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entrevista exclusiva

Secretária aponta aumento dos atendimentos de atenção básica como desafio da rede estadual de saúde

Próximo passo, conforme conta Nayara, é a realização de transplantes de fígado, já anunciada pelo governador Wilson Lima

Nayara Maksoud tem 20 anos de carreira no serviço público, na área da saúde, e é enfermeira por formação
Nayara Maksoud tem 20 anos de carreira no serviço público, na área da saúde, e é enfermeira por formação. Foto: Divulgação/SES-AM

O aumento crescente de atendimentos a casos de baixa complexidade, típicos da atenção básica, tem sobrecarregado as equipes dos seis hospitais e prontos-socorros (HPSs) infantis e adultos da rede estadual de saúde. A afirmação é da secretária estadual de saúde, Nayara Maksoud, em entrevista exclusiva para o Em Tempo.

Na conversa, a titular da SES-AM aponta que a ideia é que esses atendimentos aconteçam, cada vez mais, nas Unidades Básicas de Saúde. Além disso, a secretária detalha as conquistas que vêm sendo alcançadas na saúde, com a ampliação do acesso a serviços ofertados na rede pública, as estratégias para alcançar o interior com exames de imagem e os desafios enfrentados nos hospitais de urgência e emergência.

O próximo passo, conforme conta Nayara, é a realização de transplantes de fígado, já anunciada pelo governador Wilson Lima. A pasta, há poucos meses, implantou, de forma inédita, os transplantes de rins de doador falecido.

Nayara Maksoud tem 20 anos de carreira no serviço público, na área da saúde, é enfermeira por formação e exerceu, dentre outros, os cargos de secretária Executiva Adjunta de Política de Saúde, diretora do Hospital do Coração Francisca Mendes e coordenadora do Complexo Regulador do Amazonas. Tem especializações e mestrado na área de saúde pública e está há cinco meses no cargo de secretária de Saúde do Amazonas.

Entrevista

1) Quantos pacientes, em média, são atendidos nos hospitais e prontos-socorros da rede? Como desafogá-los, além das ações que já estão sendo feitas, como essa das cirurgias nos fins de semana?

NM: Os seis Hospitais e Prontos-Socorros (HPSs) infantis e adultos da rede estadual de saúde, na capital, atenderam, de janeiro a julho deste ano, 308.316 pacientes. Para se ter uma ideia, os casos classificados como de atenção básica chegaram a 126.876, ou seja, 41,15%. Nos hospitais de atendimento a adultos (28 de Agosto, Dr. João Lúcio Pereira Machado e Dr Aristóteles Platão Bezerra de Araújo), foram recebidos 172.057 pacientes, sendo 40.826 (23,72%) de baixa complexidade. Nos hospitais infantis (HPSC Zona Leste, Zona Sul e Zona Oeste) foram 136.059 pacientes, nesse período, mais da metade, 86.050 (52,77%), classificados como de baixa complexidade. Quando os hospitais passam a receber um grande volume de pessoas que poderiam ser atendidas nas Unidades Básicas de Saúde, há uma sobrecarga das equipes. É preciso, portanto, repensar a organização dos equipamentos de saúde da rede de atenção primária, dispondo, por exemplo, de exames laboratoriais e de imagem, além do funcionamento em horários alternativos, para que possam absorver essa demanda reprimida.

2) Como está o andamento das obras de reforma e revitalização das unidades?

NM: O Governo do Amazonas está realizando um grande movimento de reforma e revitalização das unidades de saúde da capital, alcançando todas as regiões da cidade. As obras estão sendo executadas em parceria com a Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE). Já concluímos a reforma do centro cirúrgico da Fundação Alfredo da Matta, do estacionamento do Instituto da Mulher Dona Lindu, revitalização da Policlínica Antônio Aleixo e dos Serviços de Pronto Atendimento (SPAs) Coroado e Alvorada e Maternidade Azilda Marreiro. Estamos concluindo no Hospital e Pronto-Socorro (HPS) 28 de Agosto, onde abrimos mais 50 novos leitos, novo laboratório de análises clínicas, 20 salas de prescrição e procedimentos. No HPS Dr. João Lúcio Pereira Machado, as cinco salas do centro cirúrgico estão sendo reformadas e diversos outros ambientes. Estamos com obras também no Centro de Saúde Mental do Amazonas, para abertura de mais 20 leitos de enfermaria e oito de observação, passando a contar com 45 no total. A área construída vai aumentar de 531,27 metros quadrados para 1.902 metros quadrados. O Hospital do Coração Francisca Mendes também está em obras, que vão permitir a criação de 50 novos leitos – 20 de UTI adulto, 20 cardiológicos e 10 neonatais –, ampliando, com isso, a capacidade de realização de cirurgias, na unidade. Estamos ainda com obras nos SPAs Joventina Dias, São Raimundo e Eliameme Mady, no Centro de Atenção à Melhor Idade (Caimi) Paulo Lima, no Hospital Geraldo da Rocha, na Maternidade Dr. Antenor Barbosa e no Hospital Regional de Humaitá, que vai receber 10 leitos de UTI. Ainda este ano, vamos concluir o Centro Avançado de Prevenção do Câncer do Colo do Útero (Cepcolu), anexo à Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon). A unidade atuará como referência para prevenção ao câncer de colo de útero, doença de alta incidência no Amazonas. Contará com quatro salas cirúrgicas, quatro consultórios, além de anfiteatro para cursos e treinamentos.

