A Academia Brasileira de Letras (ABL) elegeu nesta quinta-feira (14) o escritor amazonense Milton Hatoum para ocupar a Cadeira nº 6 do Quadro dos Membros Efetivos. A vaga estava aberta desde a morte do acadêmico e jornalista Cícero Sandroni.
Foi a primeira candidatura de Hatoum à ABL, onde obteve ampla maioria na votação: 33 votos. O outro candidato votado foi Antônio Campos, com um voto. Também estavam inscritos Eduardo Baccarin-Costa, Cezar Augusto da Silva, Paulo Renato Ceratti e Angelos D’Arachosia.
Repercussão: “O maior escritor brasileiro vivo”
A eleição de Hatoum foi celebrada por membros da ABL. O presidente da Academia, Merval Pereira, afirmou:
“Ele é o maior escritor brasileiro vivo e é um romancista de primeira ordem. Vai ser muito útil para a gente, já colabora muito com a Revista Brasileira, agora vai ter a oportunidade de colaborar mais ainda.”
O acadêmico Ruy Castro destacou a relevância da nova geração de escritores:
“Grande contribuição, grande romancista, representante de uma geração de ficcionistas. […] É uma geração mais jovem que está chegando e tem uma grande contribuição a dar.”
Miriam Leitão, que votou pela primeira vez, também comentou:
“Hatoum é um grande romancista, de primeira grandeza e categoria da literatura brasileira. Chega trazendo todos os ecos do Brasil. Um Brasil que vem da Amazônia. A literatura dele é riquíssima, belíssima.”
Trajetória acadêmica e literária de Milton Hatoum
Milton Hatoum nasceu em Manaus (AM), em 1952. Ao longo de décadas, consolidou-se como um dos principais autores da literatura brasileira contemporânea.
Estudou arquitetura na USP, foi orientado por Milton Santos, e morou em cidades como Madri, Paris e São Paulo. Lecionou na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e foi professor visitante em instituições como a Sorbonne, Yale, Stanford e Berkeley.
Obras marcantes e prêmios literários
Entre suas obras mais conhecidas estão:
- “Dois irmãos” (2000): adaptado para minissérie da TV Globo; publicado em 17 países.
- “Cinzas do Norte” (2005): vencedor do Prêmio Jabuti, Grande Prêmio da Crítica (APCA), Prêmio Bravo! de Literatura e Portugal Telecom.
- “Órfãos do Eldorado” (2008): adaptado para o cinema.
- “A cidade ilhada” (2009): coletânea de contos.
- “Um solitário à espreita” (2013): seleção de crônicas.
- Trilogia “O lugar mais sombrio”: composta por A noite da espera (2018), Pontos de fuga (2019) e, a ser lançado em outubro de 2025, Dança de enganos.
Seus livros somam mais de 500 mil exemplares vendidos, com forte recepção crítica no Brasil e no exterior.
Reconhecimento internacional e contribuições acadêmicas
Hatoum foi nomeado Officier de l’Ordre des Arts et des Lettres pelo governo francês em 2017. Ganhou também o Prêmio Juca Pato (Intelectual do Ano) e o Prix Roger Caillois, ambos em 2018.
Participou de seminários em diversas universidades e instituições, incluindo Biblioteca do Congresso (EUA), Oxford, Sorbonne, e American University of Beirut.
Além de escritor, é tradutor e ensaísta, tendo traduzido autores como Flaubert, Edward Said e Marcel Schwob. Publica artigos e ensaios em revistas e jornais do Brasil e do exterior.
Hatoum na ABL: representatividade e renovação
A chegada de Hatoum à ABL simboliza uma renovação geracional e geográfica na instituição, ao trazer à cena um autor profundamente ligado à Amazônia e à diversidade cultural brasileira.
Sua eleição reforça o papel da Academia na valorização da pluralidade de vozes da literatura nacional, conectando tradição e contemporaneidade.
(*) Com informações do G1
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