A gestão pública na região Norte, a região que abrange a Amazônia Legal, enfrenta um paradoxo inaceitável: infraestrutura pública é marcada por obras frágeis e efêmeras. Esse desperdício crônico de recursos atinge desde comunidades isoladas até as grandes capitais, onde o crescimento urbano desordenado agrava o problema.
Obras paliativas
Nas periferias das capitais das cidades amazônicas, bairros inteiros surgem à margem de igarapés, devido às condições geográficas, porém sem planejamento ou infraestrutura adequada. A solução temporária adotada pelas prefeituras? Pontezinhas de madeira, construídas às pressas e destruídas na primeira cheia. No ano seguinte, repete-se o ciclo: mais verbas gastas para reconstruir o que mal sobreviveu 12 meses. É a política do “gasto fácil” substituindo o investimento inteligente.
Esse cenário se repete em outras obras urbanas: asfalto que vira lama na estação chuvosa, sistemas de drenagem que transbordam com meia hora de chuva, postos de saúde construídos em áreas alagáveis. Enquanto isso, os cofres públicos são drenados por contratos emergenciais e reformas sem fim.
Gestão
O problema não é apenas técnico, mas de gestão. Faltam projetos que considerem as peculiaridades da região – como os ciclos de cheias e vazantes – e que priorizem materiais e técnicas adequadas. Em vez de soluções paliativas, as prefeituras deveriam investir em pontes elevadas, aterros estruturados e urbanização planejada, reduzindo gastos recorrentes.
Além disso, é preciso combater as causas do problema: a ocupação irregular de áreas de risco persiste porque faltam políticas habitacionais eficientes. Enquanto não houver oferta de moradia digna em locais adequados, a população continuará ocupando margens de igarapés – e os poderes públicos continuarão desperdiçando milhões em obras inúteis.
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