Durante anos, a Comunidade Tumbira, localizada na zona rural de Iranduba (AM), conviveu com a instabilidade no fornecimento de energia elétrica, mesmo sendo atendida pelo programa federal Luz para Todos. As quedas constantes, que podiam durar de dois a seis dias, comprometiam atividades essenciais, como o funcionamento das escolas, a conservação de alimentos e o abastecimento de água.
Na última sexta-feira (8), porém, um passo importante foi dado para mudar essa realidade: a inauguração da usina de energia solar local, fruto de parcerias entre a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), a UCB Power e outros apoiadores.
O superintendente-geral da FAS, Virgilio Viana, destacou que o projeto simboliza a união de esforços em prol do desenvolvimento sustentável da Amazônia profunda, permitindo que comunidades como Tumbira tenham acesso a uma energia limpa, estável e capaz de atender demandas que vão desde a iluminação de espaços comunitários até o funcionamento de escolas e atividades produtivas.
“Aqui temos o sonho de fornecer energia solar para todos, criando um modelo que sirva de exemplo para outras comunidades e ajude a fortalecer políticas públicas”, afirmou.
Para o diretor de Engenharia de Soluções da UCB Power, Thiago Soares, a iniciativa representa mais que um avanço tecnológico: é a oportunidade de garantir dignidade e autonomia.
“A energia não apenas traz desenvolvimento, mas é uma necessidade básica. Nosso propósito é promover a transição energética de forma justa e sustentável para a Amazônia, com soluções que dispensem o uso contínuo de diesel e ofereçam confiabilidade às populações ribeirinhas”, ressaltou.
Solução

O presidente da Comunidade Tumbira, William Soares, relembrou os desafios enfrentados e a expectativa de que o projeto possa alcançar todas as famílias. “Antes, a luz caía e passávamos dias sem energia. A usina trouxe estabilidade para as escolas e já faz uma grande diferença. Agradeço a todos os parceiros e espero que possamos expandir essa solução para toda a comunidade.”
As escolas, que antes sofriam prejuízos com a perda de alimentos e equipamentos danificados, agora vivenciam um novo cenário. A professora da rede municipal enfatizou que a energia solar não apenas garante o funcionamento das atividades, mas também fortalece o trabalho educativo com uma fonte renovável adaptada à realidade local.
Já a professora Inês, da SEDUC, lembrou que a instabilidade energética prejudicava o aprendizado e provocava interrupções nas aulas. “Hoje temos uma energia limpa, que mantém a escola funcionando e protege o meio ambiente. É um ganho inestimável para nossos alunos, principalmente”, disse.









A superintendente de desenvolvimento sustentável da FAS, Valcleia Lima, reforçou que o acesso à energia de qualidade vai muito além do aspecto econômico, impactando diretamente a educação, o abastecimento de água e a comunicação.
“Considerando que na Amazônia são quase um milhão de pessoas que não têm energia, e a gente considera que a energia é essencial para desenvolver a educação, saúde e a geração de renda, esse projeto demonstra claramente, que, ao fazer a instalação de uma usina de energia renovável, leva dignidade às famílias. Quando a política pública não chega na velocidade necessária, parcerias como essa fazem a diferença na vida das comunidades mais afastadas”, afirmou.
Energia sustentável para ribeirinhos
Projetos de energia solar em comunidades ribeirinhas são fundamentais porque oferecem uma solução limpa, sustentável e adaptada às condições da Amazônia. A abundância de radiação solar na região permite o abastecimento contínuo sem a dependência de combustíveis fósseis, reduzindo custos e impactos ambientais.
Além disso, a instalação de sistemas fotovoltaicos fortalece a autonomia local, permitindo que escolas, unidades de saúde e empreendimentos comunitários funcionem de forma regular.
Ao proporcionar acesso estável à eletricidade, essas iniciativas contribuem para a melhoria da qualidade de vida, a redução da evasão escolar e o fortalecimento da economia local. Com energia confiável, as comunidades podem conservar alimentos, acessar informações, impulsionar atividades produtivas e preservar a floresta, garantindo que o desenvolvimento ocorra de forma alinhada à proteção ambiental e à cultura ribeirinha.
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