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ROCK IN RIO 2022

Artistas do AM contam sobre experiências no Rock In Rio

Artistas que representaram o Norte no festival contam detalhes sobre como receberam o convite para o evento e as experiências

Arte: Ítalo Euclides

Manaus (AM)- O Rock In Rio é sem dúvida, um dos maiores eventos de música do mundo. Cantar ou tocar em um dos palcos é a realização de um sonho para artistas de todo o Brasil. Em entrevista ao EM TEMPO, dois artistas que representaram a região Norte no festival contam detalhes sobre como receberam o convite para se apresentar no evento e a experiência.  

O Rock in Rio 2022 teve início no dia 2 de setembro, e a programação seguiu pelos dias 3, 4, 8, 9, 10 e 11 de setembro, na Cidade do Rock, no Parque Olímpico, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

O palco “Nave” teve o objetivo principal de proporcionar uma experiência imersiva agregando arte, música, vídeo e performance característicos da cultura do Norte durante o festival.

O local recebeu atrações vindas do Pará, como Fafá de Belém, Mestre Solano, Aíla, Guitarrada das Manas, dentre outros. Artistas do Maranhão e outros Estados da Amazônia também fizeram parte do time, como o Amazonas, que foi representado no dia 3 de setembro pelo rapper, beatmaker e produtor musical Victor Xamã.

Em sua estreia no festival como artista e também como espectador, Xamã não poupa palavras para descrever essa experiência. Natural de Manaus, o artista teve seu primeiro contato com o rap ainda na adolescência e desde 2012 se faz presente na cena por meio de produções independentes.

Rapper Victor Xamã – Foto: Eduardo Damatta

A sensação de dever cumprido foi a que preencheu o rapper no momento em que recebeu a confirmação de que se apresentaria no Rock In Rio. Após dois anos morando em São Paulo, o manauara ressalta que sempre se imaginou em grandes palcos.

“A experiência de estar em um festival grande foi incrível. Eu sempre tive em mente que não preciso me diminuir para caber em espaços que não conversam com a minha essência. Sempre me imaginei tocando nesses grandes festivais e eu quero mais, sempre com pé no chão, com muita perseverança, mas a gente merece mais e eu mereço mais”, introduziu.

Para o artista, a presença de personalidades nortistas em grandes festivais é de suma importância por destacar a potência da arte do Norte. Ex-integrante do grupo de rap manauara, QUA$IMORTO, seu primeiro trabalho autoral, o disco “Janela”, foi lançado em 2015, gerando reconhecimento nacional e também mais algumas estreias.

Apelidado como o “Tim Maia do rap”, o artista começou na música como uma forma que expressar seus sentimentos, por ser introspectivo e ter problema de disfluência na fala, e hoje é considerado uma figura em ascensão na cultura hip-hop da região Norte. Xamã ressalta a música como a principal chave da sua vida.

“Eu sou gago. A música teve um papel fundamental na minha vida de comunicação. Para eu realmente conseguir me comunicar e ter autoestima. A música comunica com o nosso interno e no nosso entorno. É onde mais a beleza da música”, destacou.

“Janela” (2015) e “VE,CG” (2017) foram seus primeiros álbuns autorais, que precederam os EPs “Cobra Coral” (2020) e o mais recente “Calor”. Ainda nesse ano, o rapper vai lançar o álbum que leva o seu sobrenome “Garcia”

“Sempre me identifiquei muito com o rap porque o nome já diz que é ‘Rhythm and Poetry’, que é ritmo e poesia e com a poesia afiada, política, às vezes algo um pouco mais contemplativo. O próximo álbum conversa um pouco sobre a minha história de vida, sobre o pioneirismo de estar abrindo portas levando essa bandeira que é a região norte”, complementou.

Sobre o cenário do rap na capital amazonense, o rapper o classifica como “efervescente”, por estar levando apresentando novos artistas que representam no Amazonas tanto no Estado, quanto a nível nacional.

“Quando a gente trata de economia criativa, arte, artistas, audiovisual acho que a gente está em um período mais efervescente da cena, de muita gente aparecendo, fazendo um trabalho que está sendo reconhecido fora de Manaus e com uma potência muito forte. Vai servir de inspiração para novos artistas e da gente conseguir reconfigurar esse cenário que tem um aspecto velho”, concluiu.

Do #SouManaus para o Rock In Rio

A DJ e rapper amazonense Rafa Militão, de 30 anos, também foi uma das atrações convidadas para se apresentar no Rock in Rio. A performance da artista aconteceu no domingo (4) em um espaço VIP da Warner Music, um dos maiores selos da indústria do entretenimento.

