O câncer de mama ainda preocupa mulheres em todo o país. Conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 73.610 novos casos devem ser registrados até o fim de 2025.

Após a retirada parcial ou total da mama afetada, a recomendação é realizar a reconstrução imediata, a fim de reduzir impactos físicos e emocionais.

O cirurgião plástico Renan Gil afirma que a reconstrução contribui diretamente para o bem-estar psicológico da paciente.

Ele lembra que a Lei nº 12.802/2013 garante a cirurgia reparadora pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“Todas as pacientes que passaram por mastectomia, seja por doenças benignas ou câncer, têm indicação para reconstrução mamária. A mama é um dos principais símbolos da feminilidade, e a perda pode afetar a autoestima da mulher. O objetivo da reconstrução é devolver-lhe a confiança e o sentimento de poder”, disse Gil.

Técnicas de reconstrução mamária pós-câncer

Gil explica que existem diferentes métodos para reconstrução após o câncer. Entre eles, estão expansores, implantes de silicone, retalho do músculo grande dorsal, retalho TRAM e retalho DIEP.

O especialista destaca que, em pacientes com mamas grandes, a equipe utiliza tecidos saudáveis restantes para reconstruir a mama.

“Para garantir simetria, ajustamos a outra mama, fazendo uma redução para que ambas fiquem com volumes semelhantes. Também realizamos mastopexia, que é o levantamento e reposicionamento das mamas”, pontuou.

Em casos de grande diferença entre a mama reconstruída e a saudável, pode ser necessária a simetrização, realizada no mesmo ato cirúrgico ou posteriormente, para reduzir riscos de complicações.

Além disso, o cirurgião também explica o uso do retalho miocutâneo do grande dorsal, indicado em mastectomia total, quando falta pele suficiente para cobrir o implante.

“Outra técnica possível é o retalho miocutâneo do TRAM, que utiliza pele e tecido do abdômen, semelhante a uma abdominoplastia, para reconstruir a mama. Por ser mais volumoso, muitas vezes dispensa o uso de implante de silicone. No entanto, trata-se de um procedimento mais complexo e com maior risco de complicações, sendo utilizado apenas em casos específicos”, detalhou Gil.

Ainda de acordo com Gil, outra opção é o uso de próteses expansoras, que aumentam gradualmente o volume da mama.

“A prótese expansora funciona como um implante inicial com volume baixo, acompanhado de uma válvula sob a pele. Ao longo dos meses, o soro fisiológico é injetado, expandindo a prótese até atingir o volume desejado”, explicou.

Tempo de cirurgia

Outro ponto importante é o tempo de duração do procedimento. Segundo Renan Gil, o período varia de acordo com cada caso.

Ele explica que aguarda o término da retirada do tumor pela mastologia, o que pode levar mais tempo, especialmente com análise do linfonodo sentinela.

“Da nossa parte, em média, é o tempo de 2h30 a 3h. Somando os procedimentos da mastologia e da reconstrução da mama afetada, leva, em média, umas 4 horas”, destacou.

O especialista reforça que pacientes com câncer apresentam maior risco de trombose. Por isso, podem precisar de tromboprofilaxia, com uso de anticoagulantes, meias compressivas e botas pneumáticas.

Ademais, ele reforça que níveis adequados de hemoglobina são essenciais e que qualquer sinal de infecção deve ser tratado antes da cirurgia.

Orientações para o pós-operatório

No pós-operatório, o uso de sutiã cirúrgico, fisioterapia e controle de movimentos auxiliam na recuperação. Pacientes submetidas à radioterapia podem apresentar cicatrização mais lenta.

“Fica mais difícil o processo de cicatrização na pele que foi irradiada. É necessário ter cuidados específicos, como uso de pomadas e medicamentos para melhorar a cicatrização. Em alguns casos, pode ocorrer contratura capsular, exigindo novo procedimento”, concluiu.

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(*) Com informações da assessoria