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Escassez de talentos prejudica diversos setores do mercado de trabalho

Pesquisadores apontam iminente lacuna entre oferta e demanda de profissionais especializados em setores vitais

Brasil enfrenta desafios em relação à escassez de talentos em áreas estratégicas. Pesquisadores apontam iminente lacuna entre oferta e demanda de profissionais especializados em setores vitais como tecnologia da informação (TI), tecnologia financeira, sustentabilidade, neurodesenvolvimento e saúde.  

Segundo dados da Robert Half, consultoria de recrutamento, durante o terceiro trimestre de 2023, cerca de 76% dos recrutadores no Brasil enfrentavam desafios na busca por profissionais qualificados, sendo aqueles com idade superior a 25 anos e formação universitária completa. Paralelamente, a escassez de oportunidades de emprego também se revelava uma preocupação significativa para os trabalhadores desempregados, com aproximadamente 79% deles destacando a dificuldade em encontrar colocação profissional. 

No setor de TI, por exemplo, a demanda por profissionais qualificados está crescendo exponencialmente. Um estudo da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) mostra que até 2025 serão criados quase 800 mil novos postos, mas o Brasil forma pouco mais de 53 mil profissionais de tecnologia por ano — o que deve abrir um déficit de 532 mil pessoas para trabalhar na área.  

“O crescimento exponencial da demanda por profissionais qualificados na área de tecnologia da informação e análise de dados reflete a urgente necessidade de uma resposta estratégica por parte das empresas e instituições de ensino. O dado alarmante apresentado pelo estudo da Brasscom evidencia não apenas uma lacuna entre a oferta e a demanda de talentos, mas também um desafio fundamental para a competitividade e o desenvolvimento do país”,

analisa o especialista em dados e inovação e professor de MBA da FGV, Kenneth Corrêa.

Similarmente, o mercado de Open Finance, sistema tecnológico financeiro que permite o compartilhamento de dados entre diferentes instituições bancárias autorizadas pelo Banco Central, evidencia uma crescente demanda por especialistas multifacetados, capazes de integrar conhecimentos técnicos com uma visão estratégica de negócios. 

“Encontrar talentos capazes de combinar conhecimentos técnicos robustos com visão estratégica de negócios é um desafio significativo. O segmento de Open Finance é intrinsecamente complexo, e sua natureza inovadora implica em uma escassez de profissionais com experiência prévia”,

afirma o diretor de negócios da Lina Open X, Murilo Rabusky.

Para o diretor, muitos profissionais estão atualmente em processo de formação, refletindo o próprio estágio de desenvolvimento e maturação do ecossistema no Brasil.

Carência de profissionais qualificados para os empregos verdes

A migração para a economia verde planeja criar milhões de novos empregos em todo o mundo, mas nem todos os trabalhadores têm as habilidades que as empresas estão procurando para estes cargos. Conforme levantamento produzido pelo LinkedIn, apenas um em cada oito trabalhadores em todo o mundo possuem as habilidades “verdes”. Para as mulheres, a lacuna é ainda maior, já que nove em cada 10 delas não possuem uma única competência verde ou experiência profissional na área.

“Na jornada rumo a uma economia mais sustentável, enfrentamos não apenas desafios ambientais, mas também uma significativa escassez de talentos. A transição para a economia verde já criou oportunidades de empregos e vem impulsionando o desenvolvimento, mas estamos diante de uma realidade preocupante: a falta de profissionais qualificados. Diante desse cenário, é imperativo investir na formação e capacitação de pessoas para garantir que tenhamos uma força de trabalho preparada para enfrentar os desafios e oportunidades da economia sustentável do futuro”,

declara o CEO da Elétron Energy, André Cavalcanti. 

Para a CEO da Plure, Jhenyffer Coutinho, “ao investir em formação e capacitação em parcerias com o setor privado, governo e instituições educacionais, as empresas não só se beneficiam, mas também impulsionam o crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável local. Além da formação, estratégias de atração compatíveis com a era digital são essenciais”, explica. 

