O presidente Lula (PT) disse nesta segunda-feira (20) em reunião ministerial que a campanha eleitoral de 2026 já começou e que não quer entregar o país “de volta ao neonazismo”, em referência à gestão do seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).
“Dois mil e vinte e seis já começou. Se não por nós, porque temos que trabalhar, capinar, temos que tirar todos os carrapichos, mas pelos adversários, a eleição do ano que vem já começou. Só ver o que vocês assistem na internet para ver que já estão em campanha. A antecipação de campanha para nós é trabalhar, trabalhar, trabalhar e entregar o que o povo precisa”, disse.
“Precisamos dizer em alto e bom som, queremos eleger governo para continuar processo democrático do pais, não queremos entregar esse país de volta ao neofascismo, neonazismo, autoritarismo. Queremos entregar com muita educação”, afirmou ainda, sob aplausos dos presentes.
A declaração de Lula sobre a oposição já ter começado a campanha de 2026 foi dada durante abertura da reunião ministerial, na Granja do Torto. Este foi o primeiro encontro do ano com o primeiro escalão, e durou cerca de sete horas.
Lula fez questão de dizer que estava bem e, inclusive, sem chapéu. Esta foi a primeira aparição dele sem o acessório desde que operou o crânio em dezembro.
“Estou totalmente recuperado, estão percebendo que nem chapéu estou usando para mostrar que meu cabelo vai ficar maior do que o do [Geraldo] Alckmin e do [Ricardo] Lewandowski”, brincou.
“Tenho uma causa, não permitir, em hipótese alguma, que esse país volte ao horror do que foi o mandato do nosso antecessor, para que a gente garanta que democracia vai prevalecer neste país”, completou, sem mencionar o nome de Bolsonaro.
A reunião começou pela manhã e deve durar o dia todo. Além de ministros, há também líderes do governo no Congresso.
Lula deu bronca, de forma indireta, em seu ministro Fernando Haddad (Fazenda), por causa da mais recente crise do Pix. Ele sinalizou ainda que quer aumentar o controle sobre atos dos ministérios.
Nas primeiras semanas do ano, o governo sofreu derrota para a oposição em torno de uma norma da Receita Federal que ampliaria a fiscalização sobre transações de pessoas físicas por meio desse tipo de transferência que somassem ao menos R$ 5.000 por mês.
Lula decidiu recuar da medida, após ataques da oposição e uma onda de desinformações, que levaram à queda no volume de transações desse tipo feitas na semana passada.
Nas redes sociais, viralizaram vídeos de parlamentares de direita, notadamente o de Nikolas Ferreira (PL-MG), em que ataca o governo e a medida.
Em outro momento de sua fala, Lula citou os partidos que integram seu governo e afirmou que é preciso entender se essas legendas apoiarão a continuação da gestão no processo eleitoral de 2026.
Hoje, integram a base do governo do petista partidos que ensaiam lançar uma candidatura própria à Presidência, como União Brasil e PSD —cada um com três ministérios na Esplanada. Além disso, uma ala do MDB pleiteia a vice da chapa de Lula.
“Temos vários partidos políticos, eu quero que esses partidos continuem junto, mas estamos chegando no processo eleitoral e a gente não sabe se os partidos que vocês representam querem continuar trabalhando conosco ou não. E essa é uma tarefa também de vocês no ano de 2025”, afirmou.
Lula também disse que deverá ter conversas individuais com os ministros de seu governo, num momento de expectativa de reforma na Esplanada. Ele agradeceu a relação de confiança com os aliados e afirmou que, daqui para frente, “vai ter muito mais trabalho”.
O presidente admitiu ainda que seu governo não cumpriu todas as promessas de 2022. Lula chegou à metade do mandato concluindo 28% das 103 promessas feitas na campanha eleitoral. Em 2023, este número era de 20%.
“Posso dizer para vocês que a entrega que fizemos para o povo ainda não foi a que nos comprometemos em 2022, porque muitas das coisas que plantamos ainda não brotou. (…) Nem tudo que foi anunciado já deu frutos, é preciso que a gente saiba que 2025 é o ano da grande colheita de tudo o que a gente prometeu ao povo brasileiro. E não podemos falhar. Não podemos errar”, afirmou.
O presidente quer passar a mensagem de que o governo chegou na sua reta final, será preciso acelerar as medidas e, sobretudo, dar visibilidade de forma alinhada com a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência). A mais recente crise do Pix reforçou no Planalto a ideia de que é preciso um discurso mais unificado na Esplanada.
Ao final do encontro, o ministro Rui Costa (Casa Civil) disse que é preciso ter maior “centralidade” nas ações do governo, fazer um plano de comunicação. Ele negou ainda que tenha sido discutida uma reforma ministerial o encontro, e disse que o presidente continua refletindo sobre o tema.
“Presidente não tomou qualquer decisão sobre isso. Esse assunto não foi pauta evidente na reunião. Ele continua refletindo, pode trocar ministro a qualquer momento. Não tem prazo iniciar nem para terminar”, afirmou a jornalistas.
Rui havia dito no início do mês que Lula poderia decidir sobre as trocas até a véspera da reunião, o que não ocorreu.
Um dos seus primeiros atos do novo ministro da Secom, Sidônio Palmeira, à frente da pasta foi encomendar uma campanha com foco em autônomos e empreendedores, após diagnosticar grande desgaste com esse público. Na avaliação de aliados do presidente, o diálogo com o segmento já era difícil e piorou ainda mais com a disseminação de fake news sobre a taxação do Pix.
Além de Lula e Sidônio, todos os ministros vão apresentar, brevemente, um balanço de suas pastas e uma projeção para 2025.
*Com informações da Folha de S.Paulo
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