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Zona Leste

Projeto Educando com Ginga forma ‘pessoas de bem’ por meio da capoeira em Manaus

Projeto social atende jovens, crianças e até adultos, há mais de 20 anos na Zona Leste de Manaus

Manaus (AM) — Formar cidadãos de bem por meio do esporte é a meta do Projeto Educando com Ginga. Desde a sua fundação, há mais de 20 anos, já ajudou muitos jovens e crianças de baixa renda a se tornarem “pessoas do bem” e conseguir projeção nacional por meio do esporte.

Para o fundador da Escola de Capoeira Educando com Ginga, Wellisson Batista, o mestre “Camaleão”, a contribuição do projeto vai além da formação de caráter, mas também pode auxiliar no futuro dos jovens, que sonham por meio do esporte, ter sua caminhada na divulgação da capoeira, além do solo brasileiro.

“O Projeto com mais de 20 anos surgiu para atender comunitários, mas não conseguiu crescer o quanto merecia por falta de investimento do poder público. É muito difícil conseguir manter um projeto desta amplitude sem ter apoio do governo e prefeitura. A capoeira auxilia na questão da educação, da formação do cidadão”,

ressalta mestre Camaleão.

O mestre pontua ainda a existência de Leis para apoiar a capoeira em escolas públicas, mas que não são cumpridas pelo poder público. “Temos Lei que garantem a capoeira na escola, mas não sai do papel. Precisamos de parlamentares sérios que possam de fato brigar pelo nosso espaço nas escolas como profissionais. Modalidade esportiva, que carrega uma bagagem histórica do Brasil, tem uma importância fundamental para o crescimento de quem a prática”, finaliza o mestre.

Para participar do projeto o aluno tem de apresentar bom desempenho na escola onde estuda e se não conseguir ter desempenho satisfatório, é chamado para uma conversa particular com mestre Camaleão.

A dona de casa Ariane Bastos afirma que a capoeira ajuda na educação e desenvolvimento social das crianças do projeto, em especial ao seu filho.

“O projeto de capoeira é importante, pois conseguiu ajudar meu filho, que era uma pessoa fechada, mas hoje, conseguiu ser uma criança mais interativa com outros colegas, isso demonstra que a capoeira ajuda muito as crianças e também adultos”.

Ariane acredita na capoeira como um “amanhã” melhor para muitas crianças de baixa renda, pois o futuro de capoeiristas do projeto pode ser promissor.

“No começou achava que era só uma brincadeira, mas ao tomar conhecimento que muitos capoeiristas conseguem sobreviver somente do esporte, despertou o interesse de ainda mais incentivar meu filho a ser um capoeirista profissional e com isso divulgar a capoeira por onde for”,

finaliza.

Para o mestre Camaleão a capoeira ultrapassa gerações e conquista jovens, crianças e até adultos. “A capoeira é uma das manifestações da cultura brasileira mais forte, ligada com toda a trajetória de história do Brasil. Ela carrega uma bagagem histórica de luta, de resistência, e a gente vê com bons olhos a aceitação dos mais jovens. Infelizmente, alguns não têm essa oportunidade de praticar. E é isso que a gente está trazendo, né? Essa oportunidade de que as crianças, os jovens, possam conhecer e praticar a capoeira”, explica Camaleão.

Rojane Oliveira Lima, a Dendê, vive da capoeira há 18 anos. Foi por meio do projeto que ela conseguiu se tornar uma profissional da capoeira. Hoje, Dendê é uma das diretoras do projeto, que tem em sua maioria, mulheres no comando.

“Hoje eu vivo da capoeira, é de onde tiro minha fonte de renda”. A profissão de capoeirista está começando os primeiros passos para valorização. A capoeira tem visibilidade, mas falta a valorização do poder público para alcançar toda população”, ressalta.

Socialização e coordenação motora

Roberto da Silva, de 19 anos, tinha como sonho ser um praticante de esporte, porém, não tinha habilidade para ser jogador de futebol, vôlei ou handebol. Sua deficiência o impedia de se envolver em algumas modalidades esportiva, foi quando uma amiga o apresentou a capoeira.

“Tentei participar de outras modalidades esportivas, mas não tinha coordenação motora para tal e por conta disso, era sempre deixado de lado. Na capoeira consegui ter disciplina e ainda conseguiu me ajudar na coordenação motora. Hoje, consigo praticar a capoeira e me relacionar com todos os colegas de roda”.

A psicóloga Roberta Albuquerque de Morais, ressalta a importância da capoeira como uma arte completa que consegue trabalhar mente e corpo ao mesmo tempo e, com isso, ajuda no desenvolvimento das pessoas, seja ela deficientes ou não.

“A capoeira é uma ferramenta completa, pois trabalha o físico, cognitivo e a parte motora. Temos um grande público de autistas que gostam muito da capoeira. O Roberto treina desde pequeno e hoje consegue socializar e a cada treino fica ainda melhor. Um exemplo para outros autistas”,

pontua.

De portas abertas

A Escola de Capoeira Educando com Ginga abre oportunidades para crianças e adolescentes de 4 a 16 anos, oferecendo vagas para novas turmas de capoeira em Manaus. O projeto social tem como objetivo promover a prática da capoeira como uma atividade física e cultural, incentivando a disciplina, a inclusão social e o desenvolvimento de habilidades para os jovens participantes.

A escola Educando com Ginga funciona nos centros comunitários São Mateus (Zumbi 2), Nossa Senhora da Esperança (Zumbi 2) e São Cristóvão (Zumbi 1), todos na Zona Leste de Manaus, mas tem o projeto itinerante, onde seus professores e monitores, vão a outros bairros de Manaus, ministrar aulas do esporte, que tem ganho adeptos em toda a cidade.

A mudança de hábito entre os mais jovens também é algo que motiva o mestre no projeto. Para Wellisson, a ociosidade dos jogos eletrônicos ou até mesmo do entretenimento das telas, dá lugar à prática do exercício físico.

“A gente vê que muitos jovens ficam ociosos, às vezes ficam nos jogos eletrônicos e esquecem de praticar algo que venha a ser benéfico para o seu futuro. E a capoeira não deixa de ser essa cultura que contribui com todas essas formas que eu acabei de citar e que pode contribuir muito na formação tanto da criança quanto do jovem para que sejam bons cidadãos”,

completa o mestre.

A mensalidade regular é de R$ 120, porém o projeto está disponibilizando 150 vagas com uma taxa social simbólica de apenas R$ 10 mensais por aluno. Essa iniciativa busca democratizar o acesso à prática da capoeira, tornando-a acessível para famílias de diferentes condições socioeconômicas.

Para matricular as crianças, os responsáveis devem apresentar cópia do comprovante de residência, RG do aluno e declaração de matrícula escolar. Para mais informações ou para realizar a matrícula, é possível entrar em contato pelo WhatsApp pelo número (92) 99616-4383.

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