Com o fim do ano letivo se aproximando, é fundamental acender um alerta: o tempo de tela costuma aumentar justamente quando as rotinas afrouxam. A tecnologia não é vilã; o risco nasce do excesso, dos horários inadequados e do uso sem mediação, que se associam a pior sono, atenção e regulação emocional.
As diretrizes oficiais são claras: sem telas antes dos 2 anos; adiar o celular próprio até cerca de 12 anos; e, na adolescência, uso sempre acompanhado por adultos e conforme a classificação indicativa (Brasil, 2025; Organização Mundial da Saúde – OMS, 2019; OMS, 2020; American Academy of Pediatrics, 2016).
O sono é o primeiro a sofrer. Pesquisas científicas mostram que telas à noite se associam a menor duração e pior qualidade do sono, com mais sonolência e irritabilidade no dia seguinte. Encerrar o uso uma a duas horas antes de dormir é medida simples e eficaz (Carter et al., 2016; Gomes K et al., 2024).
Atenção e aprendizagem também são afetadas quando a exposição é alta e contínua. Estudos relacionam tempo de tela elevado a aumento de problemas de atenção ao longo do tempo. Achado brasileiro recente reforça que apenas trocar o turno escolar não resolve casos mais acentuados de desatenção. É preciso cuidar de múltiplos fatores, como sono, rotina, higiene das telas e apoio pedagógico (Swing et al., 2010; Porto et al., 2025).
Quantidade não é tudo. O efeito das telas varia conforme o conteúdo e o contexto. Rotinas com atividade física, leitura, convivência familiar e brincadeiras ao ar livre amortecem os riscos associados ao tempo sedentário e favorecem o bem-estar (Stiglic; Viner, 2019; WHO, 2020).

Lista prática de férias para pais e filhos
- Regras por idade: Sem telas antes dos 2 anos. Entre 2 e 5 anos, tempo curto e sempre com um adulto por perto. Na adolescência, mediação ativa e respeito à classificação (Brasil, 2025; WHO, 2019; AAP, 2016).
- Horário de desligar: Encerrar o uso de telas uma a duas horas antes de dormir. Evitar uso noturno no quarto.
- Zonas da casa sem tela: Quartos e mesa de refeições favorecem sono, vínculo e conversa.
- Dose e alternância: Para cada bloco de tela, equilibrar com atividades ao ar livre, jogos de tabuleiro, leitura e artes.
- Co-uso e conversa: Assistir junto, perguntar, contextualizar. A presença dos pais protege e fortalece o vínculo.
- Conteúdo adequado: Priorizar conteúdo educativo e criativo. Evitar conteúdos que gerem medo, agitação ou desinformação.
- Ajustes no aparelho: Desativar reprodução automática e reduzir notificações. Usar temporizadores de uso quando necessário.
- Acordo familiar: Elaborar um combinado claro, com horários, locais permitidos e consequências proporcionais. Rever semanalmente.
Quando buscar orientação? Se há conflitos diários por causa de telas, uso noturno persistente, perda de horas de sono, isolamento de amigos ou queda importante no rendimento, é hora de pedir ajuda. Psicoeducação, ajuste de hábitos e, quando indicado, avaliação neuropsicológica ou psiquiátrica fazem diferença. A presença e a companhia dos responsáveis, atenção às necessidades da criança e fortalecimento do vínculo são, nas férias, prevenção e cuidado (Gomes K et al., 2024; WHO, 2020).

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