Manaus (AM) – No verão amazônico, os fragmentos de mata existentes em Manaus ajudam a amenizar o calor. Pensando nisso, projetos como “Manaus Verde” e “Galho Verde” estimulam a arborização na capital amazonense, somando ao todo, 12.225 mil árvores plantadas de janeiro a setembro deste ano. Segundo a Prefeitura de Manaus, está previsto o plantio de 20 mil mudas até o fim de 2024.
Apesar das iniciativas, dados do último censo, feito pelo IBGE em 2010, apontam que a capital amazonense é a terceira menos arborizada do país com apenas 23,90% de sua área arborizada. Apesar de antigos, são esses os parâmetros que norteiam os pesquisadores da área.
Dessa forma, a arborização urbana é fundamental para a mudança do cenário de Manaus, e a diminuição do fenômeno das ilhas de calor, quando áreas da metrópole apresentam clima mais quente do que as zonas rurais. Isso ocorre devido ao maior número de materiais que absorvem calor como asfalto ou concreto com poucas áreas verdes ao redor.
Para o engenheiro florestal do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Antenor Barbosa, medidas devem ser aplicadas para evitar este fenômeno.
“Algumas iniciativas básicas, no planejamento urbano, podem ser aplicadas para possibilitar o aumento do equilíbrio entre o crescimento urbano e a preservação ambiental, inclusive a formação de ilhas de calor, como o prévio monitoramento e planejamento de novas áreas para ocupação urbana com adequações para preservação de áreas verdes, parques, áreas de preservação permanente”,
explica o especialista.
Ainda de acordo com o especialista, o plantio de espécies nativas em locais adequados permite o crescimento correto das árvores. A manutenção também desempenha um papel fundamental para preservação das áreas arborizadas.
“A arborização de ruas e praças com espécies nativas nas laterais e nos canteiros centrais, com dimensões adequadas para possibilitar maior infiltração de água das chuvas, melhorando a irrigação, permite o crescimento saudável da planta. Fazer manutenções adequadas como adubação, controle de pragas ou doenças e podas de formação para cada espécie, também faz parte do processo”,
disse.
Além disso, Antenor Barbosa explica que o uso de aplicativos para monitoramento também favorecem o desenvolvimento de áreas arborizadas.
“As áreas verdes, arborizadas e de expansão urbana, devem ser monitoradas com novas tecnologias com imagens de drones e que detectem invasões ilegais de novas áreas urbanizadas, áreas de preservação permanentes, e ligadas ao sistema de alerta para efetivo e imediato controle pelos órgãos ambientais responsáveis”,
afirma.
Para ele, as ações de incentivos à população para a arborização em áreas privadas devem ser recorrentes.
Projeto ‘Galho Forte’
Criado no final de 2020, o Galho Forte nasceu como um movimento social participativo idealizado pelo deputado federal pelo Amazonas, Amom Mandel, e cujo objetivo é contribuir para a arborização urbana da cidade de Manaus.
Para Amom, este projeto é uma oportunidade de aumentar a classificação da cidade no ranking de mais arborizadas do país. “Nós temos uma oportunidade de ouro de desenvolvimento a partir da floresta.”, afirmou.
Atualmente, o projeto já plantou mais de 8 mil árvores e doou mais de 2 mil mudas, além de ajudar na instalação e produção de hortas. As ações são realizadas duas ações por mês, porém, nos meses mais quentes do ano o plantio é suspenso e o foco do projeto é voltado para sensibilização ambiental por meio do estímulo ao cuidado com a natureza e a doação de mudas e ações de limpeza pública.
Em declaração a veículo de imprensa, o coordenador do projeto e engenheiro agrônomo, Daniel Oscar Soares explica como é realizado o trabalho de arborização. “O Galho Forte prioriza os bairros mais afetados pelas ilhas de calor e as espécies nativas da Amazônia”.
Sobre insumos para as ações de plantio, o coordenador disse que as mudas de árvores são de doações, com arrecadações em campanha nas redes sociais e parceiros, como o Colégio Martha Falcão, a ONG Mata Viva, entre outros.
‘Manaus Verde’
Em maio deste ano, o prefeito David Almeida, ao lado do titular da Semmas, Antônio Stroski, lançou o Plano Municipal de Arborização “Manaus Verde” para o biênio 2023/2024. Segundo David Almeida, as ações visam assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar da população, bem como tornar a cidade cada vez mais sustentável.
“Nossa meta é arborizar mais a cidade de Manaus. Onde tem asfalto, tem concreto, vamos levar o verde. Estamos trabalhando também com a destinação correta dos lixos, na preservação dos nossos mananciais e do meio ambiente. Temos aqui, quase todos os nossos mananciais poluídos, então, precisamos cuidar”,
disse.
Segundo o titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), Antônio Stroski, a previsão é plantar 20 mil mudas até o final de 2024.
“A nossa meta da prefeitura é plantar 20 mil novas mudas em 50 áreas da cidade e discutir soluções com a sociedade, para que possamos cumprir a nossa meta, o nosso objetivo é a preservação do meio ambiente”,
destacou o prefeito.
Stroski ainda afirmou que, a partir desta ação, a secretaria de Meio Ambiente irá realizar eventos, mensalmente, para se aproximar da população e promover a conscientização na cidade.
“Até o final do ano, a Semmas, todos os meses, estará próxima da população de Manaus, levando ações relevantes da agenda ambiental da cidade”,
concluiu o secretário.
Tecnologia
Para que a população possa acompanhar em tempo real o processo de arborização, a Semmas lançou o ‘Manaus Verde’ um aplicativo que realiza o georreferenciamento dos serviços. Os técnicos vão registrar o local, a espécie e autor do plantio, confirmando com uma foto que a muda foi plantada.
O diretor do departamento de Geoprocessamento da Semmas, Cleber Damasceno, revelou que o novo programa irá servir de base para que a secretaria consiga atender os espaços urbanos que mais necessitem do processo de arborização.
“Esse aplicativo foi feito pela prefeitura e visa fazer um inventário de toda a arborização da cidade, sejam as árvores já existentes e as que a prefeitura implantará. Os analistas ambientais vão fazer a catalisação por bairros para estatísticas posteriores. Assim, teremos uma webmap que proporcionará observar todo o trabalho da prefeitura. Essas são informações importantes, para que possamos ver como está o processo de arborização na cidade e focar nas áreas menos atendidas para ter um êxito maior no serviço”,
finalizou.
Medidas que ajudam a combater o problema
Na Zona Centro-Sul de Manaus, o médico Nilton Bessa e sua família resolveram, por conta própria, tentar criar um clima aconchegante no quintal da casa onde moram. Eles perceberam a falta de árvores na vizinhança e como isso impactava na saúde deles, e criaram um verdadeiro paraíso. Além de melhorar a temperatura, o espaço também passou a ser uma espécie de terapia para a família.
“Tudo começou quando começamos a cuidar de algumas plantas ornamentais pela beleza e nem tanto pela sombra, mas com o calor que faz nessa cidade, logo percebemos que as plantas minimizavam o calor e então decidimos montar esse projeto no nosso quintal. Nós passamos bastante tempo aqui, quase que uma terapia familiar”,
disse.
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