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'aberração'

Parlamentares do AM saem em defesa da ZFM e criticam ex-diretor do Banco Central

Alexandre Schwartsman chamou o modelo, principal sustento econômico do Amazonas, de aberração

Manaus (AM)- Após a declaração do ex-diretor do Banco Central do Brasil (BC) Alexandre Schwartsman de classificar a Zona Franca de Manaus (ZFM), como ‘aberração’, parlamentares do Amazonas saíram em defesa do modelo econômico importante para o Norte.

Em entrevista no TV Cultura, na terça feira (24), ao ser questionado sobre as férias coletivas concedidas aos trabalhadores do Distrito Industrial, devido à estiagem, Alexandre respondeu criticando o modelo de desenvolvimento.

“É mais fácil perguntar: Por que diabos a indústria ‘tá’ lá e o centro consumidor está aqui? Porque tem uma aberração chamada Zona Franca de Manaus. Então, depende de todos os modais. Bom, se fosse em um lugar que ficasse perto do mercado consumidor, a gente não estaria passando por isso. Mas, agora eles têm mais cinquenta anos para aquela indústria infante, na região amazônica e quando acabar os cinquenta, a gente vai ter mais cento e vinte, que é para dar sorte”,

disse o economista.

Ao Em Tempo, o deputado federal, Amom Mandel (cidadania), afirmou que esse posicionamento do ex-diretor do Banco Central expõe sua falta de conhecimento em relação a Zona Franca de Manaus.

“A localização da Zona Franca de Manaus e a distância dela em relação ao centro consumidor são, obviamente, uma ineficiência locativa. No entanto, ela existe justamente porque o contexto social da região norte do país e da Amazônia impõe a necessidade de sua existência. Ao exprimir esse tipo de opinião, o ex-diretor do Banco Central do Brasil expõe a sua falta de conhecimento em relação ao programa social, que é a Zona Franca de Manaus, e que impede, por exemplo, um retrocesso ambiental na região e o desenvolvimento mais forte de atividades voltadas ao extrativismo”,

declarou.

O presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), vereador Caio André (Podemos), defendeu o modelo Zona Franca e repudiou as falas preconceituosas do economista. De acordo com vereador, Alexandre demonstrou desconhecimento sobre o modelo sustentável, que emprega mais de 500 mil pessoas direta e indiretamente.

“Nós vivemos em uma federação, há a necessidade da integração nacional, é isso que aquele cidadão não entende. Aqui não é um polo só de montagem, é o segundo polo de produção de aparelhos de ar condicionado do planeta, o maior do país; polo de duas rodas, polo de indústria plástica, temos uma indústria pujante que existe graças aos incentivos fiscais”,

detalhou Caio André.

O presidente da CMM subscreveu a Moção de Repúdio nº 417/2023, de autoria do vereador Lissandro Breval (Avante), que manifesta repúdio às falas preconceituosas proferidas à Zona Franca de Manaus.

“Eu subscrevo a Moção, é algo comum a todos os vereadores, todos nós temos esse sentimento de repúdio às palavras esdrúxulas por esse suposto economista, que infelizmente deu essa entrevista, trazendo toda essa desinformação ao país”,

detalhou Caio André.

Durante a sessão plenária da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) desta quarta-feira (25),  o deputado Sinésio Campos (PT), não poupou críticas ao ex-diretor do Banco Central.

“Cara de nazista, mau-caráter, sem-vergonha. Vem para cá, bandido, para você ver o quê que é. Esse tipo de gente é quem quer arrancar cada moeda. Eles querem ter a floresta amazônica preservada, mas esquecem que aqui existem homens e mulheres que precisam viver com dignidade. É esse tipo de figura que na reforma tributária quer retirar os incentivos da ZFM”,

afirmou o deputado.

O deputado estadual Wilker Barreto (Cidadania) definiu as falas de Schwartsman como “infelizes” e anunciou que irá apresentar um requerimento à TV Cultura manifestando repúdio às palavras do economista.

“O Amazonas não pode ser norteado pela fala de um imbecil. Aquele economista desconhece o posicionamento estratégico que o nosso estado tem e desconhece a importância da ZFM. Farei um requerimento à TV Cultura. Pelo menos, chamem também o contraditório, chamem alguém que conheça o modelo da ZFM”,

reforçou o político.

O ex-deputado federal Marcelo Ramos publicou um vídeo em seu perfil, em que desaprova a declaração do economista.

“Ele teve uma atitude desrespeitosa com o povo do Amazonas e com o Brasil. O grande inimigo da Zona Franca hoje é a ignorância, o preconceito, o desconhecimento da realidade de um país, de dimensões continentais muito diversos, com desigualdades regionais muito profundas e que, portanto, não cabe na cabeça de quem pensa que o Brasil é apenas São Paulo”,

afirmou em um trecho do vídeo.

Em pronunciamento na Câmara, na noite desta terça-feira (24), o deputado federal Saullo Vianna (União-AM), rebateu de maneira dura e didática a declaração polêmica do economista Alexandre Schwartsman. Segundo o deputado, o modelo de desenvolvimento econômico instalado em Manaus, faz com que os amazonenses tenham oportunidade de trabalho, de renda e entrega grande contrapartida para o mundo.

“No Amazonas moram mais de quatro milhões de habitantes que têm direito de ter trabalho, renda, de se alimentar e ter sua cidadania respeitada. O senhor precisa ter uma aula de geografia para conhecer o seu país e uma aula de história para respeitar a Zona Franca de Manaus e o estado do Amazonas”, disse em seu pronunciamento direcionado a Alexandre Schwartsman.

Ferrenho defensor do modelo, Saullo ressaltou a importância econômica da ZFM para a região e para o país como um todo.

“Esse modelo ajuda a desenvolver o Amazonas. Nos primeiros sete meses, de janeiro a julho, a Zona Franca de Manaus faturou R$ 98 bilhões, emprega mais de 500 mil amazonenses de maneira direta e indireta, além de dar uma contrapartida importante para o Brasil e para o mundo que é a preservação de mais de 90% da floresta em pé”,

afirmou o deputado.

Coincidência

As falas com ataque de Alexandre Schwartsman à ZFM pode parecer casual, afinal, pelo fato de ter sido questionado pelo Jornal da Cultura a falar sobre os impactos econômicos da seca no mercado. A coincidência é que sua declaração acontece no momento em que os interesses da ZFM e de outras regiões, serão votados no Senado, na tramitação da reforma tributária.

O formador de opinião ataca uma parte da Amazônia que se beneficia de intenções tributárias e ignora que seu Sudeste é campeão despesas fiscais.

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