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PL DO ABORTO

Contadora de histórias faz performance contra procedimento de aborto no Senado; vídeo

Ato ocorreu durante audiência pública no Senado que discute a assistolia fetal como método para interrupção de gestações, nesta segunda-feira

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) convidou uma contadora de histórias para interpretar um texto contrário à assistolia fetal como método de aborto legal, nesta segunda-feira (17), durante a audiência no Senado Federal que debate o procedimento.

Nyedja Gennari, que nas redes sociais se identifica como contadora de histórias, escritora, professora e arte educadora, narrou em cerca de cinco minutos um texto fictício sobre um suposto feto no dia em que foi submetido ao procedimento de assistolia fetal.

“Essa história, embora trágica, dolorosa, é um chamado à reflexão para que todos compreendam a seriedade e as consequências do aborto”, disse, ao final da performance.

Nas redes sociais, antes da apresentação, Nyedja falou sobre a expectativa para o momento. “Um texto profundo, pesado, torçam por mim”, afirmou.

A assessoria do senador Girão confirmou que a equipe do parlamentar foi responsável pelo convite, e que a participação ocorreu de forma voluntária.

VÍDEO:

Repercussão

Segundo relatou à reportagem, esta não é a primeira vez que Nyedja foi convidada por Girão para contar histórias. Antes, entre 2019 e 2022, chegou a ser auxiliar do senador Izalci Lucas (PL-DF), realizando apresentações semelhantes para eventos do parlamentar.

Logo após a performance desta segunda, o trecho repercutiu nas redes sociais e gerou um “movimento de ódio”, segundo avaliação de Nyedja.

“Em nenhum momento fui a favor de estuprador. Minha história era para falar da assistolia fetal”, disse. “O que estou vendo são ameaças, até ameaças de que vão me bater”, acrescentou.

Por conta disso, a contadora de histórias afirmou que decidiu privar sua conta no Instagram e ir a uma delegacia prestar queixa. “Por que eu sou contra o aborto isso pode acontecer?”, questionou.

O requerimento que propôs a audiência informava que o objetivo era “discutir o procedimento de assistolia fetal previamente aos procedimentos de interrupção da gravidez, nos casos de aborto previsto em lei, quando houver probabilidade de sobrevida do feto em idade gestacional acima de 22 semanas, e a Resolução nº 2.378/24, do Conselho Federal de Medicina (CFM)”.

Compareceram, dentre outros convidados, o presidente do CFM, José Hiran da Silva Gallo, e representantes do movimento pró-vida, como a presidente do Movimento Brasil sem Aborto, Lenise Garcia.

Projeto do aborto

O debate ocorre em meio à polêmica do PL 1094/24, em discussão na Câmara dos Deputados, que propõe equiparar o aborto realizado após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio simples.

“Faz umas duas semanas que nós aprovamos essa sessão e no remanejamento de datas, por providência, não existe o acaso, essa sessão está ocorrendo após um final de semana intenso de manifestações na sociedade, matérias jornalísticas, nas redes sociais, que causa comoção”, disse o senador sobre o tema.

O que é a assistolia fetal?

O procedimento médico consiste na injeção de substâncias no feto, que levam o coração a parar de bater, antes da interrupção da gravidez.

A assistolia fetal é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a realização abortos em que a idade gestacional passa de 20 semanas.

No dia 3 de abril, o Conselho Federal de Medicina (CFM), na resolução 2.378/2024, proibiu a realização do procedimento de assistolia fetal, “ato médico que ocasiona o feticídio, previamente aos procedimentos de interrupção da gravidez nos casos de aborto previsto em lei, ou seja, feto oriundo de estupro, quando houver probabilidade de sobrevida do feto em idade gestacional acima de 22 semanas”.

No mesmo mês, a Justiça Federal em Porto Alegre suspendeu a norma, mas a resolução voltou a valer após o Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região derrubar a decisão.

Em maio, a norma foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por decisão monocrática do ministro Alexandre de Moraes, em resposta a uma ação protocolada pelo PSOL.

O ministro considerou que houve “abuso do poder regulamentar” por parte do CFM, uma vez que o aborto no caso de gravidez resultante de estupro é permitido no Brasil.

A resolução segue sem validade, enquanto o Supremo não emitir julgamento definitivo, o que não há prazo para ocorrer.

*Com informações da CNN

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