Empreendedorismo feminino Empreendedora amazonense desafia o mercado de trabalho em busca da autonomia financeira Apesar dos avanços conquistas nas últimas décadas, as mulheres ainda enfrentam dupla jornada, no ambiente doméstico e profissional Isabella Lima - 09/03/2024 às 08:0008/03/2024 às 17:42 Manaus (AM) — A dupla jornada marca a vida das mulheres que atuam no mercado de trabalho, quando precisam conciliar as tarefas domésticas e o cuidado com os filhos com as atividades profissionais. Essa realidade se intensifica para as mulheres que buscam no empreendedorismo uma saída para conquistar a independência financeira. A empreendedora Elizandra Alves, proprietária da Mariah Doçura Brigaderia, também enfrentou dificuldades para equilibrar as atividades dentro e fora do lar, em paralelo à persistência em iniciar o próprio negócio. “Sem dúvidas os principais desafios foram trabalhar, estudar, chegar em casa, ainda ter que produzir nossos produtos e, mesmo assim, ainda cuidar da família, e as pessoas julgarem como se empreender não fosse uma ‘boa’ fonte de renda”, disse. Em busca de qualificação, a doceira realizou cursos sobre empreendedorismo e estudou em escolas de gastronomia, para criar o valor do seu negócio e também mostrar os resultados àqueles que duvidavam do seu empreendimento. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Mariah Doçura Brigadeiros Artesanais (@mariahdocura) Uma pesquisa realizada, entre os meses de fevereiro e março, pela empresa SumUp demonstrou que, em média, 63% das mulheres empreendedoras são chefes de família e 84% são as principais responsáveis pelas tarefas domésticas, demonstrando a sobrecarga em suas atividades. Além disso, mostrou que mulheres faturam menos, onde 41% das empreendedoras ganham menos do que 1 salário mínimo. A desigualdade do mercado de trabalho é evidente devido, principalmente, a jornada para a mulher enquanto força de trabalho. A economista Denise Kassama relembrou que décadas atrás, quando o machismo era a cultura dominante, este cenário era bem pior e com o passar dos anos e das lutas sociais houve a evolução em diversas áreas. “Muitos empregadores deixam de contratar mulheres em idade fértil por conta da maternidade, um preconceito muito grande e a empresa também não quer arcar com os custos de ter alguém que não vai trabalhar por seis meses ou que esteja cuidando de filho pequeno. Ainda precisamos quebrar esse paradigma e a transformação começa pela educação”, detalha. De acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicada em 2023, com dados de 2022, a cada dez mulheres em idade para trabalhar, apenas cinco participam do mercado de trabalho, seja já empregadas ou em busca de um emprego. Enquanto isso, entre os homens, 7 a cada 10 homens estão atuando no mercado. Ainda no período de 2022, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) divulgou o percentual de empreendedoras em relação ao total de negócios, com dados do IBGE. O levantamento identificou mais de 10 milhões de mulheres donas de seus próprios negócios. A independência financeira é vislumbrada pelas mulheres, Elizandra relatou que os momentos mais gratificantes em sua trajetória como empreendedora está na possibilidade em realizar atividades voltadas para a capacitação de outras mulheres e poder proporcional à sua família uma boa qualidade de vida. “É gratificante poder treinar, incentivar e motivar novas mulheres a terem sua própria fonte de renda e se orgulharem com isso. Através dessa renda realizar seus sonhos e promover o sonho de seus familiares, no meu caso, amo promover viagens em família e ver os olhos das minhas filhas brilharem”, afirmou. Leia mais: Participação feminina na política amazonense contribui para debates sobre direitos da mulher Mulheres enfrentam desafios e superam dificuldades para empreender no Amazonas Celebração ao Dia Internacional da Mulher com oferta de serviços gratuitos em Manaus Entre na nossa comunidade no Whatsapp!