Neste domingo (29), o Exército de Israel ordenou que palestinos deixassem áreas no norte da Faixa de Gaza, sinalizando uma intensificação dos combates contra o Hamas. A orientação coincide com novos esforços diplomáticos por um cessar-fogo, liderados por Egito, Catar e Estados Unidos.

A ordem de retirada atinge as regiões de Jabalia e grande parte da Cidade de Gaza. Moradores receberam alertas por mensagens de texto e em comunicado publicado no X (antigo Twitter), informando que deveriam seguir em direção a Al-Mawasi, em Khan Younis, área designada por Israel como zona humanitária.

“As Forças de Defesa (de Israel) estão operando com extrema força nessas áreas, e essas operações militares vão aumentar, se intensificar e se estender para o oeste, até o centro da cidade, para destruir as capacidades das organizações terroristas”, informaram os militares.

Trump pede acordo para libertar reféns

Enquanto os combates se intensificam, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, utilizou a rede Truth Social para pedir o fim da guerra:

“Façam o acordo em Gaza e recuperem os reféns”, escreveu Trump na manhã deste domingo.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deve se reunir hoje com a liderança militar para avaliar o progresso da ofensiva. Um alto funcionário da segurança informou que o exército comunicará ao premiê que a campanha está próxima de atingir seus objetivos, mas alertará que a expansão dos combates pode colocar em risco os reféns israelenses ainda em poder do Hamas.

Bombardeios deixam mortos em Gaza

Relatos de médicos e moradores indicam que os ataques aéreos em Jabalia destruíram diversas casas, resultando em pelo menos seis mortos. Em Khan Younis, outros cinco palestinos morreram após um ataque a um acampamento próximo a Al-Mawasi.

Outros 12 civis foram mortos em diferentes pontos do território, elevando o total de mortos no domingo para pelo menos 23, segundo médicos locais.

No Hospital Nasser, em Khan Younis, familiares se despediram dos corpos das vítimas. Entre eles, Zeyad Abu Marouf, que perdeu três filhos e teve um quarto ferido no bombardeio:

“Há um mês, eles (Israel) nos disseram para ir para Al-Mawasi (em Khan Younis) e ficamos lá por um mês. Era uma zona segura”, disse.
“Pedimos a Deus e aos árabes que ajam e acabem com esta ocupação e a injustiça que está acontecendo contra nós”, afirmou à Reuters.

Novo esforço por cessar-fogo ganha força

A nova escalada ocorre em meio a um esforço renovado de mediação por parte de Egito, Catar e EUA. O objetivo é interromper os combates que duram 20 meses e negociar a libertação de reféns israelenses e estrangeiros.

A preocupação internacional também cresce em relação à distribuição de ajuda humanitária em Gaza. Hospitais e autoridades palestinas informam que centenas de pessoas morreram nas últimas semanas perto de pontos de distribuição de alimentos.

O Hamas afirmou à Reuters que está pronto para retomar as negociações de cessar-fogo, mas mantém a exigência de que qualquer acordo encerre a guerra e garanta a retirada total de Israel do território. O grupo também disse que só libertará os reféns restantes — dos quais se acredita que cerca de 20 ainda estejam vivos — mediante um acordo definitivo.

Israel, por sua vez, insiste que só encerrará a guerra quando o Hamas for completamente desarmado e desmantelado. O grupo islâmico se recusa a depor as armas.

Guerra já matou mais de 56 mil palestinos

O conflito teve início em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas atacou Israel, matando 1.200 pessoas e fazendo 251 reféns, segundo dados israelenses. Desde então, a ofensiva militar de Israel causou a morte de mais de 56 mil palestinos, conforme o Ministério da Saúde de Gaza, e forçou o deslocamento de quase toda a população de 2,3 milhões de pessoas, agravando a crise humanitária no enclave.

(*) Com informações da CNN Brasil

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