Com o mês de dezembro vem também o início do verão. Estação de calor e chuvas mais intensas em todo o país, ambiente perfeito para a proliferação do Aedes aegypti, transmissor de doenças como a dengue, zika e chikungunya.
De acordo com a pesquisadora da Fiocruz e coordenadora do InfoDengue, Claudia Codeço, o calor pode contribuir para o aumento de casos na medida em que acelera o desenvolvimento do vetor do mosquito e a reprodução do vírus.
No último verão, o Brasil viveu uma epidemia de dengue sem precedentes. Entre janeiro e outubro foram 6,5 milhões de casos prováveis de dengue — com pico nos primeiros meses do ano —, de acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, e 5.536 pessoas morreram em decorrência da dengue. O aumento no número de casos foi 400% maior em relação a 2023.
Sobre esta temporada, a pesquisadora ressalta que ainda não é possível prever um cenário, mas que após a explosão de casos, a população deve estar predominantemente imunizada naturalmente contra os vírus mais circulantes, que são o da dengue 1 e 2.
“Contudo, a gente sabe que tem o vírus da dengue 3 circulando em algumas partes do país, então a dinâmica da dengue na próxima temporada vai depender um pouco do comportamento desse vírus na população”, comenta.
O Distrito Federal, unidade que teve a maior incidência de casos nos três primeiros meses de 2024, registrou 161.299 casos no período, número quatro vezes maior em comparação com todo 2023, quando o DF teve 38.584 registros. Em relação a incidência, o número chegou a 5.725,8 casos a cada 100 mil habitantes.
De acordo com a Secretaria de Saúde do DF, entre os dias 27 de outubro e 23 de novembro foram notificados 1.498 casos prováveis de dengue no Distrito Federal. Apesar de o número ser menor que o mesmo período do ano passado, quando foram notificados 2.393 casos, os casos vêm crescendo gradativamente em novembro. Na semana epidemiológica 45 (de 3 a 9 de novembro), foram registrados 229 casos prováveis de dengue. Na semana 46 (de 10 a 16) foram 390 casos, enquanto na semana 47 (de 17 a 23) foram 970 casos prováveis notificados.
A boa notícia é que estamos mais preparados do que na última temporada, segundo pesquisadora Claudia Codeço. “Existem várias ações em andamento, como articulação intersetorial, um fortalecimento da vigilância e assistência em municípios que antes não tinham dengue e que sofreram muito nesse ano, mas que agora estão com mais informação e mais capacitação para enfrentar esse novo ano. Então, eu acredito sim que estamos mais preparados”, afirma.
Cuidados
A Secretaria de Saúde do DF disse ao SBT News que trabalha continuamente com ações de combate ao Aedes aegypti. Além do trabalho frequente, também está sendo fortalecida a incorporação de “novas tecnologias como as estações disseminadoras de larvicida, a borrifação residual intradomiciliar e a implementação de um novo sistema de informação para monitoramento das ações de controle vetorial”.
Atualmente, são 512 agentes de vigilância ambiental em saúde e 30 carros fumacê. A pasta informa que uma média de 5 mil imóveis são visitados diariamente.
A população também tem papel importante no combate à dengue. Para evitar criadouros do mosquito, é aquela velha história: não deixar água parada, realizar manutenção de piscinas, armazenar pneus e garrafas em locais cobertos; tampar caixas d’água e outros reservatórios e colaborar com a visita dos agentes de vigilância ambiental.
A vacina também é um incremento importante dentro das estratégias de controle da dengue, mas como não há estoque disponível para a ampla distribuição, já que é uma vacina que demanda um embasamento produtivo que não está disponível, continuar investindo nos cuidados básicos ainda é a melhor estratégia contra a dengue.
Sintomas
“Qualquer pessoa que não tenha tido dengue antes está suscetível à doença. São quatro sorotipos de dengue (1, 2, 3 e 4), então, a princípio, uma pessoa pode pegar dengue quatro vezes na vida”, diz Claudia Codeço.
Ter um estilo de vida saudável não evita que a pessoa seja infectada, no entanto, a presença de comorbidades, por exemplo, pode favorecer o agravamento de uma infecção. Inclusive, a pessoa saudável pode nem ter os sintomas mais característicos da dengue (febre alta, dores musculares intensas, dor nos olhos, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo).
A idade também é determinante nos sintomas da dengue: pessoas mais idosas, em geral, não tendem a ter febre quanto as pessoas mais novas. “Já as crianças, muitas vezes, têm sintomas gastrointestinais, então é importante estar atento para os sintomas e qualquer dúvida já considerar a dengue e procurar assistência médica”, completa a pesquisadora.
*Com informações SBT News
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