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Debate

Segurança pública e Amazônia marcam primeiro debate de candidatos ao governo do AM

Ao todo, seis candidatos apresentaram suas propostas e debateram planos de política para a região

Foto: Divulgação

Manaus (AM) – Os candidatos ao Governo do Amazonas participaram, na noite deste domingo (7), do primeiro debate na disputa estadual deste ano. Ao todo, seis candidatos apresentaram suas propostas e debateram planos de política para a região.

Participaram do debate, transmitido pela Band Amazonas: o ex-prefeito de Manaus Amazonino Mendes (Cidadania); o senador Eduardo Braga (MDB); o deputado estadual Ricardo Nicolau (Solidariedade); o médico e indígena Israel Tuyuka (Psol); o ex-vice-governador Henrique Oliveira (Podemos) e a ex-secretária de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania Carol Braz (PDT).

O debate seguiu a resolução do TSE que prevê que os partidos e as coligações dos candidatos tenham representatividade mínima de cinco integrantes no congresso nacional.

O governador Wilson Lima não participou do debate. Em nota, justificou sua ausência em razão de compromissos no município de Tabatinga, a 1.106 quilômetros da capital amazonense.

A dinâmica do primeiro bloco basou-se em perguntas feitas entre os candidatos. A ordem dos candidatos foi definida por sorteio, que determinava quem faria a pergunta e quem responderia o questionamento.

O segundo bloco seguiu com a pergunta dos jornalistas. A ordem dos candidatos foi estabelecida por sorteio daquele que responderia a resposta e do que comentaria a resposta. Enquanto que o terceiro bloco foi conduzido pela pergunta de empresários. O último bloco deu espaço para as contribuições finais de cada candidato.

Perguntas entre candidatos

O primeiro sorteado para fazer a pergunta foi Amazonino Mendes, e o sorteado para responder foi Eduardo Braga.

O ex-prefeito de Manaus, Amazonino Mendes pediu para Eduardo Braga descrever o que ele via no cenário atual do Amazonas. Em resposta, Braga criticou a atual gestão e omissão do governo em resolver problemas do estado. Na tréplica, sobre a questão da saúde, Braga propôs a criação de novas unidades hospitalares.

“Meu compromisso é exatamente poder construir novas unidades hospitalares, na Zona Norte e Leste da cidade. Ampliar e reformar os SPAs para garantir urgência e emergência”, afirmou Braga. Em relação à segurança pública, Eduardo Braga defendeu planejamento e organização entre a polícia civil, federal e militar: “ao mesmo tempo, é preciso aumentar o número de policiais em 6 mil novos policiais militares contratados. Aumentar o efetivo a polícia civil, e equipa-los”.

Amazonino concordou sobre o aumento de efetivos, mas frisou a importância de alinhar com tecnologia. “Com conhecimento técnico e de causa”.

Na terceira rodada de perguntas, Ricardo Nicolau perguntou para Henrique Oliveira sua opinião sobre os investimentos em escolas pelo Governo do Amazonas, e quais eram suas propostas para a educação.

Henrique usou a primeira parte do seu tempo para criticar Amazonino e Eduardo Braga, e complementou sobre a informática como alternativa para expandir a educação no interior do estado.

Nicolau concordou com Henrique sobre a potencialidade da tecnologia digital para a educação no Amazonas, e sobre as possibilidades de investimento na educação: “Poderia usar esses recursos para transformar as escolas em escolas digitais, ampliar a rede escolar e, principalmente, o tempo integral. Poderia usar esses recursos para dar aumento real aos professores”, observou.

Durante a tréplica, Henrique defendeu o investimento em cursos profissionalizantes: “Os cursos profissionalizantes podem ser colocados à disposição da adolescência e da juventude. São áreas que podem servir, inclusive, para a área empresarial, no distrito industrial, que precisa dessa mão de obra. Precisamos, acima de tudo, criar centros integrais de estudos para que as pessoas possam se alimentar e ficar o dia inteiro”, complementou.

Em resposta à Henrique, a respeito da geração de emprego e renda para os povos indígenas, Israel Tuyuka ressaltou que o governo precisa reconhecer que os povos indígenas existem, e sobre a importância do investimento na educação.

“Precisa investir na qualidade da educação. Foi por meio da educação que eu cheguei onde eu cheguei. Os governos precisam investir em escolas de qualidade, dar estrutura para os professores indígenas, para preparem os filhos deles para assumir e desenvolver suas comunidades. Então, precisa preparar a nova geração que está vindo, para que eles voltem para as comunidades, e tomem novas iniciativas e atitudes para garantir, não só o emprego deles, mas que eles inovem”,

afirmou  

Sobre políticas públicas voltadas para a mulher, Carol Braz afirmou sobre a necessidade da criação de empregos e independência da população feminina: “Precisamos de um programa para a mulher amazonense, desde cuidar dessa mulher para que ela tenha possibilidade de trabalhar, garantindo que seus filhos tenham escolas de contraturno para que ela possa sair e trabalhar”, defendeu.

