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Eleições 2024

Pré-candidato, Roberto Cidade denuncia ataques de robôs nas redes sociais

Cidade não foi o único pré-candidato à Prefeitura de Manaus que sofreu ataques de robôs nos últimos meses

Foto: Divulgação

Manaus (AM) — O Deputado Estadual e pré-candidato à Prefeitura de Manaus, Roberto Cidade (União Brasil), denunciou nesta terça-feira (21), em suas redes sociais, que seu perfil do Instagram foi alvo ataques virtuais, no último final de semana, por meio de robôs com perfis fakes.

Segundo Cidade, esses ataques tinham como objetivo diminuir o alcance da rede social dele junto aos manauaras internautas.

“No último final de semana, meu perfil no Instagram foi atacado por robôs que o infestaram com falsos seguidores, com o objetivo de espalhar fake news e diminuir o alcance da minha rede social. Agora, vejam a coincidência”.

O CEO da Vorax Segurança Cibernética, Eduardo Araújo, explicou como os robôs agem nos meios digitais.

“Se você buscar no Google por termos como “comprar seguidores”, “mudar voz com IA” ou “fazer caricatura com IA”, encontrará diversos sites e empresas que distribuem esse tipo de serviço. Um usuário, por exemplo, pode pagar R$ 1,60 para comprar 1.000 seguidores falsos, com o objetivo de destruir o engajamento de um perfil específico”,

explicou.

O profissional relatou ainda sobre a ação recorrente de ataques cibernéticos que ocorrem nos perfis-alvos.

“Esses perfis falsos são usados para sobrecarregar uma determinada página, afetando seu engajamento. Plataformas como Instagram, Facebook e TikTok entregam conteúdo apenas para uma parte dos seguidores; se você tiver seguidores falsos, quem vai consumir seu conteúdo são perfis que não possuem usuários reais”,

detalhou o CEO da Vorax.

Essa não é a primeira vez que um pré-candidato à Prefeitura de Manaus sofre ataques de robôs em redes sociais. O atual prefeito David Almeida denunciou, no final de 2023, que foi vítima “deep fake”. O áudio criado com uso de Inteligência Artificial (IA) criou uma indisposição com os professores da rede municipal, e segundo a Polícia Federal, o arquivo compartilhado tratava de uma montagem, utilizando fragmentos de outros tipos de áudios e manipulações de conteúdo.

Em janeiro deste ano, Almeida voltou a denunciar novos ataques de difamação. Segundo o prefeito, ao buscar o nome de David Almeida no Google, o maior buscador da web, os usuários encontram um conteúdo criado por criminosos (backlink) em que ele é identificado como ex-prefeito de Manaus. Além disso, com uso de automação simultânea, foi impulsionado um conteúdo difamatório, que tenta ligar o prefeito a um caso desmentido desde as eleições de 2020.

Usuários encontram no Google um conteúdo criado por criminosos Foto: Divulgação

Medidas do TSE

A Inteligência Artificial é um dos assuntos mais comentados dos últimos anos — e o impacto dela nas eleições municipais de 2024 no Brasil será inevitável. A estimativa é de mais de 150 milhões de eleitores espalhados pelos 5,5 mil municípios do país em que serão disputados os cargos — e assim, deverão ser influenciadas pelas campanhas capitaneadas pelos recursos tecnológicos que reproduzem padrões de comportamento semelhantes aos humanos.

Pensando nos reflexos da IA diante de mais um processo eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publicou uma resolução, em fevereiro, para regulamentar o uso dessa tecnologia durante as eleições a serem realizadas em outubro.

Para Alexander Coelho, sócio do escritório Godke Advogados, especializado em Direito Digital e Proteção de Dados, a resolução do TSE estabelece marcos regulatórios significativos. Entre os pontos mais impactantes está a proibição explícita de manipulação de conteúdo falso para criar ou substituir imagem, ou voz de candidato, o que diretamente impede o uso de deepfakes com intenções maliciosas.

“A limitação no uso de chatbots e avatares para simular interações humanas também é crucial, pois garante que os eleitores estejam cientes de quando estão interagindo com a IA, mantendo a transparência na comunicação”. Essas medidas visam preservar a autenticidade das informações e a confiança no processo eleitoral.

Na visão do advogado, a medida adotada pelo TSE pode contribuir para o combate às fake news, principalmente ao estabelecer diretrizes claras para o uso de IA e ao responsabilizar as plataformas de redes sociais pela circulação de conteúdos inverídicos ou descontextualizados.

“No entanto, a eficácia no combate às fake news não se resume apenas a regulamentação, mas também à educação digital, ao desenvolvimento de tecnologias de detecção de conteúdo falso e à colaboração entre empresas de tecnologia, autoridades e sociedade civil”,

ponderou Coelho.

As consequências para o uso indevido de IA podem variar desde sanções administrativas, como multas e advertências, até implicações criminais, dependendo da gravidade do ato e do dano causado ao processo eleitoral.

“O uso de IA para difamar candidatos ou manipular o eleitorado pode resultar em processos judiciais, perda de mandato e inelegibilidade. O TSE e outras autoridades competentes têm o poder de aplicar essas sanções para assegurar a integridade das eleições e a confiança pública nas instituições democráticas”, concluiu.

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