Falta de profissionais dificulta a área da saúde 

Além das empresas sustentáveis, a área de saúde também passa por desafios semelhantes de encontrar profissionais especializados. A escassez de terapeutas ocupacionais especializados no atendimento de crianças autistas, por exemplo, é uma preocupação crescente.

Segundo dados do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), mostram que o país possui cerca de 17,5 mil terapeutas ocupacionais, resultando em uma média de 6,6 profissionais para cada 100 mil habitantes, número consideravelmente abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O COFFITO também revela um déficit aproximado de 24 mil terapeutas ocupacionais no país, ressaltando a urgência de investimentos e formação nessa área.

“O autismo é uma condição complexa que requer abordagens terapêuticas específicas e personalizadas para atender às necessidades individuais de cada criança. No entanto, a demanda por terapeutas ocupacionais com experiência nesse campo supera em muito a oferta disponível, resultando em longos períodos de espera para acesso a serviços essenciais de intervenção precoce”,

comenta Mariana Tonetto, diretora clínica da Genial Care. 

Para a psicanalista e Presidente do Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino (Ipefem), Ana Tomazelli, para enfrentar esse desafio, é essencial que as empresas adotem uma abordagem estratégica no sentido de investirem em educação de forma desvinculada do processo seletivo, para contribuir com o segmento.

“Algumas instituições já estão implementando treinamentos de forma online antes, durante e após a contratação para capacitar os profissionais ou fornecem as chamadas Employer U (universidade conectada à empresa, em tradução livre), ensinando o dia a dia da posição através da cultura organizacional da empresa.”

Capacitação interna ganha espaço nas empresas

Universidades corporativas são estruturas dedicadas ao treinamento e desenvolvimento dos colaboradores nas empresas. Elas oferecem programas de aprendizado específicos para as necessidades da organização, promovendo o crescimento pessoal e profissional dos funcionários. Além de ajudar na retenção de talentos, as universidades corporativas fortalecem a cultura organizacional e contribuem para o alcance dos objetivos estratégicos da empresa.

A Keyrus, multinacional líder em consultoria de inteligência de dados e transformação de negócios, é um exemplo de empresa que aposta na Universidade Corporativa por meio de uma plataforma de aprendizagem LMS (Learning Management System). A Keyrus Academy tem o objetivo de capacitar seus profissionais de tecnologia da informação. O objetivo é proporcionar treinamento para colaboradores visando suprir a demanda por mão de obra qualificada no mercado.  Os cursos são ministrados por consultores da Keyrus altamente capacitados, que compartilham experiências práticas do dia-a-dia do mercado de tecnologia, destacando a importância da educação para o engajamento dos colaboradores e a entrega de serviços de qualidade.

Outro exemplo de sucesso é da healthtech Genial Care, líder na América Latina em tratamento multidisciplinar para crianças com autismo, que implementou a Genial Care Academy, uma iniciativa inovadora de treinamento interno focada em garantir rigor clínico e excelência no atendimento. Esse programa de treinamento abrange profissionais em todos os níveis, desde supervisores até terapeutas aplicadores, visando proporcionar uma rede de excelência clínica para o autismo. Esses exemplos destacam a importância de investir na educação corporativa para enfrentar os desafios do mercado atual.

Ao estabelecer universidades corporativas, empresas como a Keyrus e a Genial Care não apenas supriram a demanda por profissionais qualificados, mas também elevaram os padrões de excelência em seus setores. Como ressalta o CEO da Advisor Agiletech, professor na Anhanguera Educacional e especialista em tecnologia e negócios, Antonio Muniz:

“A implementação de programas de treinamento interno e a valorização contínua da educação promovem um ambiente ágil e adaptável, fundamental em um mercado em constante evolução. Essas iniciativas não apenas capacitam os colaboradores, mas também impulsionam a inovação e o crescimento sustentável das empresas.”

*Com informações da assessoria

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