Eleições
Mesmo com pandemia, idosos não dispensam oportunidade de votar
Muitos eleitores idosos confirmaram que devem exercer a cidadania e comparecer às urnas no dia da eleição

Manaus - Mesmo correndo um risco maior de contaminação,
alguns idosos com idade acima de 60 anos, integrantes do grupo de risco da
Covid-19, ainda fazem questão de exercer seu direito de ir às urnas neste
domingo (15), em Manaus. A presença do grupo é importante e pode interferir em mudanças no cenário previsto pelas pesquisas eleitorais para o resultado da escolha do próximo prefeito. A influência se dá, especialmente, pela divergência de critérios de
muitos eleitores idosos, contra os eleitores mais jovens.
Com a pandemia, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
determinou que as primeiras três horas do dia da votação, das 7h às 10h, serão
preferenciais a eleitores idosos, entre 60 a 70 anos. Os eleitores com idade
inferior a 60 anos não serão impedidos de votar, mas deverão aguardar em fila
separada até que todos os eleitores com 60 anos ou mais, já presentes ou que
cheguem à seção, tenham votado. A determinação se aplica, inclusive, a
eventuais acompanhantes dos idosos.
No Plano de Segurança
Sanitária para as eleições municipais deste ano, instituído pelo órgão, é explicado que a intenção da
preferência de horário é estimular aqueles que não se encontram na faixa etária
de risco a não irem votar durante as horas iniciais e garantir a segurança para o comparecimento dos idosos. Além desta, outras recomendações importantes são divulgadas no Plano, como o uso de máscaras, álcool em gel, o mínimo contato possível com os mesários e o distanciamento social no local.
De acordo com o TSE, o eleitorado manauara entre 60 a 69 anos aumentou cerca de
1,3% desde as últimas eleições municipais. Neste ano, são quase 110 mil
eleitores aptos a ir às urnas, 23 mil a mais do que em 2016. Já na faixa
etária de 70 a 79 anos são mais de 40,6 mil eleitores neste pleito, contrapondo
os 22,2 mil nas últimas eleições municipais.
Para a advogada aposentada Eliana Soares, 72, após
a abertura de todo o comércio, a pandemia deixou de ser um dos fatores que
impedisse a presença dos eleitores idosos nas urnas. A idosa explica que, por
mais que seja um momento atípico, o exercício do direito de voto é importante e
não deve ser ignorado.
"Eu vou votar sim e não abro mão disso. A
preferência de horário que nos foi dada é importante, mas independente disso,
no momento em que afirmaram que iria ter eleição eu já tinha muito claro na
minha cabeça que iria estar presente, afinal é meu direito. Tudo o que o
prefeito fizer também me afetará como cidadã, então eu tenho que participar
dessa escolha", defendeu.
A professora aposentada Ernestina Silva, 68, explicou que irá votar pois sente a importância de participar do processo eleitoral. A eleitora afirmou que se preocupa com a situação causada pela pandemia, mas afirma que não acha que o comparecimento no dia da votação irá ser de grande risco, especialmente com o horário preferencial. "Vou votar sim, faço questão, como cidadã. Tenho meu candidato e estarei lá no dia da votação. Já até procurei meu título, está tudo separado".
O autônomo Rosival Mendonça, 79, afirmou que nunca deixou de votar, sob nenhuma circunstância, e que mesmo com a pandemia, não será agora que ele deixará de ir às urnas. O eleitor explicou que sente gosto em participar do processo eleitoral.
"Eu gosto muito de ir, de votar, não sei se é de família porque sempre consideramos muito importante isso. Eu entendo que a pandemia é um problema e vi muitas pessoas morrendo, eu acompanhei tudo isso, mas se vai ter eleição, tem que ir votar. E mais, escolher com inteligência quem vai comandar essa cidade", argumentou.
Interferência da pandemia
O cientista político Helso Ribeiro relatou que é difícil afirmar, com exatidão, se a parcela do eleitorado idoso que irá comparecer às urnas será marcante, considerando que as abstenções deste ano serão maiores pela pandemia e por outros fatores. Mas, ainda assim, o resultado pode ser decidido por este grupo, caso se confirme que grande parte deles tenham ido à votação.
"Em uma eleição muito acirrada, às vezes, esse nicho do eleitorado pode decidir, assim como os mais novos também. E nas eleições proporcionais, como vereador, o que é interessante em um partido político é que um tenha mais voto do que o outro. Até brinco que o maior inimigo do candidato é o seu maior companheiro de partido", destacou.
Além disso, o cientista relatou que a motivação que muitos idosos sentem em votar, mesmo com a facilidade de justificativa para alguns e a não obrigatoriedade para outros, se dá por muitos deles terem participado de momentos marcantes na política, que influenciam para que sintam a importância deste direito.
"Acredito que boa parte das pessoas com mais
idade, alguns deles acompanharam a luta, a minha mãe, por exemplo viveu a
ditadura Vargas, para ela é uma questão de honra. Eu acho que, talvez, um
público mais idoso tenha esse hábito de achar importante participar",
afirmou.
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