve o mínimo de respeito e caráter conosco. O nosso intuito é que a sociedade amazonense, a classe artística, os trabalhadores da Cultura, os apoiadores e patrocinadores tomem conhecimento do ocorrido para que, futuramente, não apoiem produtores como esse, que deram um calote nos premiados", ressalta a artista.

Já Lucevilson de Sousa, dono do terceiro lugar do ManiFEST, conta que não conseguiu contato com nenhum produtor até a tarde desta quinta-feira (2), quando Maick Soares diz ter realizado o depósito da quantia referente à premiação.
Ele, que também já participou do Fecani, do Festival Universitário de Música (FUM), do FEMUP (São José do Rio Preto/ SP), FEMUCIC (Maringá/ PR), entre outros, revela que já está com tudo arranjado para cobrar o pagamento na Justiça.
"Não só espero receber o pagamento, como já estou acionando um advogado para reclamar na Justiça os danos matérias, morais e o que mais couber. Visto que, como qualquer profissional, fiz planos para o uso desses recursos em meus projetos, mas tive esse planejamento frustrado por essa irresponsabilidade da produção do ManiFEST", disse o cantor.