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LGBTQIA+

Dos subúrbios de Nova Iorque às ruas de Manaus: Conheça a cena ballroom, por voguers manauaras

O Em Tempo conversou com nomes da modalidade de dança, que falam sobre a história e o legado do voguing na capital amazonense

Magic Maverick Zion, mãe da casa Maverick. Foto: Divulgação

Manaus (AM) – O voguing tem as suas origens nas ballrooms de Nova Iorque dos anos 80. Com seus catwalks, dips, duckwalks, dentre vários outros movimentos, se consolidou como dança e performance voltado para comunidades LGBTQIA+ do mundo inteiro. No Amazonas, a cena vem ganhando destaque e o estilo se profissionalizando principalmente em Manaus.

Com sua dança caracterizada pelas poses típicas de modelos que são incorporadas na performance, a dançarina Simas Zion, conhecida na cena como Magic Maverick Zion, explica que o nome “vogue” se refere à revista de moda Vogue, e ganhou fama ao redor do mundo quando a cantora Madonna lançou uma música de mesmo nome em 1990

“Vogue se popularizou na década de 80 em Nova York. Mas ele apareceu nas balls (bailes) bem antes disso. Originalmente chamado apenas de ‘Performance’, uma gata chegou e começou a imitar as poses de uma revista enquanto folheava, e quando apresentou a capa, revelou ser a revista vogue”,

comenta em entrevista ao Em Tempo.

Marcelo Hawker, dançarino, ator, e nomeado na cena como Imperador Blue Maverick, contextualiza que as balls, ou “bailes”, citadas por Zion, possuíam disputas de categorias. “Face” (rosto), “Executive Realness” (realeza executiva), ou “Haute Couture Eleganza”, com releituras de roupas da alta moda. Junto a essas competições, haviam coreografias elaboradas de voguing.

“Com o tempo, o voguing teve suas evoluções, e passou a ter como referências de movimentações a anatomia e trajeitos das mulheres trans negras e latinas da comunidade ballroom”,

explica.

De Nova Iorque para Manaus

Imperador Blue Maverick destaca-se na cena amazonense Foto: Divulgação

Na cena manauara, Blue conta que a cena surgiu em 2019, em reuniões de praças. “Houve uma necessidade de criar um espaço para pessoas que são marginalizadas terem a oportunidade de mostrar suas potencialidades e habilidades através das categorias nas balls, e além disso, criar uma rede de apoio para essas pessoas se sentirem acolhidas e respeitadas”, relatou.

Magic também explicou que este espaço foi criado, tendo a si própria como pioneira, para servir de acolhimento para sua comunidade.

“Vários jovens se encontraram com o voguing e a cena Ballroom. Jovens LGBTQIA+ que com o voguing se sentiram mais fortes e existentes. A cena Ballroom me representa pelo simples fato de me mostrar que não estou sozinha. De que tem irmãs e irmãos e irmanes ao meu lado. E que eu faço parte de algo”,

destaca.

A Primeira Ball do Ano

“A Primeira Ball do Ano” ocorre neste sábado (28), a partir das 19h, com suas cores em preto e dourado. Os membros da casa Maverick contam mais sobre o evento.

“Essa ball vai abrir a temporada de ações e movimentações da cena em 2023, é celebração e o início de muito trabalho e fomentos a serem feitos. Na sociedade atual, e antigamente quando a ballroom surgiu, muita coisa ainda precisa ser feita em relação a oportunidades e dignidade para essas pessoas”,

disse Blue.

“A gente existe nos bailes, é uma noite para além de mostrar nossas habilidades e competir. É uma noite onde a gente pode se encontrar, reencontrar, aprender, poder conviver juntes e estarmos vivas”, finalizou Zion.

Evento abre temporada artística em Manaus Foto: Divulgação

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