Israel realizou três ataques aéreos contra instalações da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, na segunda-feira (21). Segundo a agência da ONU, os alvos foram a residência de funcionários e o principal armazém da organização, comprometendo as operações humanitárias em meio à catástrofe no território.
A OMS informou que os ataques causaram incêndios e danos graves, colocando em risco a vida de seus funcionários e familiares, incluindo crianças.
Funcionários detidos e revistados sob a mira de armas
De acordo com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, dois membros da organização e dois familiares foram detidos por militares israelenses. Três foram libertados posteriormente, mas um funcionário segue preso.
“A OMS exige a libertação imediata do funcionário detido e a proteção de todos os seus funcionários”, afirmou Tedros.
Segundo a agência, soldados israelenses invadiram os prédios, forçaram mulheres e crianças a deixar as instalações a pé e revistaram os presentes sob a mira de armas, com algemas e ordens para se despirem.
ONU denuncia cerco humanitário a Gaza
A OMS declarou que manterá presença em Deir al-Balah e que tentará expandir as operações apesar da destruição do armazém principal e da necessidade de transferir 43 funcionários e familiares.
“A vida em Gaza está sendo implacavelmente pressionada”, alertou a organização. “Um cessar-fogo não é apenas necessário, está atrasado.”
A zona de retirada de civis em Deir al-Balah, definida por Israel, tem apenas 5,6 km² e abrigava entre 50 mil e 80 mil pessoas. Agora, 87,8% do território de Gaza está sob ordens de evacuação ou é considerado zona militar, segundo a ONU, deixando 2,1 milhões de civis confinados a 12% da área.
Fome se espalha entre civis e agentes humanitários
Segundo a Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC), 100% da população de Gaza está em risco de crise alimentar devido às restrições impostas por Israel à entrada de ajuda. O diretor do hospital Al-Shifa, Mohamed Abu Salmiya, relatou que 21 crianças morreram de fome em apenas 72 horas.
O chefe da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, classificou a situação como “inferno na Terra”. “Muitos estão desmaiando devido à fome e à exaustão”, disse.
Mais de 1.000 mortos ao tentar conseguir alimentos
A ONU denunciou que o Exército israelense matou mais de 1.000 pessoas que tentavam obter comida desde o fim de maio, a maioria próxima das instalações da Fundação Humanitária de Gaza (FHG), apoiada por EUA e Israel.
“Até 21 de julho, registramos 1.054 pessoas mortas em Gaza enquanto tentavam obter alimentos”, informou o Alto Comissariado para os Direitos Humanos à agência AFP.
Patriarca de Jerusalém denuncia miséria em Gaza
O cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém e nome cotado para o papado antes da escolha de Leão 14, visitou Gaza e criticou a situação no território.
“Vimos homens esperando ao sol durante horas com a esperança de receber uma simples refeição”, disse em coletiva. “É moralmente inaceitável e injustificável.”
Em 2023, ele chegou a se oferecer como refém em troca da libertação de crianças sequestradas pelo Hamas.
(*) Com informações da Folha de S.Paulo
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