As Forças de Segurança do Amazonas se reuniram nesta quarta-feira (29) para alinhar ações estratégicas de combate aos estacionamentos irregulares e cobranças indevidas em áreas públicas de Manaus.
A fiscalização será reforçada em locais de grande movimento, como a Arena da Amazônia, Arena Amadeu Teixeira, Ponta Negra e Centro de Manaus, regiões em que a atuação de “flanelinhas” tem gerado preocupação.
De acordo com o secretário de Segurança do Amazonas, Marcus Vinícius Almeida, foi identificada uma quadrilha que cobra valores abusivos de motoristas, especialmente nas imediações da Arena da Amazônia durante eventos esportivos.
Motoristas vítimas de extorsão podem denunciar a prática e registrar um Boletim de Ocorrência. A polícia já iniciou investigações para coibir as cobranças ilegais e garantir maior segurança nesses pontos.
A fiscalização será intensificada nos próximos dias, com agentes de segurança garantindo o cumprimento da lei e a proteção dos cidadãos nos locais mais afetados.
A cobrança realizada por “flanelinhas” para motoristas estacionarem em espaços públicos de Manaus é uma questão que vem sendo discutida há anos. A situação voltou a ganhar destaque, especialmente nas proximidades da Arena da Amazônia, Ponta Negra e no Centro da cidade, onde a atuação desses “trabalhadores informais” é frequentemente associada a práticas de extorsão.
Cobranças e medo
A administradora Carla Tello revelou ao Em Tempo, que costuma encontrar os flanelinhas próximos aos locais de grande movimentação da capital, e que a cobrança, muitas vezes, assusta quem busca se divertir durante a noite manauara.
“Em dias de evento, eles cobram R$ 30 nos arredores do Sambódromo, já no Centro e Ponta Negra, é R$ 20. [Eles] sempre pedem pagamento antecipado, com a desculpa que pode acontecer alguma coisa com o carro se não ficar alguém reparando”, contou.
Muitas vezes, a família manauara precisou abrir o bolso e pagar o valor solicitado por medo de que alguém prejudique o veículo.
“Se não pagar, pode acontecer algo com o carro. Tenho medo de deixarem um prejuízo maior. Eles pedem pagamento antecipado e quando vamos retirar o carro, eles já não estão mais lá”, disse a administradora.
A estudante de Odontologia, Bárbara Barbosa, também já passou pela mesma situação nas proximidades da Arena da Amazônia.
“O valor mais alto que já tive que pagar foi R$25, estava tendo um evento na Arena da Amazônia e para tentar estacionar pelo lado de fora, o mínimo era esse valor. Sempre em eventos, os flanelinhas cobram antes o valor integral e quando retornamos não tem ninguém observando os carros”, afirmou.
Bárbara relata o sentimento de impotência diante desses casos, uma vez que a prática se tornou rotineira, mesmo que nem todos os flanelinhas estejam envolvidos no comportamento de extorsão.
“Claro que sinto medo, às vezes, se não pagamos eles riscam o carro, furam os pneus. É uma situação bem difícil”, relatou Bárbara.
Já o professor de Ciências, Douglas Guedes, disse que, apesar da prática, não sente medo de ser intimidado da ação dos flanelinhas.
“Já passei [pela situação], tendo que pagar R$ 20 para parar a moto perto do Sambódromo. Não sofri ameaça, não tenho medo de negar”
Máfia dos flanelinhas
A atuação da “máfia dos flanelinhas”, que estaria forçando motoristas a pagar por estacionamento em locais públicos como a Arena da Amazônia, a Ponta Negra e o Centro, foi tema de encontro entre o vereador Rodrigo Guedes e o secretário de Segurança Pública, Vinicius Almeida, no último dia 17.
Guedes destacou que essa cobrança não pode ser tratada como uma simples prática informal, mas como um crime de extorsão.
“Aqui não estamos falando de pessoas simples que pedem contribuições espontâneas por cuidar dos carros. Estamos lidando com uma máfia que obriga motoristas a pagar até R$ 100 antecipadamente, sob pena de retaliações. Isso é crime de extorsão e precisa ser tratado com a devida seriedade”, afirmou o vereador. Ele relembrou que já havia solicitado providências sobre o problema em abril de 2024, após a realização de um show na Arena da Amazônia.
O vereador fez questão de esclarecer que a questão dos flanelinhas vai além de trabalhadores informais tentando garantir o sustento.
“Não se tratam daquelas pessoas simples, humildes, que não têm renda, que muitas vezes não têm nem o que comer e pedem ali R$ 1, R$ 2, R$ 3, R$ 5 para vigiar o seu carro. Aqui é uma máfia, uma organização criminosa que atua com gente grande e forte por trás”, afirmou.
A situação acabou registrada em um ofício enviado à Secretaria de Segurança Pública (SSP), destacando que o aumento das denúncias de extorsão, ameaças e constrangimentos nos locais de estacionamento públicos tem se tornado recorrente.
Segundo o ofício, transeuntes relatam frequentemente abordagens abusivas por parte dos flanelinhas, que exigem dinheiro para vigiar veículos estacionados em vias públicas, uma atividade que pode ser considerada ilegal ou criminosa.
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