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Colocar o dedo no nariz pode trazer riscos à saúde, apontam cientistas

Além do risco de contrair doenças, cutucar a narina também pode produzir arranhões, o que pode permitir que bactérias invadam o corpo

Colocar o dedo no nariz é um hábito totalmente natural Foto: Getty Images

Não adianta negar, admita. Seja quando estamos na companhia de alguém com quem temos intimidade ou achamos que ninguém está olhando, todos nós em algum momento colocamos o dedo no nariz. E não estamos sozinhos: outros primatas fazem isso também.

O estigma social em torno de cutucar o nariz é generalizado. Mas será que deveríamos estar fazendo isso? E o que devemos fazer com a meleca depois?

Um grupo de cientistas que pesquisam contaminantes ambientais — em casas, ambientes de trabalho e jardins —, publicaram um artigo no site de notícias acadêmicas The Conversation e nele explicam onde estamos realmente nos metendo quando cutucamos o nariz.

O que tem na meleca?

Colocar o dedo no nariz é um hábito totalmente natural: as crianças que ainda não aprenderam as normas sociais logo se dão conta de que o encaixe entre o dedo indicador e a narina é muito bom. Mas, os cientistas explicam que há muito mais do que apenas meleca.

“Durante os aproximadamente 22 mil ciclos respiratórios diários, o muco que forma a meleca atua como um filtro biológico fundamental para capturar poeira e alérgenos antes que eles penetrem em nossas vias aéreas, onde podem causar inflamação, asma e outros problemas pulmonares a longo prazo.”

Conforme pesquisadores, em geral os micróbios do nosso nariz ajudam a repelir invasores, lutando contra eles em um campo de batalha de muco.

“A poeira, os micróbios e os alérgenos capturados no muco acabam sendo ingeridos à medida que esse muco escorre pela nossa garganta. Isso não costuma ser um problema, mas pode exacerbar a exposição ambiental a alguns contaminantes. Por exemplo, o chumbo — uma neurotoxina encontrada na poeira doméstica e na terra do jardim — entra no corpo das crianças de forma mais eficiente por meio da ingestão e digestão.”

Pode piorar a exposição a certas toxinas ambientais se você aspirar ou consumir o muco, em vez de assoar o nariz Foto: Getty Images

Os riscos de tirar meleca

Os pesquisadores abordam germes que podem causar doenças e vivem no nariz. O estafilococo dourado (Staphylococcus aureus, às vezes abreviado como S. aureus) é um germe que pode causar uma variedade de infecções leves ou graves. Estudos mostram que é frequentemente encontrado no nariz (isso é chamado de transporte nasal).

Uma pesquisa descobriu que colocar o dedo no nariz está associado ao transporte nasal de S. aureus —, podendo ser a causa do mesmo em certos casos. E concluiu que a superação do hábito de cutucar o nariz pode ajudar nas estratégias de descolonização do S. aureus.

Tirar meleca também pode estar associado a um risco maior de transmissão de estafilococo dourado para feridas, onde representa um risco mais grave.

E, às vezes, os antibióticos não funcionam com o estafilococo dourado.

Um artigo recente observou que “a crescente resistência aos antibióticos exige que os profissionais de saúde avaliem os hábitos de cutucar o nariz dos pacientes e os eduquem sobre maneiras eficazes de prevenir tais práticas”.

Tirar meleca também pode ser um veículo para a transmissão de Streptococcus pneumoniae, uma causa comum de pneumonia entre outras infecções.

Em outras palavras, enfiar o dedo no nariz é uma ótima maneira de introduzir mais germes no corpo ou de espalhá-los no ambiente com o dedo sujo.

Além disso, existe o risco de produzir arranhões e abrasões dentro das narinas, o que pode permitir que bactérias patogênicas invadam seu corpo.

Cutucar o nariz compulsivamente ao ponto de se autolesionar é chamado de rinotilexomania.

A pesquisa sobre o hábito de cutucar o nariz e seus riscos foi produzida por três cientistas renomados: Mark Patrick Taylor, cientista ambiental chefe, EPA Victoria; professor honorário, Universidade Macquarie, Austrália. Gabriel Filippelli, professor-chanceler de ciências da Terra e diretor-executivo do Instituto de Resiliência Ambiental da Universidade de Indiana (IUPUI), EUA e Michael Gillings, professor de evolução molecular na Universidade Macquarie, Austrália.

*Com informações da BBC Brasil

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