A tradicional empresa japonesa Pioneer anunciou que encerrará suas operações na Zona Franca de Manaus (ZFM) nos próximos dois meses, o que resultará demissão de 149 funcionários, além de afetar negativamente fornecedores. Após perda de mercado, a decisão foi tomada por investidores do Japão.
A determinação da demissão em massa foi comunicada em uma reunião, realizada em 16 de janeiro de 2025, entre a diretoria da empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal-AM).
A secretária-geral do sindicato, Dulce Sena, garantiu que a entidade estará acompanhando de perto todo o processo para garantir que os direitos dos trabalhadores sejam plenamente respeitados, mesmo com a data exata para o fechamento da unidade ainda indefinida.
“Este é um momento de grande desafio, mas estamos comprometidos em apoiar os trabalhadores e buscar alternativas para minimizar os impactos”, afirmou Dulce.
Fundada em 1938, a Pioneer é uma das principais marcas japonesas no ramo de eletrônicos, reconhecida por seus produtos de áudio e vídeo, como autorrádios, fones de ouvido e equipamentos para DJs. Ao longo de sua trajetória, a empresa se destacou por suas inovações tecnológicas e pela qualidade de seus produtos. Contudo, nos últimos anos, enfrentou dificuldades financeiras e reestruturações, o que levou à decisão de encerrar suas atividades em Manaus.
Ao Em Tempo, o superintendente da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Bosco Saraiva, confirmou que a Suframa visitará a unidade da Pioneer e realizará uma reunião com a diretoria local.
“A Suframa visitará a empresa Pioneer na próxima semana, e só então se reunirá com a diretoria que atua em Manaus. Nesta oportunidade saberemos os detalhes do encerramento das atividades na ZFM. A informação que temos é a de que o encerramento das atividades se deu por decisão de investidores do Japão”, explicou Saraiva.
A fábrica da Pioneer foi inaugurada em Manaus em 2003 e se especializou na produção de equipamentos de áudio e vídeo, como autorrádios e aparelhos de DVD. Até outubro de 2024, a unidade empregava 208 funcionários e produzia cerca de 35 mil autorrádios por mês.
Durante uma visita às instalações, o gerente geral, Hélio Nonaka, ressaltou a importância da ZFM para a expansão da empresa no Brasil, destacando que a Pioneer investia entre R$ 5 milhões e R$ 7 milhões anualmente na modernização de seus processos.
Encerramento das atividades
Apesar dos investimentos, o Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal-AM), liderado pelo presidente Valdemir Santana, revelou que a Pioneer já demonstrava desde o ano passado a intenção de encerrar as atividades na cidade. Os motivos e os responsáveis pela decisão ainda não foram esclarecidos.
Santana criticou a falta de transparência da empresa e a ausência de respostas claras sobre o fechamento da unidade. Ele também questionou o fato de a empresa ter usufruído de incentivos fiscais, mas não oferecer explicações à comunidade de Manaus.
“Nós não vamos aceitar esse tipo de coisa errada, porque nós estamos aqui em Manaus, tem que ter uma pessoa que tenha poder de resolver o problema aqui. Eles ganham incentivo fiscal e agora vão deixar a ver navios? Não, não vão deixar, o sindicato não vai deixar”, afirmou Santana.
Santana explicou que, durante reunião com a empresa, foi informado de que a diretoria local da Pioneer não possui poder decisório sobre o fechamento da unidade, sendo a decisão de responsabilidade da sede da empresa em São Paulo.
O Sindmetal-AM está buscando apoio do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Suframa para discutir o futuro dos 149 trabalhadores afetados pelo fechamento e buscar alternativas para minimizar os impactos do encerramento das atividades.
Até o momento, o sindicato não recebeu uma explicação oficial sobre os motivos do fechamento da fábrica, o que aumenta as incertezas sobre o futuro dos trabalhadores.
“Embora a decisão ainda não tenha sido oficialmente confirmada pelos representantes da Pioneer, estamos atentos e buscando todas as opções possíveis para garantir os direitos dos trabalhadores”, declarou Santana. O sindicato segue em contato com os representantes legais da empresa para obter mais informações sobre a situação e os próximos passos.
Processo global da empresa
A economista Denise Kassama analisou o impacto do fechamento da fábrica da Pioneer em Manaus, destacando que a decisão está relacionada a um processo global da empresa, e não exclusivamente ao mercado local.
Segundo ela, o motivo do encerramento das atividades não está necessariamente ligado à operação da unidade em Manaus, mas sim a questões que envolvem o grupo como um todo.
“Geralmente, quando uma empresa anuncia o encerramento de suas atividades, o motivo não está aqui. E, sim, é uma questão mais ampla do grupo. No caso da Pioneer, ela vem de um processo a nível mundial que não se deu tão bem quanto outras. Desde o início dos anos 2000, ela não conseguiu emplacar aparelhos como televisão e TVs LCD”, afirmou Denise.
A economista explicou que a Pioneer focou intensamente no mercado de áudio, especialmente o automotivo, mas, ao longo dos anos, foi perdendo espaço no mercado. “Não emplacou nesse mercado, focou muito no mercado de áudio, principalmente o automotivo, e foi perdendo espaço. Até que, em 2019, ela se desligou da Bolsa de Valores de Tóquio”, acrescentou.
Segundo Denise Kassama, a situação da empresa pode ter um impacto ainda maior do que a demissão dos 149 funcionários diretamente afetados. “O mercado é competitivo, e a Pioneer acabou perdendo espaço porque se concentrou muito no mercado de áudio automotivo nos últimos anos”, afirmou.
Ela alertou para as possíveis consequências em cadeia que o fechamento pode gerar. “É ruim porque aumenta o desemprego e atrapalha as cadeias produtivas. A empresa que fornece, por exemplo, partes plásticas ou que faz injeção plástica para a Pioneer, vai perder um cliente. Isso pode também resultar em desemprego de pessoas envolvidas no fornecimento desses itens. Em escala, não são só os 149 empregos que acabam, mas vários ao longo da cadeia de fornecedores que a Pioneer desenvolveu ao longo dos anos em que esteve aqui.”
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É uma pena, eles tem produtos excelentes. Meu som Pioneer já tem mais de 5 anos nunca apresentou defeito. Triste saber que no brasil se importam com preço e não com qualidade. Por isso a Pioneer perdeu espaço
Uma pena, são produtos excelentes. A invasão de produtos chineses, com qualidade duvidosa, e preço menores, pode ter contribuído para a queda nas vendas. Tomara que consigam exportar , para o Brasil, com preços competitivos.
O sindicato não produz nada e trata como se fosse dono de tudo e quer ter poder de decisão sobre as empresas.