Manaus (AM) – Os irmãos Glauco Carvalho, de 6 anos, e Gleison Carvalho, de 7 anos, resgatados em mata fechada próximo ao município de Manicoré, chegaram a Manaus por volta das 11h30 desta quinta-feira (17). As crianças, que após o resgate ficaram internadas no Hospital Regional Hamilton Cidade, de Manicoré, vieram transferidas em uma UTI aérea para receberem acompanhamento médico no Pronto-Socorro da Criança da Zona Oeste, situado na Avenida Brasil, bairro Compensa.
Após chegar na capital, uma UTI móvel recebeu as duas crianças no aeroporto Eduardinho, localizado na avenida Santos Dumont, bairro Tarumã. Uma equipe médica composta por enfermeiras, pediatra e assistente social realizou a acolhida aos irmãos que vieram na companhia dos pais. Ao receber os atendimentos médicos na ambulância, os pacientes foram levados com o estado estável até a unidade hospitalar mencionada.
Durante a entrada das crianças no hospital em Manaus, o Secretário de Estado de Saúde, Dr. Anoar Samad, falou a respeito da emoção pelo resgate dos irmãos, das condições clínicas deles, bem como os cuidados que irão receber durante o tratamento.
“Isso é, verdadeiramente, um milagre. O irmão mais velho conversou comigo e disse que como o irmão mais novo não conseguia mais andar, era necessário ele sair para procurar comida para o irmão mais novo. É uma emoção muito grande. O irmão mais velho está com uma melhor condição clínica, o mais novo, até por conta de feridas, está com uma condição mais debilitada. Porém, no estado geral, está bem. Já está se alimentando e recebendo os atendimentos necessários”,
informou o secretário.
O resgate
As duas crianças ficaram perdidas pelo período de 26 dias. De acordo com os familiares, os irmãos haviam saído para caçar pássaros, mas eles não retornaram para casa. O corpo de Bombeiros (CBAM) foi acionado e realizaram as buscas pela área durante 5 dias, mas as crianças não foram encontradas.
Segundo relatos, um cortador de madeira, que estava trabalhando, encontrou os irmãos em uma área de mata fechada, distante a 7 horas de caminhada da comunidade indígena em que os irmãos moram. O homem relatou que ouviu a voz de uma criança chamando e, ao avistar os irmãos deitados, imediatamente pediu ajuda. As crianças foram resgatadas e levadas para o hospital de Manicoré.
De acordo com a Secretária de Gestão em Saúde do Estado, Nayara Maksoud, após a descoberta pelo paradeiro das crianças, a Secretaria de Saúde do Estado montou uma estrutura específica para prestar o atendimento necessário aos irmãos e família.
“As crianças seguem precisando de todo um aparato tanto da parte física e psicológica. Então elas terão todo um atendimento voltado para a integralidade da assistência com psicólogo, nutricionista, com pediatra, e o clínico geral também. São crianças que se encontram ainda bem assustadas, que ainda estão entendendo tudo o que está acontecendo, tendo a necessidade de ficar próximo à família”,
relatou a secretária.
Além dos irmãos, os pais também estão recebendo assistência, visto que a família reside em uma comunidade indígena próximo a Manicoré, conforme informou Nayara Maksoud.
“Importante ressaltar o trabalho conjunto entre a Secretaria de Estado e o Distrito Sanitário Especial Indígena, onde os profissionais já estão nos acompanhando neste momento. Nós vamos estar sentando junto a direção do hospital e o DSEI, além da Secretaria de Assistência Social para que a gente possa dar todo um conforto e também um apoio psicológico aos pais, por estarem fora do seu território, e por terem também enfrentado 27 dias difíceis. Então nós estamos num trabalho conjunto olhando para integralidade de tudo o que esse caso levou”,
finalizou Nayara.
Tratamento médico
O pediatra Eugênio Tavares, responsável pelo tratamento das crianças, informou o quadro clínico, além dos procedimentos pelos quais os irmãos irão passar neste primeiro momento. Pelo fato de terem ficado na mata por muito tempo, além dos exames básicos, eles também serão submetidos a exames específicos como de malária, leishmanioses e outros.
“Eles não estão na Uti, estão na sala de reanimação para a gente avaliar os pacientes, coletar os exames, prescrever, passar para o formulário do Hospital. Após isso eles serão transferidos para uma enfermaria especial. O quadro clínico é considerado grave, porém estável dentro da patologia que eles têm. Mas os pacientes têm tudo para se recuperar com os cuidados médicos que estão recebendo”,
relatou o doutor.
Ainda de acordo com o pediatra, as crianças terão um acompanhamento diário e um cuidado específico para o ganho do peso através de uma boa alimentação. Em relação aos rins alterados, o médico informou que se deu por conta da falta de ingestão de líquido, porém com o acompanhamento médico, e a alimentação indicada a infecção será tratada.
Edição: Leonardo Sena
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