Bancos
Home office pode ser permanente em agências bancárias do AM
Com cerca de 230 mil funcionários trabalhando em casa desde março, em todo Brasil, instituições financeiras concluíram que o trabalho remoto é mais econômico
Manaus – Com a experiência advinda do isolamento social, ocasionado pela pandemia da Covid-19, diversos bancos brasileiros passam a considerar o trabalho de maneira remota como permanente em suas empresas. Segundo os executivos, o modelo home office é capaz de reduzir custos e ajudar na produtividade. Entretanto, consumidores amazonenses afirmam que podem ser atingidos negativamente caso isso ocorra. Economista alerta para as desvantagens da decisão.
Cerca de 230 mil funcionários passaram a trabalhar em casa desde meados do mês de março de 2020, em todo o Brasil. A possibilidade da atividade se tornar permanente, conforme veiculou o jornal Valor Econômico, aponta que o setor utilizou as medidas de isolamento como um estudo para ampliar seus ganhos e a produtividade dos funcionários.
Executivos do Banco do Brasil, Bradesco e Itaú afirmam que uma grande quantidade de bancários irá trabalhar em casa em uma parte de sua jornada. A exceção é a Caixa, que não descarta essa possibilidade, mas, provavelmente, pela necessidade de manter o atendimento presencial nas agências para efetuar o pagamento de diversos benefícios sociais, ainda não tem um plano para apostar de forma mais incisiva no sistema.
Consumidores atingidos
Segundo a administradora Ana Alice, 40 anos, que tem cartões em dois dos bancos citados, a medida pode ser negativa para os consumidores. Segundo ela, as dificuldades já são imensas para resolver questões financeiras de forma presencial. “Quando chegamos nas agências, o gerente nunca está. Quando ligam, ele nunca atende, pois está em reunião e fazendo home office. Como resolvemos nossos problemas se esse acesso ‘à distância’ não nos contempla?”, questiona.
Para o funcionário público, João Silveira, 38 anos, a realidade nas agências é de descaso, mesmo que feita presencialmente. Para ele, se a maioria dos funcionários estiverem trabalhando de casa e não forem capazes de resolver os problemas que surgem, então a medida não será positiva. “É óbvio que isso é bom para os bancos, pois eles terão mais lucro. Mas e nós? Arranjamos brigas em agências e, mesmo assim, não somos ouvidos”, desabafa.
Ganho para os bancos
No Banco do Brasil são 32 mil funcionários trabalhando remotamente, o plano é deixar cerca de 10 mil dos que atuam em área administrativas em jornada parcial neste sistema. “O emergencial está nos dando a oportunidade de olhar para dentro de casa e ver onde pode haver ganhos de eficiência”, declara um dos executivos do banco.

Já no Bradesco, a intenção é manter entre 30% e 40% do pessoal da área administrativa trabalhando em casa, enquanto outro grupo, de 25% a 30% dos funcionários, não precisará comparecer ao ‘escritório’ todos os dias da semana. “O isolamento social é negativo sob muitos aspectos, mas é preciso se habituar e saber aproveitar o melhor que ele pode oferecer. Estamos tendo todo o cuidado para fazer a transição considerando a essência das nossas empresas”, afirma a assessoria do banco.
Segundo ele, as operações feitas nas agências caíram 70% durante a pandemia, o que levará o banco a fechar este ano mais do que 320 agências como estava previsto. Neste caso, o executivo disse que os funcionários serão aproveitados em outras áreas em serviços de atendimento digital.
O Itaú, um dos bancos que mais investiram na digitalização das operações bancárias, fez um levantamento interno e 90% dos 16 mil bancários e bancárias ouvidos afirmaram que suas atividades podem ser feitas à distância e que poderiam trabalhar de casa. “As reuniões estão mais focadas e o trabalho está mais produtivo, além do benefício de poder passar mais tempo com a família e menos no trânsito”, disse Sérgio Fajerman, executivo de Recursos Humanos do banco.
Para a economista Bianca Mourão, as vantagens são muitas, uma vez que o home office acaba sendo uma alternativa mais barata. Segundo ela, os empresários podem deixar de se preocupar com o local físico de trabalho e economizar, além de reduzir custos com energia elétrica, água, material de consumo e expediente e também com aquisição de equipamentos, podendo destinar essa economia para investir em outros campos da empresa.
Contudo, ela alerta que é preciso cuidado, principalmente, em relação aos direitos trabalhistas. “É preciso lembrar que esses funcionários devem ter seus direitos e benefícios garantidos. Além disso, os patrões têm que estar de olho nas dificuldades tecnológicas que podem existir na casa dos funcionários, como a questão da conexão de internet e a mistura da vida pessoal e vida profissional, que pode gerar consequências psicológicas”, salienta.
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