Mais de 100 organizações de direitos humanos e assistência humanitária emitiram nesta quarta-feira (22) um apelo urgente para que governos do mundo intervenham diante do agravamento da crise alimentar na Faixa de Gaza.

O comunicado, assinado por 111 entidades — entre elas Médicos Sem Fronteiras, Conselho Norueguês para Refugiados e Refugees International —, pede um cessar-fogo permanente e o fim imediato das restrições impostas por Israel à entrada de suprimentos básicos.

Ajuda humanitária bloqueada nas fronteiras

As organizações denunciam que toneladas de alimentos, água e medicamentos estão retidas nas fronteiras, sem acesso à população.

“Nossos colegas e aqueles a quem servimos estão morrendo lentamente. Enquanto o cerco do governo israelense mata de fome a população de Gaza, os trabalhadores humanitários agora se juntam às mesmas filas de alimentos, correndo o risco de serem baleados apenas por tentarem alimentar suas famílias”, afirma o texto.

As entidades pedem a suspensão de bloqueios militares e burocráticos, abertura imediata de todas as travessias terrestres e retomada do fluxo de ajuda sob coordenação das Nações Unidas.

Pedido por medidas concretas e suspensão de envio de armas

O documento também exige ações diretas dos países aliados de Israel, como a interrupção de transferências de armas, argumentando que o apoio militar alimenta a continuidade do cerco.

Além da fome, os ataques aéreos e terrestres israelenses já deixaram mais de 59 mil palestinos mortos desde outubro de 2023, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Israel nega responsabilidade pela falta de alimentos no território e mantém controle rígido sobre as entradas de ajuda.

Mortes em filas por comida aumentam o drama humanitário

Segundo os relatos das entidades, mais de 800 pessoas morreram recentemente enquanto tentavam acessar alimentos, em meio a tiroteios próximos a centros de distribuição. Muitos desses locais são operados pela Fundação Humanitária de Gaza (FHG), apoiada pelos Estados Unidos, mas criticada pela ONU pela suposta falta de neutralidade.

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