Viagens
Aumento de 23,7% nas tarifas fará preço das passagens subir no AM
Mesmo com o possível aumento no valor, o número de decolagens voltou a crescer no aeroporto Eduardo Gomes, em Manaus

Manaus - Com aumento de 23,7% nas tarifas para voos domésticos, em setembro, no Brasil, o estado do Amazonas poderá sentir o valor das passagens áreas subir nos próximos meses. Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a tarifa média, no oitavo mês deste ano, chegou a R$ 324,77. Além da crise pandêmica, a desvalorização do real é a principal responsável pela tendência de crescimento no valor das passagens.
De acordo com a assessoria da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), o prejuízo de três principais companhias aéreas, que fornecem serviços ao aeroporto da capital amazonense, chegou a R$ 6,2 bilhões no 2º trimestre deste ano.
Além disso, no início da pandemia, em março, o aeroporto internacional Eduardo Gomes havia registrado 818 decolagens. Já em abril, com a crise, houve uma queda, com 174 voos. Somente agora em setembro o número voltou a crescer, com 619 decolagens, segundo informações da assessoria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
A família do cirurgião dentista João José Lima pretende viajar no final do ano, mas já imagina que o valor estará alto. "Viajamos em outubro, quando consegui uma promoção individual de R$346,00 de ida e volta para Manaus, então fui com minha esposa e filhos. Na época, não percebi o aumento, mas, com certeza, os preços vão aumentar e ficar mais caros que agora", esclarece.
Lima também teve uma viagem adiada por conta da pandemia, quando ele e seus familiares compraram passagens com destino à Santa Catarina, mas o voo foi cancelado dias antes do percurso. "Até hoje, não fomos ressarcidos pela empresa. Mesmo assim, conseguimos viajar meses depois, em outubro", explica.

O desejo de viajar também teve que ser postergado, por conta da pandemia, para o estudante Bruno Stone. Ele iria viajar para Portugal em outubro, afim de estudar, mas foi obrigado a adiar para 2021. Além dessa viagem, ele iria fazer outra, para o Sul do Brasil, e já tinha garantido a passagem. Quando ele foi adiar, resolveu comprar mais uma passagem para a sua avó e percebeu que os valores já estavam aumentando.
“Logo antes da pandemia começar, havia comprando uma passagem por cerca de 600 reais. Mas, quando ia viajar, tudo parou e preferi entrar em contato com a companhia e adiar. Mês passado fui ao guichê da companhia, marcar novamente a viagem para o fim de 2020, e consegui fazer isso sem custos. Porém, resolvi levar a minha avó, tendo que pagar o valor à parte, e foi aí que me assustei com o preço ter quase dobrado”, conta o manauara.

Pousos e decolagens
Segundo a assessoria da Abear, mesmo em meio à pandemia, um reaquecimento está sendo observado nas operações áreas. “Em setembro, o mês mais recente que temos as informações, é perceptível um reaquecimento da operação aérea, com 619 decolagens”, informa. Contudo, quando o setor não havia sido afetado pela crise, o aeroporto Eduardo Gomes chegou a realizar 995 decolagens no mês do carnaval, fevereiro.
O número de decolagens é um, mas, contando com o pouso, a movimentação no aeroporto de Manaus aumenta. Segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), em setembro, o terminal aéreo recebeu 2.703 pousos e decolagens, com seus 145.240 passageiros, entre embarques e desembarques. No mesmo período em 2019, o aeroporto recebeu 3.454 pousos e decolagens, com 256.371 passageiros, representando um valor maior.
Já em agosto deste ano, o Eduardo Gomes contabilizou 2.380 pousos e decolagens, com 115.148 viajantes. No mesmo período, mas em 2019, a Infraero registrou mais pousos e decolagens (3.415), com seus 268.182 viajantes.
Agências de turismo
Assim como as companhias, as empresas de turismo, também atingidas pela crise pandêmica, apresentaram crescimento em seus números. O agente de turismo Victor Adativa faz parte de um grupo no ramo, conhecido como Agentes de Viagens de Manaus (AVM), e para trazer dados atuais do setor, buscou informações das empresas na capital.

“Analisamos que o turismo de lazer nacional está voltando a crescer. No último mês, o turismo cresceu 28% em relação ao volume de vendas que estava tendo nos meses de junho e julho, por exemplo. Nos destinos mais procurados, estão São Paulo (SP), Gramado (RS), Búzios (RJ), e Natal (RN). Os voos ainda continuam lotados devido ao não retorno de 100%, como era antes da pandemia”, esclarece o agente", explica Adativa.
De acordo com sua apuração, o turismo de negócios teve uma queda de 81,7% no terceiro trimestre de 2020. Sobre o setor de turismo no Brasil antes da crise, o segmento correspondia a cerca de 60% das vendas das agências.
Aumento no preço no Brasil
Nacionalmente, houve um aumento de 23,2% nas tarifas para voos domésticos em agosto. A informação foi dada pela Anac, mas revela que esse aumento surge em comparação com meses que as empresas estavam com um número menor de voos e até quando tudo estava parado.
Em fevereiro, a tarifa havia subido e marcava os R$ 378,53. Ao acabar o período de férias e carnaval, percebe-se um declínio do valor em março, com R$ 344,83. Já em abril, com a quarentena, a queda chegou a R$ 298, 55. Em maio, a tarifa aumentou, alcançando os R$ 321,08. Em junho, desceu novamente para R$ 286,06, e chegou a R$ 263,07 em julho.
Apesar do aumento, houve também um crescimento no turismo. A pesquisa mais recente realizada pelo IBGE, que comparou 12 capitais, mostrou quais foram os locais que mais visitados. O Ceará ficou em primeiro lugar, com 85,4%. Em seguida, a Bahia dominou o segundo lugar, com 48,4%.
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