O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, em entrevista ao Em Tempo, destaca os desafios cruciais que a indústria local enfrentará em 2025, especialmente no fortalecimento da Zona Franca de Manaus (ZFM), na integração econômica regional e na inovação tecnológica.
Líder empresarial no setor metalúrgico, metalomecânico e de materiais elétricos de Manaus (SIMMMEM), ele também atua como conselheiro do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Em Tempo – Com a aprovação da Reforma Tributária, os desafios da ZFM terminaram?
Nelson Azevedo – De forma alguma. A ZFM continua sendo alvo de questionamentos e precisa de um trabalho constante de defesa e modernização. A luta agora é para garantir a competitividade do modelo e fortalecer a integração econômica regional.
ET – O que mais preocupa o setor industrial para 2025?
Nelson Azevedo – A insegurança jurídica e os impactos da regulamentação da Reforma Tributária. Precisamos garantir que a ZFM mantenha seus incentivos de forma clara e estável para atrair novos investimentos.
ET – Como podemos aumentar a participação de fornecedores locais na cadeia produtiva do PIM?
Nelson Azevedo – Hoje, o percentual dos insumos que vêm da Amazônia são irrisórios. Para mudar isso, precisamos de incentivos para fornecedores regionais, mais infraestrutura e políticas públicas que facilitem a produção e a logística local.
ET – Existe interesse da indústria em substituir fornecedores de fora por parceiros regionais?
Nelson Azevedo – Sim, desde que haja competitividade temos todo o interesse. O desafio é criar um ambiente onde os fornecedores locais possam oferecer preços e qualidade compatíveis com os de fora.
ET – A bioeconomia pode ajudar na diversificação econômica do Amazonas?
Nelson Azevedo – Com certeza. Precisamos agregar valor aos produtos da floresta e conectá-los à indústria. O desenvolvimento de bioinsumos, cosméticos, fármacos e novos materiais pode criar uma nova economia para a região, descentralizando a economia e respectivas cadeias produtivas.
ET – Qual o papel das entidades empresariais na diversificação da economia?
Nelson Azevedo – Elas precisam liderar a aproximação entre os setores produtivos e buscar parcerias estratégicas. A união entre indústria, comércio, agroindústria e setor tecnológico é fundamental.
ET – Como atrair mais investimentos para o Amazonas?
Nelson Azevedo – Além de incentivos fiscais, precisamos mostrar que o Amazonas tem potencial de crescimento, infraestrutura adequada e segurança jurídica para novos negócios.
ET – O Amazonas pode se tornar um polo de tecnologia e inovação?
Nelson Azevedo – Sim, mas isso exige mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Temos institutos de pesquisa, mas precisamos de mais conexão com o setor produtivo para transformar conhecimento em novos produtos e processos.
ET – Quais setores têm maior potencial de inovação na região?
Nelson Azevedo – Bioeconomia, energia renovável, eletromobilidade e a própria indústria eletrônica do PIM, que já produz tecnologia de ponta e pode expandir para novas áreas.
ET – O PIM pode contribuir para a transição energética do Brasil?
Nelson Azevedo – Já estamos contribuindo. Nossa matriz energética é limpa, e há investimentos em baterias, eletromobilidade e energia solar. Precisamos ampliar esse movimento e trazer mais empresas desse setor para a região.
ET – Como a indústria pode equilibrar crescimento econômico e sustentabilidade?
Nelson Azevedo – Com inovação e responsabilidade. A sustentabilidade precisa ser vista como um diferencial competitivo, e não como um custo. Tecnologias mais limpas e processos mais eficientes são o caminho.
ET – A logística ainda é um gargalo para o desenvolvimento do Amazonas?
Nelson Azevedo – Sem dúvida. A dependência do transporte fluvial e aéreo encarece produtos e reduz nossa competitividade. Precisamos de investimentos em infraestrutura logística para integrar melhor a região ao restante do país.
ET – Como melhorar o escoamento da produção regional?
Nelson Azevedo – Investindo em portos, aeroportos, hidrovias e, principalmente, em digitalização e rastreabilidade para otimizar cadeias produtivas e reduzir custos.
ET – O que podemos esperar do Amazonas nos próximos anos?
Nelson Azevedo – Oportunidades e desafios. Se conseguirmos fortalecer a ZFM, ampliar a integração regional e atrair novos investimentos, teremos um crescimento sustentável e geração de empregos.
ET – Qual a mensagem para empresários e investidores que olham para o Amazonas?
Nelson Azevedo – Invistam na região. O Amazonas tem uma economia vibrante, potencial de inovação e um modelo industrial consolidado. Oportunidades existem, e quem chegar agora poderá fazer parte da construção de um futuro sustentável e próspero.
(*) Colaboração: Juscelino Taketomi
Leia mais:
“Valorizar a floresta é chave para o desenvolvimento”, diz Nelson Azevedo
Para ficar por dentro de outras notícias e receber conteúdo exclusivo do portal EM TEMPO, acesse nosso canal no WhatsApp. Clique aqui e junte-se a nós! 🚀📱