Se você abriu o Instagram nos últimos meses, provavelmente já se deparou com a frase: “Vitamina B12 é a nova moda!” E, cá entre nós, toda vez que um nutriente vira celebridade, vale a pena perguntar: é hype ou é ciência? No caso da B12, temos aquele raro momento em que a tendência encontra a bioquímica e dá match.

A vitamina B12 — ou cobalamina, para os íntimos — é uma das estrelas do metabolismo humano. Ela participa de processos tão básicos e vitais que, se fosse uma funcionária, estaria na equipe de “Operações Críticas” do organismo: formação de neurônios, síntese de neurotransmissores, metabolismo energético e até produção de glóbulos vermelhos. Sim, ela faz tudo. E, por isso, quando falta, o corpo não manda flores: manda fadiga, depressão, queda de memória, formigamentos e humor duvidoso.

Agora você entende por que ela está na moda: B12 é a nova diva pop dos suplementos.

B12 e Autismo: o que a ciência tem dito?

Aqui vai uma parte interessante (e que muita gente ainda não sabe): vários estudos mostram que crianças e adultos com Transtorno do Espectro Autista frequentemente apresentam níveis mais baixos de vitamina B12 e alterações na homocisteína — a molécula que sinaliza se o corpo está indo bem ou está pedindo socorro.

Essa via metabólica é essencial para a formação cerebral, para “ligar e desligar” genes via metilação e para o funcionamento adequado de neurotransmissores. E adivinha de quem ela depende? Dela mesma: a B12.

Pesquisas recentes mostram que:

• Níveis mais baixos de B12 estão associados a alterações no desenvolvimento neurológico.

• Crianças com TEA respondem melhor quando a B12 é corrigida — especialmente na forma metilada, em casos específicos.

• Ensaios clínicos com metilcobalamina injetável demonstram melhora modesta, porém real, em alguns sintomas comportamentais e cognitivos.

Pausa dramática: não, B12 não “cura autismo”. Mas, para indivíduos com deficiência comprovada e metabolismo alterado, ela pode ser um coadjuvante cientificamente interessante, elevando parâmetros metabólicos e, em alguns casos, desempenho cognitivo e comportamental.

B12 e Memória: quase um pendrive para o cérebro

A B12 virou a queridinha dos adultos justamente por outro motivo: memória. Ela é responsável por:

• Formação da bainha de mielina (o “isolamento elétrico” do cérebro).

• Produção de neurotransmissores ligados ao foco e à memória.

• Manutenção das células nervosas e prevenção de atrofia cerebral.

Em estudos com adultos, baixos níveis de B12 foram associados a pior performance cognitiva, maior risco de demência, fadiga mental e lapsos de memória (“gente, onde deixei minha chave?” nível avançado). Quando corrigida, especialmente em quem tem deficiência leve ou moderada, a memória melhora, o raciocínio volta a fluir e a energia mental reaparece. Não é milagre — é fisiologia básica fazendo seu trabalho.

Foto: Divulgação

Agora a parte que todo mundo adora: qual tipo de B12 tomar? A resposta é: depende. Mas vamos ao resumo prático e sem rodeios.

1. Cianocobalamina: Forma sintética, barata e estável que precisa ser convertida pelo organismo nas formas ativas. Funciona bem para a maioria das pessoas e é boa para suplementação geral.

2. Metilcobalamina: Forma ativa da B12. Entra direto nos ciclos de metilação e, por isso, é a queridinha para suporte neurológico, memória e estudos em TEA. Além de ser a melhor escolha para fins cognitivos e neurológicos.

3. Hidroxicobalamina: Excelente biodisponibilidade e fica mais tempo circulante no organismo. Muito usada em injetáveis, é indicada para deficiências mais graves.

4. Adenosilcobalamina: Forma ativa mitocondrial, participando diretamente da produção de energia. É mais encontrada em formulações combinadas e boa para quem tem queixas de fadiga.

5. Via oral x sublingual x injetável

• Oral: boa para manutenção.

• Sublingual: absorção mais rápida (amada por quem tem pressa).

• Injetável: quando há deficiência séria, alterações metabólicas importantes ou indicação médica específica — incluindo alguns casos dentro do TEA.

Por que está na moda, afinal?

Porque todo mundo resolveu admitir que anda com memória fraca, cansado, estressado, com déficit de atenção de adulto e, claro, cheio de exames mostrando níveis baixos de B12.

E porque, finalmente, a ciência está falando mais alto que as tendências. A vitamina B12 faz diferença real no humor, na energia, no foco e na saúde cerebral — e isso tem atraído desde a galera da estética até os biohackers.

Traduzindo, a vitamina B12 não é só moda: é necessidade fisiológica. Mas, como tudo na saúde, o segredo não está nos extremos — e sim no equilíbrio. Antes de suplementar, vale fazer exames, conversar com um profissional que entenda de metabolismo (olá!) e escolher a forma certa para o seu objetivo.

E aí fica a reflexão final: será que é cansaço… ou será que sua B12 está pedindo ajuda?

Natasha Mayer

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