3) De que forma a SES-AM está ampliando a oferta de exames de mamografia e ultrassonografia?

NM: Um importante reforço nesse sentido tem sido dado com o trabalho realizado através das Carretas de Apoio à Saúde da SES-AM, que já percorreram todas as zonas da cidade de Manaus e agora chegam ao interior do Estado, ampliando o acesso da população aos exames de mamografia e ultrassonografia de diversos tipos, tão importantes para o diagnóstico de doenças e tratamento precoce. Em Manaus, de janeiro a maio, as carretas atenderam 4.162 pacientes, num total de 8.940 exames. Desde maio as unidades móveis estão no interior. Ao todo, já foram realizados 5.640 exames, em cinco municípios da Região Metropolitana: Manacapuru, Itacoatiara, Novo Airão, Rio Preto da Eva e Iranduba. Em Presidente Figueiredo, onde tem uma carreta em atendimento, a expectativa é de realização de mais 1.650 exames. Agora, estamos também avançando e chegando ao Baixo Amazonas. Já estamos com uma carreta em Parintins, desde o dia 06, com a oferta de mais 2,7 mil exames.

4) O governador Wilson Lima anunciou que a rede estadual de saúde deverá oferecer, a partir do próximo ano, transplantes de fígado. Como está esse processo?

NM: O governador nos autorizou a dar início ao processo para implantação do novo serviço na rede de saúde, no Hospital Delphina Abdel Aziz. A Gerência de Transplantes da SES-AM já está em campo, realizando as ações necessárias para que isso ocorra. Será mais uma conquista para o Estado. O Hospital Delphina Aziz é referência em transplantes renais, procedimento que já realiza há um ano. Antes, era somente com doadores vivos e, em junho deste ano, alcançamos uma marca histórica na rede pública, ao implantar, de forma pioneira, o transplante de rins de doador falecido, um procedimento extremamente complexo, mostrando que o Amazonas está preparado para avançar nessa área, graças à determinação do governador Wilson Lima, que tem dado todo apoio nesse sentido.

5) O Hospital Delphina Aziz completou um ano de realização de transplantes de rins. Quantos procedimentos já foram realizados nesse período?

NM: O Hospital Delphina Aziz é considerado uma referência em transplantes renais, pioneiro na região Norte. Nesse período de um ano, desde julho de 2023, a unidade já realizou mais de 90 transplantes do tipo – 84 de doadores vivos e oito de pessoas falecidas. Nenhum transplantado sofreu rejeição ao procedimento e nenhum óbito foi registrado. Esse resultado, portanto, é muito importante para o Estado e para os que aguardam na fila nacional para esse tipo de procedimento. O paciente que necessita dele, agora faz a cirurgia aqui e se recupera ao lado da família, sem precisar se deslocar para outra cidade. Isso representa qualidade de vida a pessoas que, em geral, dependem de hemodiálise e outros tratamentos.

Delphina Aziz é referência em transplantes. Foto: Divulgação

6) Como está o abastecimento de medicamentos na rede pública?

NM: O Governo do Amazonas investe pesado no abastecimento de insumos e medicamentos para as unidades de saúde da capital e interior. A demanda na rede pública cresce todo dia e o grande desafio é manter a qualidade do funcionamento e dos serviços à população, dentro do orçamento aprovado para execução. Esse é o grande desafio do Sistema Único de Saúde (SUS), em todo o país, e não somente no Amazonas. Aqui no Estado, somente no primeiro semestre deste ano, o Governo do Amazonas já investiu aproximadamente R$ 210 milhões em medicamentos e insumos para abastecer as unidades de saúde e para atender os pacientes cadastrados em programas de assistência. Além disso, a Central de Medicamentos do Amazonas (Cema), responsável pela logística de distribuição de mais de 2.100 itens, também coordena os programas Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Ceaf) e Melhor em Casa, do governo federal. Pelo Ceaf, entrega mais de 200 medicamentos de alto custo para cerca de 24 mil pacientes. Pelo Melhor em Casa, atende 650 pacientes que foram desospitalizados e são acompanhados por equipes multiprofissionais. É um trabalho gigantesco, que realizamos com responsabilidade e com muita dedicação.

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