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Desabastecimento

Interdição de pontes da BR-319 e seca fazem mercadorias faltarem em mercantis do Careiro da Várzea

Carnes, frango, embutidos e alimentos não perecíveis, como açúcar e feijão, já faltam nas prateleiras dos mercantis e mercadinhos da região

Foto: Marcos Holanda

Manaus (AM) – Alguns comerciantes que moram no distrito de Careiro da Várzea (distante a 24 quilômetros de Manaus), já começam a sentir as dificuldades deixadas pela interdição das pontes da BR-319 que ligam o município à capital. Carnes, frango, embutidos e alimentos não perecíveis, como açúcar e feijão, já faltam nas prateleiras dos mercantis e mercadinhos da região.

Pequenos comerciantes afirmam que o único acesso à região é via caminhão e o frete ficou mais caro, chegando a R$ 1.300 somente o valor de ida, já que a rota mudou – antes, o trajeto era direto até Manaus e agora, com a seca, precisa passar por Autazes para chegar à capital.

No Ramal do Purupurú, os comerciantes gravaram um vídeo pedindo ajuda do poder público, pois na localidade a falta de alimentos já fez alguns comércios fecharem as portas. Além do lamento, um dos representantes afirma que o transporte que agora passa por Autazes até Manaus custa, em média, R$ 2.600, ida e volta.

Veja o vídeo:

Seca é entrave

Daniel Corrêa de Moraes é dono de um açougue no distrito de Autaz Mirim, em Careiro da Várzea. O empreendedor conta que, na semana passada, uma balsa para transporte de bois saiu do Careiro com frutas e voltou, após dois dias, com mercadorias para o distrito. Devido à seca dos rios, o transporte não pode mais ser feito.

“Essa balsa foi cheia de produção. Abacaxi, banana, mamão, tudo o que é produto aqui da região. Quando ela voltou, ela veio cheia de mercadoria, que deu para abastecer aqui. Mas ela não vai mais porque está seco e os caminhões vão por Autazes”,

relata o empreendedor.

Moraes afirma que, devido à escassez de produtos no local, o preço dos produtos aumentou além do normal, e, segundo ele, “não tem como vender pelo preço de antes porque é caro o frete”.

O economista Luís Roberto Coelho aponta que a demanda é maior que a oferta, ou seja, não há muitos alimentos e há muita gente para ser alimentada.

“A situação é crítica porque não se tem uma via de escape para mobilizar o tráfego e atender as demandas de alimentos, entre outras necessidades básicas, dos municípios. Pode-se pensar em instalar uma ponte provisória ou até mesmo instalar balsas que permita trafegar um caminhão, pelo menos com carga. O problema é a vazante. Nesse caos, todos sofrem, todos pagam o preço muito alto com o desabastecimento. O Governo do Estado está tomando as providencias”,

explicou o economista.

Nesse caso, o especialista explica que há uma relação entre quantidade e preço do bem. Quando há escassez de um bem no mercado a tendência é a prática de preços mais alto, porque as quantidades disponíveis no mercado estão muito baixas e os compradores são muitos. Assim, o preço seleciona quem comprará aqueles preços mais altos.

“Quando há abundância de um bem, a tendência é praticar um preço mais baixo para dar vazão à circulação do bem. Se o preço da carne especial cair de R$ 36/kg para R$ 20/kg, muitas pessoas vão estar motivadas a comprar não só um quilo, mas muito mais”,

exemplifica Luiz Roberto.

Dificuldade no dia a dia

Jorge Luís dos Santos é morador e presidente do grupo de agricultores do Ramal do Cobra, localizado no KM 6, em Careiro da Várzea. Ele trabalha no plantio de hortaliças e frutos regionais e alega que alimentos não perecíveis também estão em falta e demoram muito para chegar ao ramal. Quando os produtos chegam, o preço está acima do normal.

Falta o alimento, o açúcar, o café, o frango, os frios, devido ao tráfego. Demora muito a chegar e quando chega aqui, está com o valor muito mais caro. Mas graças a Deus que temos lago aqui perto e podemos pegar o nosso peixe”,

conta o morador do KM 6, Jorge Luís.

Na tarde de terça-feira (18), o prefeito de Careiro da Várzea, Pedro Guedes, informou por meio de uma publicação nas redes sociais, que tem conhecimento das dificuldades que os moradores dos ramais Autaz Mirim e Curuçá, e afirmou que a prefeitura irá pagar o custeio do transporte das mercadorias que chegam até o distrito por meio de Autazes.

“Eu sei das dificuldades que vocês estão passando. Mas quero dizer a vocês que essa viagem de quem vem de Autazes, que a prefeitura vai bancar o aluguel tanto do frete do caminhão quanto das balsas. Então, fiquem tranquilos. Fiquem tranquilos que os produtos virão a custo zero”,

afirmou Pedro Guedes.

O Em Tempo entrou em contato com o Governo do Estado, mas até o fechamento da matéria não houve retorno.

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