O prédio administrativo do Supermercado Nova Era, localizado na avenida Torquato Tapajós, em Manaus, foi um dos alvos da Operação Lupi, realizada pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (20).
As investigações têm por objetivo esclarecer a atuação de organização criminosa dedicada à extração, comercialização e exportação ilegais de ouro extraído de reservas indígenas e unidades de conservação federal, bem como à lavagem do dinheiro, bens e ativos de origem ilícita.
O esquema investigado pela PF envolveria o contrabando de ouro venezuelano, o qual entrava clandestinamente no Brasil como pagamento pela exportação de alimentos por mercados de Roraima e do Amazonas.
Transportadoras contratadas esconderam dentro de caminhões o ouro contrabandeado, que entraram em Roraima sem os procedimentos necessários e pagamento de tributos.
Posteriormente, o minério seria comprado por outros integrantes do esquema e enviado para empresas atuantes no ramo de exploração de minério aurífero, responsáveis por concretizar o pagamento aos supermercados e às distribuidoras de alimentos.
Em nota, o Nova Era informou que a visita de agentes da PF na unidade administrativa de Manaus teve a finalidade de coletar informações relacionadas a vendas de exportações.
O supermercado informou, ainda, que toda equipe do MNE foi instruída de maneira a colaborar com a investigação da PF, fornecendo todos os documentos solicitados e acessos necessários.
“Somos uma empresa com 42 anos desde sua fundação regados de muito trabalho prezando sempre pela transparência e honestidade. Portanto, dessa forma tranquilizamos a todos os nossos clientes, parceiros e colaboradores, muito obrigado pela confiança a nós depositada”, informou o Nova Era.
As ações
A Operação Lupi é decorrente das investigações realizadas na Operação Kukuanaland e na Operação Bullion, deflagradas em fevereiro e maio deste ano pela Polícia Federal.
Nesta etapa, cinco mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva expedidos pela Vara Única Justiça Federal – Subseção Judiciária de Gurupi/TO são cumpridos por policiais federais em Anápolis/GO e Manaus/AM.
Durante o inquérito policial, a Polícia Federal identificou a possível existência de grupo criminoso, cujo modo de agir passa pelas seguintes atividades ilegais: extração do minério em áreas proibidas, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e subsequentes transporte, comercialização e exportação do ouro ilegal.
A polícia investiga a hipótese de que o ouro extraído ilegalmente de reservas indígenas e unidades de conservação federal vinha sendo “esquentado”, mediante documentos ideologicamente falsos, nos quais o grupo declarava origem diversa da real, como se o metal tivesse sido extraído de área autorizada.
A partir das medidas judiciais executadas na data de hoje, a Polícia Federal pretende identificar os principais envolvidos na exportação do ouro ilegal, demais integrantes da organização criminosa, recuperar ativos financeiros e estancar atuação do grupo.
Os indiciados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, por crimes contra a ordem econômica – usurpação; pesquisa/lavra/extração de recursos minerais sem autorização/permissão/concessão ou licença; lavagem de bens, dinheiro e ativos; falsidade ideológica, receptação e organização criminosa, cujas penas somadas, podem chegar a vinte e nove anos de reclusão.
O nome Lupi vem do latim e significa “lobos”, tendo em vista que os suspeitos se comunicavam por aplicativo de mensagem em um grupo denominado “Wolf”, que é lobo em inglês.
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