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Jiu-Jitsu

Atletas mirins indígenas são destaques e promessas no jiu-jitsu do AM

Ana Izabele e Ana Isabel são revelações promissoras do Jiu-Jitsu no Estado e estão em busca de patrocínio

Manaus (AM)- Novos atletas são revelados no esporte amazonense a cada ano. As irmãs indígenas Ana Izabele, de 10 anos e Ana Isabel, de 7 anos, da etnia Kokama, são as novas promessas do Amazonas no jiu-jitsu. Elas já conquistaram o primeiro lugar no pódio em várias disputas nas categorias Mirim e Juvenil da modalide.

No início deste ano, as duas irmãs tornaram-se destaque ao conquistar medalha de ouro na categoria Mirim da Copa América de Jiu-Jitsu, em Manaus. Em 2021, ganharam o primeiro lugar para as categorias Mirim e Juvenil e, na disputa deste ano, Ana Isabel se destacou como a melhor atleta de 2022 na sua categoria.

Ana Isabel se destacou como a melhor atleta de 2022 na sua categoria.

Segundo a mãe e treinadora faixa-roxa das garotas, Kamila Mafra, elas conheceram o esporte por meio do pai, que já praticava o esporte e atualmente é faixa-preta.

“Ele levou as duas para o treino desde bem pequenininhas, com 3 anos. A mais velha gostou tanto que até chorava para ir pro treino. Aí o pai dela comprou um quimono para ela, e então começou a ir treinar”, falou em entrevista ao Em Tempo.

De acordo com Kamila, a rotina das atletas é equilibrada, elas estudam de manhã, descansam durante a tarde e à noite realizam os treinamentos. Além disso, ela reforça sobre a importância da escola para as meninas.

“Eu sempre explico para as minhas filhas que o estudo é tudo na nossa vida, porque sem estudo a gente não é nada. E assim, eu gosto do esporte na vida delas, porque elas podem aprender sobre disciplina, a se defender. E também elas são muito reconhecidas aqui em Manaus pelas habilidades e talentos que possuem”, disse.

Para Ana Izabele praticar o esporte é divertido . “Eu gosto de participar de campeonatos, eu também gosto do Jiu-Jitsu, porque ensina várias coisas e eu aprendo. E tem nossos professores pra ajudar a gente. É muito legal, por isso eu gosto”, disse a atleta.

as duas irmãs tornaram-se destaque ao conquistar medalha de ouro

Contudo, ainda que campeãs, as meninas não têm apoio de patrocinadores, principalmente para competirem fora da região contra outros Estados.

“Estava correndo atrás de patrocínio para ver se elas viajavam pra São Paulo pra lutar no campeonato brasileiro, mas infelizmente não consegui. Ainda fiquei doente, passei uns dias internada, aí parou tudo. Trabalhamos de forma alternada no nosso espaço de treinamento, o pai delas trabalha em um dia e no outro dia sou eu, mas enquanto eu estava internada, parou tudo. Ás vezes, quando precisamos de transporte para elas competirem, vou na Fundação do índio (Fei) e aí eles conseguem nos auxiliar, e assim é nossa luta”, contou.

O espaço onde os pais treinam as filhas atletas e outras crianças da comunidade, de maneira gratuita, é simples. Eles precisam contar com a sorte em relação à previsçao do tempo, pois quando chove, as goteiras do teto molham o tatame, impossibilitando os treinos.

“Nos sentimos desamparados muitas vezes. Temos bolsa de estudo das minhas filhas, mas para comprar as coisas, quimono, faixa, as coisas que precisam, não temos patrocínio. Eu vendo trufa na rua para pagar os campeonatos delas, comprar o que elas precisam, como protetor bucal, que é para não machucar né? Aí tudo isso eu me viro, eu vendo bombom por aí”, contou Kamila.

Em relação ao futuro promissor das jovens atletas, a treinadora diz que o plano é que elas não parem de treinar e nem de estudar. O objetivo é que as irmãs continuem sendo reconhecidas no esporte e cursem uma faculdade, a fim de serem bem-sucedidas no futuro.

As garotas conheceram o esporte por meio do pai, que é faixa-preta

As atletas tiveram de ultrapassar a barreira do medo e do preconceito, conforme contou Mafra. “Antes não falava que a gente era indígena. Porque eu tinha medo de as minhas filhas sofrerem algum preconceito. Mas aí um dia eu pensando aqui eu disse a gente tem que ser o que a gente é. Não ir pela conversa dos outros, pelo que os outros falam, nós temos que ser nós mesmos. E aí eu decidi começar a botar elas com foto de cocar na cabeça e aí foi quando a imprensa começou a nos procurar e a gente foi pra televisão dar entrevista”, disse.

A atitude de valorizar a origem e etnia fez com que mais crianças indígenas fossem atraídas para o esporte, mostrando a importância da representatividade no esporte.

 “Após nossas entrevistas, começou a aparecer alguns alunos indígenas aqui, eu tenho dois alunos indígenas, o Geovane e o Iago. É uma honra eu dar treino pAra essas crianças. Porque em vez de elas estarem na rua, elas estão aprendendo o esporte. Eu não falo só sobre o jiu-jitsu, eu converso com eles sobre o respeito, sobre os estudos, respeitar a mãe, o pai. E aqui nós temos uma regra, a gente vê o desempenho deles nos estudos, pelo boletim. E aí se tirar nota baixa fica cinco dias sem treinar. Essa é a disciplina que eu dou aqui. E eles gostam”, contou.

Amaury Moraes/FEI

Quem deseja apoiar as atletas pode entrar em contato por meio do número 92 99432-6669 ou realizar Pix para o CPF: 027.335.272-58 de Kamila Mafra da Silva.

Edição Web: Bruna Oliveira

Fotos: Amaury Moraes/FEI e Arquivo pessoal

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