A artista se apresenta novamente neste domingo (11) no espaço, que é totalmente destinado para artistas e representantes da produtora musical.

No sábado (3), um dia antes da primeira apresentação de Rafa no RiR 2022, a amazonense subiu ao palco “Caboquinho”, no maior festival de artes integradas do Norte, o #SouManaus Passo a Paço 2022, realizado anualmente no centro histórico de Manaus.

Criada na Zona Sul de Manaus, Rafa faz questão de levar o nome do bairro em que nasceu, Betânia, para todos os lugares por meio de suas representações artísticas. Tendo como meta principal estar no line-up do festival local, a artista revela que quando recebeu o convite para o Rock In Rio ficou em estado de choque.

Atualmente, Militão integra a aceleradora Atabaque e o selo Batalha do Real, ambas na capital carioca. De acordo com a artista, o anúncio da apresentação veio do criador da Batalha do Real, Aori Sauthon, que é o selo em que faz parte. Sem poupar palavras, descreve como foi o momento em que a sua participação no festival foi anunciada.

“Nem acreditei quando recebi o convite. Eu li aquilo e falei: ‘não acredito que isso vai acontecer. Não vou nem ficar muito feliz porque essas coisas não acontecem comigo. Não vou criar expectativa’. Foi um choque. Pulei muito de felicidade quando confirmou. Estava em São Paulo quando eu recebi a confirmação”, ressaltou.

A rapper e DJ ressaltou ainda a importância da sua presença em grandes festivais, enquanto artista independente e mulher preta. A artista destaca que estar nessa vida artística não é algo fácil como parece ser.

“Comemorei muito e chorei demais também porque eu estou nesse ‘corre’ frenético de segunda a segunda e várias vezes pensando em desistir. Ser artista independente não é fácil e ver florescer os frutos e que valeu a pena não ter desistido, é grande demais para mim. Representa não só eu, mas várias outras minas pretas”, pontuou.

“As pessoas não estão acostumadas a ver pessoas do Norte nesses lugares”, disse a artista ao pontuar que estar nesses lugares é uma oportunidade de abrir portas para outros artistas manauaras.  

“É a minha primeira vez no Rock In Rio e já comecei tocando no espaço de uma das maiores mídias do mundo. É muito importante para tentar abrir ainda mais espaço. Vamos até aonde a gente consegue para abrir espaço e sempre reforçar que eu sou de Manaus. Sempre faço questão de bater na tecla que sou de Manaus”, disse.

Ao ser perguntada sobre o que diria para a Rafa de 10 anos atrás, a rapper ressalta que não desistir seria o principal tema dessa conversa.

“Com certeza eu diria: ‘Minha parceira, não desista não que a parada acontece mesmo. Você vai fazer rap sim!’”, comentou.

Sobre os próximos planos na música, a rapper e DJ ressalta que os fãs podem esperar projetos para as duas vertentes até o final do ano.

“Como rapper, eu tenho mais um lançamento previsto para outubro desse ano, que é a música ‘Tu Não Vai Atrasar Meu Corre’. Também vem surpresa para o final do ano, pode ser que tenha uma mixtape, mas não vou dar tanto spoiler”, pontuou.

Outros artistas do AM no Rock in Rio 2022

Trazendo o conceito de “Fábrica dos Sonhos”, o palco Supernova, forma um line-up com artistas nacionais em ascensão e também atrações já consolidadas. Dentre as novas apostas do pop nacional, estão dois amazonenses que sobem aos palcos e prometem revolucionar o cenário musical.

O cantor, compositor e produtor musical amazonense Geovanne Aranha, de 24 anos, conhecido como Number Teddie, dividiu o palco Supernova nessa sexta (9) com atrações como Supercombo, Scatolove, Jovem Dionísio, Priscilla Alcântara e outros. 

A sensação de “frio na barriga” e “borboletas no estômago” por se apresentar pela primeira vez no palco do Rock In Rio também é sentida pelo músico e produtor musical Felipe de Mello, mais conhecido como Fepa. Guitarrista da banda O Grilo, o manauara de 24 anos descreveu a ideia de tocar no Rock In Rio como algo “bizarro” e destaca ainda estar em êxtase desde quando recebeu a notícia de que se apresentaria no dia 8 de setembro palco Supernova.

Edição e pauta: Bruna Oliveira

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