Perguntas de jornalistas

A primeira pergunta de profissionais da imprensa abordou segurança pública e concurso público, respondida por Carol Braz: “Nós vamos administrar, valorizando o policial, valorizando quem quer ingressar na carreira policial, investindo em equipamentos e tecnologia, fortalecendo o instituto criminalista, que não tem estrutura para fazer as investigações, garantido um centro integrado para fazer uma perícia e que são violentadas no nosso estado”, afirmou

Já sobre a escalada da violência no estado, Ricardo Nicolau criticou a escassez de tecnologia: “Nós precisamos trabalhar segurança pública com tecnologia. Em vários países e estados você tem câmera de reconhecimento facial e banco biológicos. Tem uma polícia técnica e uma Inteligência para combater o crime. Nós precisamos ter policiais, militares treinados com viatura e tecnologia nas ruas para fazer a repressão”, destacou.

Sobre o desmatamento na Amazônia, Israel Tuyuka alertou sobre enxergar a Amazônia como “nossa casa”: “Vamos fazer diferente. Nós viemos desse mundo, dessa Amazônia verde, desses rios e dessas florestas, mas nessas florestas também tem gente. Precisamos cuidar dos que estão lá, dos caboclos e ribeirinhos. O Psol-Rede está construindo um projeto que seja capaz de trazer eles”, defendeu.

O candidato Amazonino Mendes respondeu à pergunta sobre a defesa das fronteiras na Amazônia: “Cabe a união a defesa das fronteiras. O estado não tem jurisdição sobre a matéria. Mas eu diria que é possível um trabalho integrado. Essa relação vai depender muito da habilidade do governador”, observou.

Sobre o aumento da inflação, Eduardo Braga defendeu o fortalecimento da Zona Franca de Manaus: “É possível governar com a respeito à Zona Franca, e gerar emprego e renda. Quebramos os recordes com 134 mil empregos diretos criados na Zona Franca, e ao mesmo tempo desenvolvimento sustentável no interior do Amazonas”, disse.

O questionamento sobre o garimpo ilegal na Amazônia foi respondido por Henrique Oliveira, que criticou governos anteriores: “o ouro que é a maior commoditie que existe para criar lastro de dinheiro, o mundo todo corre atrás, e não fizeram absolutamente nada”, observou.  

Considerações finais

Nas considerações finais, Amazonino elogiou o concorrente Israel Tuyka pela representatividade indígena. Também relembrou projetos de seu governo, como a Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Eduardo Braga levantou a bandeira da mudança e crescimento do Amazonas, com investimento, obras, emprego e renda. Também defendeu a conclusão do Prosamim.

Ricardo Nicolau pediu atenção para o interior do Amazonas. Defendeu o compromisso com a população com outros métodos de governar com planejamento.

Já Henrique Oliveira criticou os governos anteriores e afirmou que está preparado para governar o estado do Amazona.

A defensora pública Carol Braz ressaltou que alguns candidatos que prometeram mudanças já governaram o estado. Defendeu um governo técnico e com planejamento.

O médico Israel Tuyuka ponderou a importância da educação, e sobre o diálogo com os grandes e pequenos empresários para tomar as decisões em conjunto.

Apresentação de ideias

Conforme o cientista político Carlos Santiago, a transmissão de debates de candidatos é importante para que os cidadãos acompanhem as ideias e propostas daqueles que disputam as eleições. No primeiro debate dos candidatos ao Governo do Amazonas, o especialista classificou como um bom encontro de exposição de ideias.

“Todos tiveram bons desempenhos dentro daquela da lógica que cada um escolheu para defender como estratégia eleitoral, e estratégia de marketing”,

analisou.

Para ele, Israel conseguiu se comunicar com a comunidade indígena, e Amazonino Mendes mostrou ter experiência. Enquanto que Eduardo Braga demonstrou ter conhecimento da situação do estado, e buscou relacionar sua imagem com o ex-presidente Lula. O candidato Henrique Oliveira procurou aproveitar o tempo de tela para ter visibilidade.

Já Carol Braz se apresentou para o público feminino, e Ricardo Nicolau expôs conhecer as características do Amazonas.

Estrutura engessada

Segundo o cientista político Helso Ribeiro, a apresentação das propostas de candidatos na televisão é relevante para a sociedade, pois fornece uma dimensão sobre quem é a pessoa disposta a assumir o cargo político. Assim, a população pode escolher o candidato de forma criteriosa.

Ao mesmo tempo, para ele, a estrutura padrão dos debates acaba engessando a participação dos candidatos, que possuem poucos minutos para comentar sobre assuntos complexos.

“Fica difícil, porque um tem três minutos para responder, outro, dois minutos para perguntar. É muito difícil você desenvolver um pensamento”,

afirmou.

Dessa forma, aqueles candidatos que entendem a estrutura da televisão se saem melhores, pois ensaiaram para o formato específico da TV. Nesse sentido, o desenvolvimento de ideias fica comprometido e perde espaço para a performance “teatral”.

“É muito difícil você desenvolver um pensamento, e mostrar as propostas. Cada vez mais, esses debates acabam privilegiando aquele que tem a noção de televisão, porque o tempo fica muito exíguo para você mostrar. Não dá para desenvolver um pensamento, então vira um certo teatro. Tem uns que já vão treinados para dar uma espetada no outro, ele sabe que o outro não vai conseguir responder em tempo hábil, e ele acaba deixando um comentário para o final do tempo dele”,

explicou Helso Ribeiro.

Nessa perspectiva, segundo Ribeiro, Isarel Tuyuka mostrou ter pouca experiência com o tempo e as câmeras da televisão, algo que o prejudicou no debate. Já Carol Braz mostrou desenvoltura na exposição de ideias, assim como Eduardo Braga, Henrique e Nicolau, três nomes com experiência na política e com o público.

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