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Vacinas salvam vidas

Infectologista explica o que é meningite e a importância das vacinas na prevenção à doença

Surtos em vários estados acendem sinal vermelho para o Amazonas, cuja cobertura vacinal está em queda há 4 anos

Considerada endêmica no Brasil, a meningite é uma doença grave, que pode afetar pessoas de todas as idades em diferentes épocas do ano. A prevenção é feita por meio de vacinas, disponíveis tanto na rede pública quanto privada, e com alto grau de eficiência. Mesmo assim, há 4 anos, a cobertura vem caindo a índices preocupantes, o que pode estar contribuindo para os surtos registrados em vários estados do país nos últimos meses.

Em 2022, o percentual de brasileiros vacinados está em apenas 47,12%, segundo o apurado até a primeira semana de outubro no site do Ministério da Saúde (tabela Excel em anexo). A queda é acentuada se comparada ao índice de 2019, 87,41%. Neste contexto, o sinal vermelho também está aceso para o Amazonas, onde a vacinação contra meningite este ano alcança pouco mais da metade do público-alvo, 52,08%. Em 2021, o percentual foi de 70,22%; em 2020, de 76,32%, e em 2019, de 89,23%. Por aqui, a preocupação é com a chegada da estação chuvosa, em dezembro, quando aumenta a incidência de doenças transmitidas por vias respiratórias, como a meningite.

O infectologista Marcelo Cordeiro, consultor médico do Sabin Medicina Diagnóstica em Manaus, explica que o termo genérico ‘meningite’ se refere à inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central. “Existem várias causas de meningite, incluindo vírus, fungos e bactérias. Mas em termos de saúde pública, a mais importante é a causada pela bactéria Neisseria meningitidis (conhecida como meningococo), por sua capacidade de causar surtos”, alerta o especialista.

A transmissão da doença pode ocorrer de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta. Mas também é possível ser ocasionada pela ingestão de água e alimentos contaminados ou contato com fezes, a depender do agente causador.

Segundo a biblioteca virtual do Ministério da Saúde, “as meningites provocadas por vírus costumam ser mais leves e os sintomas se parecem com os das gripes e resfriados”. Já as bacterianas costumam causar “febre alta, mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo”. 

Dados do Ministério da Saúde também apontam que, entre 2007 e 2020, dos 265.644 casos de meningites confirmados no Brasil (em várias etiologias), 121.955 eram virais e 87.993 bacterianos. Neste ano, a doença já matou 702 brasileiros, uma média de 78 óbitos por mês, contra 66 de média mensal de 2021, quando 793 óbitos foram registrados.

O diagnóstico da meningite é confirmado a partir da coleta de amostras de sangue e líquido cefalorraquidiano (líquor), analisadas em laboratório. A identificação específica do agente é importante para que o médico saiba como conduzir, exatamente, o tratamento da infecção.

Autoridades em saúde destacam que a meningite meningocócica (causada pela bactéria Neisseria meningitidis) é a de maior potencial para gravidade, podendo deixar sequelas como perda de visão e audição, epilepsia, paralisia cerebral e até mesmo levar a pessoa infectada à morte. Outros agentes causadores de meningites bacterianas são o Streptococcus Pneumoniae (pneumococo) e o Haemophilus Influenzae. Existem sorogrupos (tipos) diferentes de meningococo, sendo os principais responsáveis pela doença: A, B, C, W e Y.

Prevenção

“As vacinas são a forma mais eficiente de prevenção às meningites. Elas são aplicadas de acordo com a faixa etária e o tipo de patógeno causador, tanto na rede pública como privada, sendo que, nesta última, o alcance é mais abrangente, envolvendo alguns grupos não cobertos pelo sistema público”, destaca o infectologista Marcelo Cordeiro.

Na rede pública, a vacina meningocócica C, por exemplo, está disponível somente para bebês, com doses aos 3 meses (1ª), 5 meses (2ª) e 12 meses (reforço), e crianças de 10 anos que nunca tenham recebido a vacina antes. Já a ACWY é destinada apenas a adolescentes de 11 e 12 anos, sendo que, recentemente, o Ministério da Saúde ampliou o alcance para até 14 anos, mas apenas até junho de 2023.

Na rede privada, entretanto, o imunizante ACWY, que protege contra todos os sorogrupos causadores de meningite, está disponível tanto para crianças, quanto adolescentes e adultos, sem a necessidade de indicação médica.

Outra opção, exclusiva da rede privada, é a vacina meningocócica B, que protege contra o meningococo B. Ela também está disponível para crianças a partir de 2 meses, adolescentes de todas as idades, além de adultos até 50 anos, dependendo do risco epidemiológico. “Acima dessa idade, é necessária uma indicação médica para a imunização, pois vai depender do tipo de risco, como é o caso de viagens para locais onde esteja ocorrendo algum tipo de surto”, explica a enfermeira Gueine Araújo, responsável pelo serviço de vacinas do Sabin em Manaus.  

*Com informações da assessoria

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