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Quem nunca fofocou que atire a primeira pedra!

Surgimento da fofoca se dá nas mais diversas relações interpessoais e corporativas e seu impacto atinge a harmonia

Ainda que na maioria das vezes a fofoca seja associada a uma prática maliciosa, estudos sociais a veem como algo positivo, por gerar comunicação e vínculos de identificação entre indivíduos pertencentes a grupos sociais. E ainda, algumas pessoas a enxergam como uma espécie de ferramenta social, que possibilita discussões sobre as relações e trocas cotidianas. Esta perspectiva considera que a fofoca é uma ferramenta eficaz para transmitir informações sobre códigos culturais e orientações sobre como viver em grupo, preocupando mais ou atraindo maior atenção para condutas que rompam normas sociais. De todo modo, nosso enfoque aqui está relacionado aos aspectos negativos da fofoca.

A disposição à fofoca parece está no cerne das relações sociais desde os primórdios da humanidade. Daí o título deste texto: quem nunca fofocou que atire a primeira pedra. Todos nós, possivelmente, já fomos propagadores ou ouvintes de fofoca. Fofocar é humano. O surgimento da fofoca se dá nas mais diversas relações interpessoais e corporativas e seu impacto atinge a harmonia e interação nos grupos e relações de trabalho, possuindo significados depreciativos: dito maldoso, bisbilhotice, mexerico, disse me disse.

A fofoca aqui discutida é aquela que consiste no ato de descobrir uma informação sobre alguém e posteriormente contar essa informação a uma ou várias pessoas, podendo esta informação corresponder ou não à realidade, além de fazer isto sem o consentimento da mesma, quase sempre desvalorizando o outro e suas qualidades.

Metaforicamente podemos considerar a fofoca como uma erva daninha, expressão utilizada para descrever uma planta, muitas vezes, mas não sempre, exótica, que nasce espontaneamente em local e momento indesejados, podendo interferir negativamente na agricultura. Neste sentido, por sua própria característica, este tipo de fofoca possui muitas consequências destrutivas, dentre elas:

Causa conflitos

Quantos de nós já vivenciou ou presenciou situações de intrigas no ambiente corporativo e vida pessoal em virtude de comentários maldosos, desnecessários e comprometedores? Muitas vezes, estes episódios nos levam a ter que nos explicar, desmentir terceiros e invariavelmente nos chatear bem como entrar em confronto com outros.

Atrapalha a produtividade

Cada minuto dedicado a bisbilhotar a vida alheia e produzir fofocas é tempo de trabalho e resultados que se perde. Muitas vezes a fofoca cria uma cadeia de mal entendidos, envolvendo muitas pessoas, o que alavanca ainda mais os seus efeitos improdutivos.

Destrói carreiras

No ambiente corporativo é comum observarmos a intimidade e privacidade das pessoas em exposição em episódios de fofocas. Namoros, orientação sexual, casamentos, vida social, estilos de entretenimento e hábitos adotados por pessoas algumas vezes são objeto de confabulações e especulações em rodas de conversas, o que acaba por denigrir a imagem das vítimas desse tipo de diálogo, algumas vezes comprometendo toda a sua imagem e outras vezes custando o seu emprego.

Prejudica o clima organizacional

O clima organizacional é compreendido como o padrão de comportamento e a atmosfera psicológica que retrata o grau de satisfação das pessoas no trabalho. Daí a expressão “clima tenso”, “clima pesado”, “clima harmonioso”. Esta atmosfera sofre influência das atitudes de seus colaboradores, por isto a necessidade de evitar fofocas, pois esta prática reduz o clima de colaboração, integração e pertencimento institucional, gerando inimizade, desavenças e insatisfações.

Diante de tantos desdobramentos negativos, cabe a pergunta: o que fazer para evitar as fofocas?

Não propague

A primeira ação que precisamos tomar é individual e intrasferível: fique longe dos mexericos. Jamais seja um mensageiro de comentários pejorativos e jamais seja um ouvinte ou interlocutor deste tipo de diálogo. Em sendo abordado por alguém que traz informações negativas de terceiros, pergunte ao emissor se ele já levou as devidas críticas e sugestões aos envolvidos e mostre-se desinteressado neste tipo de conversa. Não alimente fofocas. Lembre-se que da mesma forma que esta pessoa é capaz de falar de outro, pode ser capaz de falar de você e considere que quando falamos mal de alguém não expomos apenas o caráter da pessoa, mas também o nosso.

Foque na qualidade das pessoas e no que é positivo

Inevitavelmente todos nós temos fragilidades e erramos. Mas, como humanos temos a tendência a perceber os defeitos dos outros e ocultarmos os nossos. Gosto da citação que diz: “antes de apontar os defeitos dos outros, enumera ao menos dez dos teus” porque é uma reflexão que nos remete à necessidade de primeiro nos avaliarmos e conhecermos a nós mesmos. Penso que este deve ser o nosso foco: cuidar da nossa vida e considerar o outro como uma pessoa tão humana quanto somos, com seus defeitos, mas também com suas virtudes. Portanto, se eu não posso falar bem de uma pessoa, que o meu silencio seja a tônica.

Guarde segredos

Lembro do pensamento que acredita que todo melhor amigo tem um outro melhor amigo que não necessariamente é seu amigo. Este raciocínio nos leva a considerar a necessidade de cautela ao revelar nossos segredos e confissões e também a respeitar os segredos daqueles que nos reservaram a sua confiança. Lembre-se que a confiança é um tesouro raro e só tem uma vida. Seja fiel àqueles que com você compartilham de sua intimidade e privacidade.

E por último, fofoqueiros possuem baixa autoestima e o ato de fofocar alivia neles a própria infelicidade.

É necessário fortalecer a autoestima das pessoas para que elas precisem se ocupar cada vez menos das vidas alheias e passarem a ocupar-se cada vez mais com a utilidade da própria vida. Quanto mais fortalecida for a autoestima de uma pessoa, menos ela parece ser afetada por fofocas em relação ao seu nome, e muito menos ainda parece sentir a necessidade de ocupar-se dela. Afaste-se de fofocas. Lembre-se: a fofoca é uma erva daninha, só cresce se for alimentada.

Por Joziane Mendes – Coordenadora e Docente Universitária na FAMETRO. Administradora. Especialista em Gestão de Pessoas. Mentora, palestrante e escritora com expertise em comunicação interpessoal, conflitos, oratória e carreira

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