Quantos ritmos fazem parte da floresta amazônica? “Para mais de 40”, afirma o DJ, produtor e pesquisador musical Zek Picoteiro. No dia 31 de março, ele lançou o projeto Afluentes, uma série de podcasts, vídeos e um site interativo que exploram a riqueza musical da região. O primeiro episódio foca no Beiradão, um dos gêneros mais populares do Amazonas.
A iniciativa tem apoio do Programa Funarte Retomada, com produção do Instituto Regatão Amazônia e realização da Fundação Nacional das Artes, Ministério da Cultura e Governo Federal.
Exploração sonora pelos rios amazônicos
Zek percorreu os rios Amazonas, Tapajós e Guamá para mapear os gêneros musicais que emergem das comunidades ribeirinhas. O objetivo é compreender como os amazônidas compõem, tocam, escutam e difundem sua música.
Entre viagens de barco, o pesquisador documentou manifestações como o Beiradão, o Carimbó, a Lambada, as toadas do Boi-Bumbá, o Marabaixo e o Tecnobrega. Esses ritmos são o foco da primeira temporada do podcast.
A série, composta por seis episódios, traz entrevistas e relatos de músicos e moradores locais. Além do podcast, o projeto inclui um site interativo com um mapa da bacia amazônica, artigos, diários de bordo, playlists e sets mixados.
Beiradão: o som das margens dos rios
O Beiradão mistura elementos de lambada, forró, teclado, guitarra e saxofone, criando um ritmo vibrante que percorre 17 mil quilômetros de rios. Inicialmente, o termo se referia ao local das festas, onde ribeirinhos se reuniam para dançar, jogar e celebrar a colheita de alimentos como mamão, açaí e mandioca.
Hadail Mesquita, um dos principais artistas do gênero, ressalta a importância do Beiradão na cultura amazonense. “Não é uma cultura sazonal, é o ano inteiro tocando essa música. Além das bandas e dos saxofones, há também a culinária, os festejos religiosos e o nosso linguajar, tudo isso culmina na música”, afirma o músico, criador do Portal Beiradão, canal do YouTube com mais de 10 milhões de visualizações.
A relação entre os rios e a música amazônica
Os rios não são apenas vias de transporte, mas também canais de expressão cultural. São eles que conectam comunidades e permitem a circulação da música e das tradições.
Para Zek, os gêneros musicais da Amazônia se assemelham a afluentes de um grande rio. “Cada estilo é como um braço, um furo, uma ilha… um afluente dessa ‘bacia hidromusical’ da Amazônia. Para entender essa conexão, eu decidi navegar e conversar com quem faz a nossa música acontecer”, explica.
O projeto Afluentes é resultado de uma década de pesquisa musical. Desde 2015, Zek acumulou um vasto acervo de arquivos digitais, discos de vinil e mídias piratas adquiridas em feiras de Belém. “A indústria fonográfica nunca conseguiu absorver nossa diversidade. Agora, eu reúno tudo o que ouvi, li e vivenciei para compartilhar com vocês”, conclui.
Leia mais:
#Toadas agita Mirante Lúcia Almeida neste sábado (5) com atrações do boi-bumbá
LS
Para ficar por dentro de outras notícias e receber conteúdo exclusivo do portal EM TEMPO, acesse nosso canal no WhatsApp. Clique aqui e junte-se a nós! 🚀📱