A fusão do Podemos com o PSDB e Republicanos, no cenário nacional, vem levantando discussões e refletindo paradigmas no Amazonas em relação ao comando da legenda no Estado.
Nessa disputa, estão a atual presidente do partido no Amazonas, deputada estadual Alessandra Campêlo (Podemos), o senador Plínio Valério (PSDB) e, agora, o deputado federal Silas Câmara (Republicanos).
Plínio Valério já anunciou à reportagem do Em Tempo que será o novo comandante do novo “Podemos” no Amazonas.
“Mesmo com a fusão, vou permanecer no partido. Outra questão: sendo senador, irei comandar o partido”, disse Plínio.
Alessandra Campêlo e Silas Câmara não comentaram sobre a fusão dos partidos.
Silas Câmara apenas adiantou à reportagem, em conversa na semana passada, que a federação que estava em andamento entre o Republicanos, União Brasil e Progressistas foi descartada.
O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, disse em entrevista para o Poder360 que há uma boa chance de a sigla se fundir com o Podemos.
Em março, o tucano também se reuniu com o Republicanos. Perillo disse que foi uma “boa” conversa com o partido do presidente da Câmara, Hugo Motta.
O PSDB foi o partido que mais perdeu cadeiras nas prefeituras em 2024. No Congresso Nacional, a legenda ocupa 13 cadeiras na Câmara e 3 no Senado.
Descartado
O partido até tentou conversar com o PSD, do senador Omar Aziz, mas não houve pacificação nas discussões.
O especialista e cientista político Carlos Santiago disse que é preciso destacar algumas diferenças em relação ao que se discute para a incorporação das legendas.
“Incorporação significa, por exemplo, que um partido é absorvido por outro, por uma outra sigla, como aconteceu com o PPL que foi incorporado ao PCdoB. Mas há também a federação, que é uma união de siglas partidárias com objetivo comum, mas que tem data para finalizar essa federação, que deve demorar no mínimo quatro anos, usada principalmente no processo eleitoral, mantendo a autonomia das siglas”, explicou o especialista.
No entanto, conforme o cientista político, do ponto de vista jurídico, sendo apenas uma personalidade dentro de um processo eleitoral, com o fim das coligações proporcionais, as siglas, muitas delas, optaram por federações.
“A fusão significa que uma, duas ou mais siglas se unem para o surgimento de uma outra sigla. As siglas que se fundiram não irão existir mais, existirá uma outra sigla, que é o que aconteceu com o Democratas e o PSL, cuja fusão deu no partido União Brasil. Essa fusão do PSDB, do Republicanos e do Podemos têm alguns fatores que devem ser colocados, um deles é o fato de que estão buscando um protagonismo político maior do que o que têm nos dias atuais, como siglas que não possuem grandes nomes nacionais, com destaque para participar de uma candidatura presidencial”, ressaltou.
Carlos Santiago indagou que a fusão entre PSDB e Podemos tem uma grande contradição, porque o partido dos tucanos tem uma história ligada à social democracia, é um partido de intelectuais com uma visão de um estado de bem-estar social, já o Podemos é um partido de direita, de centro-direita, assim como os Republicanos.
“Os Republicanos, um partido claramente conservador de direita, talvez saia disso tudo um grande ‘Frankenstein’ do ponto de vista ideal, ou então os militantes históricos do PSDB terão que se curvar diante de uma nova sigla de direita. O que, na verdade, o Brasil precisa não de partidos de direita ou de esquerda”, disse o especialista.
Segundo o especialista, o país precisa de um partido mais social-democrata, de centro, que agregue novas forças políticas para se contrapor a essa polarização que temos hoje. “Mas, do jeito que está indo essa fusão, pode ser que seja mais do mesmo dentro do campo de centro-direita. Já temos bastantes partidos povoando essa tendência ideológica”, disse.
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