A taxa de desmatamento na Amazônia Legal atingiu o terceiro menor patamar da série histórica (desde 1988), com 5.796 km². O número representa uma redução de 11% em relação ao ciclo anterior e traz um cenário semelhante ao registrado há dez anos.
No Cerrado, a devastação somou 7.235 km², o menor valor em cinco anos — 11,5% a menos que o período anterior, marcando o segundo ano consecutivo de queda.
Os dados são do sistema Prodes, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), referentes ao período de 1º de agosto de 2024 a 31 de julho de 2025, ano-base para medir a degradação florestal no Brasil.
Na Amazônia, a taxa fica atrás apenas dos ciclos entre 2011 e 2012 (4,6 mil km²) e 2013 e 2014 (5 mil km²).
O resultado é considerado um trunfo do governo Lula (PT) em sua preparação para a COP30, conferência do clima da ONU (Organização das Nações Unidas). A redução do desmatamento na Amazônia é uma das principais bandeiras do Brasil no cenário internacional.
A degradação florestal segue como o principal vetor de emissões de CO₂ no país, e o Brasil mantém o compromisso de zerar a taxa nas próximas décadas.
A COP30 acontecerá em Belém (PA) — primeira vez que o principal evento climático do mundo será realizado no coração da Amazônia, bioma essencial para o equilíbrio ambiental global.
Fundo de Florestas Tropicais ganha relevância
A nova taxa de desmatamento também fortalece o discurso do Brasil em defesa do Fundo de Florestas Tropicais (TFFF), mecanismo criado pelos ministérios da Fazenda e do Meio Ambiente.
O fundo prevê remuneração a países que reduzirem a degradação de florestas tropicais, sendo uma das principais apostas brasileiras para a COP30.
Até o momento, o governo Lula é o único a prometer aporte financeiro — de US$ 1 bilhão —, mas há expectativa de que outras nações anunciem investimentos durante a conferência.
Queda mantém tendência e reflete retomada de políticas ambientais
Segundo o Prodes, esta é a quarta redução consecutiva no desmatamento da Amazônia. Os dados são considerados oficiais para o país.
Durante o ano, o Inpe divulga estimativas mensais pelo sistema Deter, que mede alertas preliminares de destruição.
A taxa de degradação florestal aumentou fortemente durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), impulsionada por queimadas e atividades ilegais, como garimpo e extração de madeira.
A queda começou em 2022 e se intensificou nos anos seguintes. Membros do governo atribuem a melhora à retomada das políticas de proteção florestal conduzidas pela ministra Marina Silva, estratégia semelhante à adotada em sua primeira gestão no Ministério do Meio Ambiente (2003–2008).
Na época, ela criou o PPCDAm (Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia), responsável por reduzir o desmatamento de 27,8 mil km² em 2004 para 4,6 mil km² em 2012.
Especialista alerta para papel do setor privado
Daniel Silva, especialista em conservação do WWF-Brasil, destaca que a continuidade da queda depende também da mobilização do setor privado.
“As empresas precisam ir além dos compromissos no papel e realmente eliminar o desmatamento de suas cadeias produtivas. Sem isso, os ganhos obtidos até agora podem se perder. Estamos em um momento crítico para a sustentabilidade no Brasil: a moratória da soja, exemplo emblemático de compromisso multisetorial que funciona e marco de credibilidade para o agronegócio brasileiro, pode acabar”, afirma.
(*) Com informações da Folha de S.Paulo
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