Anunciar a defesa do lar que Deus criou para toda a humanidade e a promoção da Vida em todas as suas dimensões, sobretudo quando é ameaçada pelos impactos causados por um equivocado conceito de progresso que confunde desenvolvimento com crescimento meramente econômico, multiplicação de riqueza material, incremento do PIB, expansão do agronegócio, aumento de produção de biocombustíveis, deixando de promover a justiça e o bem-estar de todos e para todos (cf. Igreja Católica da Amazônia, Carta do I Encontro, 2013).
A crise ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior, lembra Papa Francisco. Alguns cristãos, até comprometidos e piedosos, com o pretexto do realismo pragmático frequentemente se desviam das preocupações pelo meio ambiente. Outros são passivos, não se decidem a mudar os seus hábitos e tornam-se incoerentes. Falta umaconversão ecológica, que comporta deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus. Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência segundo o Evangelho (LS, 217).
Conversão ecológica que possibilite uma ecologia integral, desperta para a grandeza de que a terra nos foi dada. Esse horizonte possibilita uma outra hermenêutica da narração do Génesis, que convida a “dominar” a terra (cf.Gn1,28), e por isso, favoreceria a exploração selvagem da natureza, apresentando uma imagem do ser humano como dominador e devastador. É importante ler os textos bíblicos no seu contexto, com uma justa hermenêutica, e lembrar que somos convidados a “cultivar e guardar” o jardim do mundo (cf.Gn2,15). Cultivar quer dizer lavrar ou trabalhar um terreno, guardar significa proteger, cuidar, preservar, velar. Essa compreensão abre a uma conversão de relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza (LS, nº 67).
As relações com o meio ambiente exigem a conversão comunitária, social. As exigências desta obra são tão grandes, que as possibilidades das iniciativas individuais e a cooperação dos particulares, formados de maneira individualista, não são capazes de dar uma resposta adequada. É necessária uma união de forças e uma unidade de contribuições. A conversão ecológica que requer um dinamismo de mudança duradoura, é também uma conversão comunitária (cf. Romano Guardini, O fim do tempo).
Não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise sócio-ambiental. As buscas de solução requerem uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza. Não se pode identificar os problemas ambientais e identificar os problemas sociais se não nos damos conta das implicações da casa de todos (LS, 139).
A Campanha da Fraternidade deste ano, deseja promover uma conversão integral, uma mudança de atitudes e convicções. Mudar a forma de nos relacionarmos com a Terra e com os seres vivos que a habitam.

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