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Levantamento

Monitoramento aponta descida do nível do rio Madeira nos últimos dias

Em contrapartida, o Rio Negro, em Manaus, passa por um processo de cheia, porém mais lento que o normal

Nível do rio Madeira apresentou queda nas proximidades de Humaitá
Nível do rio Madeira apresentou queda nas proximidades de Humaitá. Foto: Reuters

Manaus (AM) – O boletim da Agência Nacional de Águas, divulgado nesta segunda-feira (3), revelou que o rio Madeira caiu 1,53m em altura nas proximidades do município de Humaitá (distante 591 quilômetros de Manaus), no interior do Amazonas. No dia 30 de maio, a cota estava em 16,37 metros e, no dia 3 de junho, em 14,84 metros. Ainda que não esteja no período oficial de vazante, a situação é preocupante, já que o nível do rio não se recuperou totalmente desde a seca histórica registrada em 2023.

Em Porto Velho (RO), o rio Madeira também apresentou o mesmo comportamento. No dia 30 de maio, a cota do rio estava em 8,31 metros. Quatro dias depois, no dia 3 de junho, o rio estava com a cota em 7,83 metros, o que representou uma queda de 48 centrímetros.

Em contrapartida, o Rio Negro, em Manaus, passa por um processo de cheia, porém mais lento que o normal. No dia 1º de junho, o nível das águas estava em 26,49 metros. Já nesta terça-feira (4), a cota chegou aos 26,58 metros. Os dados são do Porto de Manaus.

Estado de alerta

Foto: Divulgação/Robson Almeida/Defesa Civil-AM

Em um período considerado como propício para a recuperação de calhas do Amazonas, a descida de duas calhas em maio acendeu um alerta entre os especialistas da Defesa Civil do estado.

No dia 21 de maio, o Secretário Executivo da Defesa Civil do Amazonas, Cel. BM Francisco Máximo, declarou que é preciso consumir alimentos de forma mais racional, além de pontuar que alertou 90 instituições do Amazonas para que todos se preparem para as situações decorrentes do período de estiagem.

“Nós precisamos consumir de forma racional e evitar desperdícios dos recursos disponíveis, e aí eu me refiro a alimento, energia, água, combustível. Temos que ser racionais, porque, com o nível dos rios baixando, as empresas que fornecem esses recursos também terão dificuldade no tratamento e, consequentemente, na distribuição”,

destacou o secretário da Defesa Civil.

Mesmo que as movimentações iniciais de descida em algumas calhas já tenham iniciado, o pico da seca está programado para ocorrer apenas em outubro. Neste momento, a Defesa Civil recomenda que a população evite desperdício de alimentos de bebidas, pois no período mais crítico da vazante é esperado que o preço de alimentos e bebidas subam.

“Isso também não é um alarde para que todo mundo saia agora, nesse momento, fazendo grandes estocagens. Precisamos só ser racionais, porque toda a cadeia sistêmica está informada, e eu me refiro à indústria, ao comércio, ao lojista, à saúde, à educação, ao governo federal, estadual, às prefeituras, às defesas civis. Foi um trabalho gigantesco para levar informação e preparação para garantirmos que o estado do Amazonas esteja preparado para enfrentar esse desastre da estiagem”,

enfatizou o coronel.

Estiagem 2024

Foto: Divulgação

De janeiro até abril deste ano, o Governo do Amazonas já realizou mais de 80 reuniões com diversos setores, incluindo indústrias, empresas privadas, órgãos municipais, estaduais e federais, para fornecer informações e coordenar ações de prevenção sobre o enfrentamento de uma possível estiagem severa em 2024. Os encontros foram determinados pelo governador Wilson Lima, que reuniu com secretários de Estado para alinhar previamente estratégias que possam reduzir o impacto da seca em 2024.

De acordo com o secretário executivo da Defesa Civil do Amazonas, coronel Francisco Máximo, o governo realizou reuniões com o Tribunal Regional Eleitoral, concessionárias de Energia e Saneamento e Água, empresas de transporte e logística, prefeitos e secretarias municipais, Ministério Público de Contas e empresas de telecomunicação. O objetivo é garantir que os serviços não sejam interrompidos.

“O governador Wilson Lima tem determinado que façamos, com a devida antecedência, todos os planejamentos necessários para garantir que o estado esteja preparado para a estiagem. Dentro dessas ações preparatórias já fizemos reuniões com 88 instituições tanto a nível federal, estadual, municipal e entidades públicas e privadas”, disse o secretário da Defesa Civil.

Combate aos focos de incêndio

Outra preocupação é o combate aos focos de incêndio que podem aumentar no período de estiagem, levando em consideração as condições climáticas e o fenômeno El Niño, que intensificaram a seca de 2023, facilitando a disseminação do fogo.

Segundo o secretário de Estado de Meio Ambiente (Sema), Eduardo Taveira, algumas estratégias já estão sendo antecipadas através de projetos com o Governo da Alemanha. O trabalho deve ocorrer de forma integrada com outros órgãos estaduais.

“São recursos que já estão sendo empregados para a gente montar uma estrutura de prevenção nos municípios prioritários. A ideia é que a gente possa trabalhar integrado com o Ipaam e com o Corpo de Bombeiros. Esses recursos estão sendo disponibilizados para estruturar nesse período esses pontos de atenção, inclusive, já prevendo o treinamento das brigadas que acontecerão em nove municípios que têm os maiores focos de queimadas”, afirmou o secretário.

Abastecimento de energia elétrica

Em fevereiro deste ano, o Governo do Amazonas apresentou a síntese do prognóstico de estiagem para o ano de 2024, para órgãos, autarquias e representantes de empresas fornecedoras de energia elétrica do estado. O relatório apresenta dados e informações sobre as previsões meteorológicas, níveis dos rios e possíveis impactos.

A reunião contou com a participação de representantes da Secretaria de Estado de Energia, Mineração e Gás (Semig), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Nacional de Petróleo, Companhia de Gás do Amazonas (Cigás), Amazonas Energia, Oliveira Energia, Aggreko, Atem, Ream entre outras.

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