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BR-319

Ponte na BR-319 desaba e população denuncia falta de infraestrutura

O Em Tempo entrou em contato com pessoas que vivem e dependem da BR-319, as quais apontaram falta de manutenção

Reprodução

Manaus (AM) – Desabamento, acidentes fatais, veículos atolados na lama e prejuízos para motoristas, são alguns dos problemas causados pelo atraso da construção da BR-319 que liga o estado do Amazonas ao estado de Rondônia (RO). Desde a sua primeira interdição,  planos de estruturação para reativação dela são rejeitados, devido aos impactos ambientais que trazem ao meio ambiente, como defendem ambientalistas e cientistas. Tal posicionamento impede o avanço das obras na rodovia transamazônica.

O Em Tempo entrou em contato com pessoas que vivem e dependem da BR-319, as quais apontaram falta de manutenção, que deixam as vias que ligam a capital manauara a Porto Velho (RR), intrafegáveis. 

Promessa não cumprida

A BR-319 é uma das principais justificativas para figuras locais e presidenciáveis ganharem a confiança da população de que a reforma da área  será uma promessa cumprida em seus mandatos. No entanto, acidentes e mortes ocorrem enquanto não há infraestrutura adequada nas vias de acesso que ligam capitais e cidades da Região Norte.

Na manhã desta quarta-feira (28), uma ponte localizada no KM 25, no distrito de Careiro Castanho (distante 127 KM de Manaus),desabou por falta de infraestrutura, como moradores do local afirmaram. Dias antes, motoristas e pedestres já haviam pedido atenção para o local que apresentava falhas na estrutura, inclusive registradas em vídeo.

O Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), informou por meio de nota,  que é o órgão responsável pela construção, manutenção e fiscalização da BR-319, mas não mencionou sobre a denúncia de motoristas que reclamavam das falhas que a ponte apresentava. 

Na mesma nota, o Governo do Estado do Amazonas por meio do Dnit, se comprometeu a reconstruir a ponte e garantir que balsas realizem o transporte de veículos durante o processo de reconstrução.

Além do quilômetro 25, outro trecho da rodovia também foi interditado pelo órgão.

“O (DNIT) informa que o km 23,11 da BR-319/AM, próximo ao município de Careiro da Várzea, está interditado devido a uma ocorrência na estrutura da ponte sobre o rio Curuçá. As equipes da Autarquia estão no local e já se mobilizaram para realizar as ações necessárias, alinhadas com as forças de segurança que também trabalham no caso (Defesa Civil e Resgate). A Autarquia estuda alternativas para restabelecer o tráfego no local o mais rápido possível”

, diz a nota.

No momento da tragédia, motoristas de veículos de grande porte, como carretas, faziam uma manifestação na via devido a proibição do Dnit, que só autorizava veículos pequenos a trafegarem. Enquanto paralisaram a pista, carros menores formaram filas na ponte e aconteceu o desabamento.

Até o momento, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), três vítimas morreram e 14 feridas foram encaminhadas a hospitais de pronto-atendimento de Manaus e Careiro Castanho. 

As forças de segurança pública continuam as buscas por desaparecidos no rio Curuçá com sete mergulhadores do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM). Embora o rio não seja tão profundo, há fortes correntezas que podem ter levado as vítimas para longe do local do acidente.

No Twitter, o Ministro de Estado de Infraestrutura, Marcelo Sampaio, enfatizou que havia dado ordem ao Dnit para fazer reparos emergenciais, mobilização de socorro às vítimas e reconstrução imediata da ponte. 

Apoio

A ponte que desabou faz ligação entre os distritos de Careiro Castanho e Careiro da Várzea. O prefeito de Careiro da Várzea, Nathan Macena Souza, afirmou em uma live realizada no Facebook, que enviou todas as ambulâncias da cidade para a localidade oferecendo apoio às vítimas. Além disso, Macena desejou condolências às famílias que perderam entes na fatalidade. 

“A gente fica triste pela fatalidade que aconteceu com as pessoas ali no quilômetro 12. Meus sentimentos às pessoas que perderam seus entes queridos. Determinei que enviasse todas as ambulâncias para a ponte do Careiro Castanho. A gente sabe que há muitos anos a ponte não tinha manutenção. Antes de ontem eu passei por lá e a cabeça da ponte estava desabando. A empresa que fez a manutenção foi lá e jogou barro. É um serviço “falhativo” e olha o que aconteceu, a ponte desabou de uma vez e pessoas inocentes perderam a vida por causa de manutenção”

, afirmou o prefeito de Careiro da Várzea.

Saulo Melo, extensionista rural e técnico agrícola do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM), é residente de Careiro da Várzea e utiliza a ponte que desabou para visitação local aos agricultores. Ele afirma que a ponte do rio Curuçá, não tinha fiscalização e nem manutenção, assim como alguns trechos que fazem parte do percurso da BR-319.

“Tanto os moradores como os condutores são inseguros. Alguns trechos da BR-319 estão com muitos buracos. Trecho até o antigo KM-12 está em recuperação porque já tinha caído um pedaço devido à grande cheia. Isso acontece porque devido ao tempo, as cheias se tornaram cada vez maior. Como esse trecho é construído em cima da várzea, leva muito aterro e acaba cedendo [com as cheias do rio]. O solo fica encharcado e vai cedendo até acontecer isso aí”

, relata o extensionista rural.

O sonho da BR-319 se esvaiu como fumaça

A BR-319 era o sonho militar quando foi planejada e construída. Ela era a esperança do Amazonas que almejava independência política desde 1976, ano de sua construção. Mas ela foi deixada de lado a partir do momento em que ambientalistas e cientistas observaram que a construção da via de acesso a outros estados brasileiros alimenta impactos ambientais como desmatamento e aumento da grilagem. Porém, o fluxo de caminhões que transporta grãos para o estado do Amazonas se tornou cada vez mais difícil e perigoso.

Em épocas chuvosas, a estrada que era um sonho se torna o pior pesadelo dos motoristas que precisam trafegar por ela entre o Norte e demais regiões brasileiras. E como a chuva que evapora quando toca o solo, o sonho da BR-319 também se esvaiu como fumaça.

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