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Relações Exteriores

Brasil abre evento do Brics pedindo fim de guerras

Ministro das Relações Exteriores defende ação do Brics em crises como Ucrânia e Gaza e reforça pedido por reforma no Conselho de Segurança da ONU

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, cobrou nesta segunda-feira (28) a atuação diplomática dos países do Brics na busca por soluções para guerras e conflitos regionais. A declaração ocorreu durante a abertura do encontro de chanceleres do Brics, realizado no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro.

O grupo, que reúne 11 nações emergentes e em desenvolvimento, debate temas que serão levados à cúpula de chefes de Estado e governo nos dias 6 e 7 de julho, também no Rio.

Conflito na Ucrânia

Entre os presentes estava o chanceler russo Sergey Lavrov, representante de um dos países em conflito com a Ucrânia. Vieira evitou citar a Rússia nominalmente, mas destacou:

“O conflito na Ucrânia continua a causar pesado impacto humanitário, ressaltando a necessidade urgente de uma solução diplomática que defenda os princípios e os propósitos da Carta das Nações Unidas.”

O ministro lembrou a iniciativa do Brasil e da China, que organizaram em 2023, em Nova York, a criação do Grupo de Amigos da Paz, com países do Sul Global empenhados na busca de uma solução diplomática.

Defesa do multilateralismo

Vieira destacou o papel do Brics em meio a crises globais:

“Esta reunião acontece em um momento em que nosso papel como grupo é mais vital do que nunca. Enfrentamos crises globais e regionais convergentes, com emergências humanitárias, conflitos armados, instabilidade política e a erosão do multilateralismo.”

O chanceler defendeu que o Brics promova a paz e a estabilidade por meio do diálogo e da cooperação, afirmando que a paz “não pode ser imposta, e sim construída”, respeitando os interesses estratégicos de cada membro.

Sem citar diretamente os Estados Unidos, Vieira criticou políticas protecionistas e reforçou a defesa de um mundo multipolar.

Reforma da ONU

No exercício da presidência temporária do Brics, o Brasil leva a pauta de reforma do Conselho de Segurança da ONU. O objetivo é ampliar a representação para refletir as realidades geopolíticas atuais, superando o domínio dos cinco países com poder de veto (Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Rússia).

Faixa de Gaza e outros conflitos

Vieira também mencionou outros conflitos, com destaque para a crise em Gaza:

“A retomada dos bombardeios israelenses em Gaza e a obstrução contínua da ajuda humanitária são inaceitáveis. O colapso do cessar-fogo anunciado em 15 de janeiro é deplorável.”

O ministro defendeu a retirada total das forças israelenses de Gaza, a libertação de reféns e a criação de um Estado palestino, nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como capital.

Além disso, citou a situação crítica no Haiti, no Sudão, na região dos Grandes Lagos e no Chifre da África, defendendo acesso humanitário incondicional e imparcial:

“O sofrimento humano jamais deve ser instrumentalizado.”

Brics: o grupo e seus objetivos

Criado em 2006, o Brics reúne Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. Representa 39% da economia mundial e 48,5% da população do planeta.

A presidência brasileira em 2024 prioriza a cooperação do Sul Global e o desenvolvimento social, econômico e ambiental. Durante o encontro, os chanceleres discutem ainda temas como pobreza, mudanças climáticas e parcerias estratégicas.

“Devemos liderar pelo exemplo, reafirmando nossa crença em um mundo multipolar onde a segurança não é privilégio de poucos, mas um direito de todos”, concluiu Mauro Vieira.

Leia mais: Cúpula de chefes de Estado do Brics ocorrerá em julho no Rio de Janeiro

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