A Assembleia-Geral da ONU aprovou nesta sexta-feira (12) a “Declaração de Nova York”, que busca dar um novo impulso à proposta de criação de dois Estados — Israel e Palestina — mas exclui o grupo Hamas de qualquer papel soberano em Gaza.
A resolução teve 142 votos favoráveis, incluindo o Brasil, 10 contrários, entre eles Israel e Estados Unidos, e 12 abstenções. O texto condena o Hamas e exige que o grupo terrorista entregue as armas.
O texto, proposto por França e Arábia Saudita, afirma de forma categórica:
“Condenamos os ataques perpetrados no 7 de Outubro pelo Hamas contra civis”, diz a declaração.
“O Hamas deve libertar todos os reféns” ainda sob seu poder em Gaza.
Além disso, determina que o Hamas não poderá exercer soberania sobre Gaza:
“No contexto da finalização da guerra em Gaza, o Hamas deve deixar de exercer sua autoridade sobre a Faixa de Gaza e entregar suas armas à Autoridade Palestina, com o apoio e a colaboração da comunidade internacional, em conformidade com o objetivo de um Estado palestino soberano e independente.”
Israel critica resolução e diz que ONU ignora realidade
O governo israelense rejeitou publicamente a declaração aprovada na Assembleia-Geral. Em nota publicada na rede X (antigo Twitter), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Oren Marmorstein, criticou duramente o texto:
“Mais uma vez, ficou provado o quanto a Assembleia-Geral é um circo político distante da realidade: nas dezenas de cláusulas da declaração endossadas por esta resolução, não há uma única menção ao fato de que o Hamas é uma organização terrorista.”
ONU prepara nova cúpula e países anunciam apoio ao Estado palestino
A votação antecede uma nova cúpula da ONU, copresidida por Riad e Paris, marcada para 22 de setembro, em Nova York. O presidente da França, Emmanuel Macron, prometeu que reconhecerá formalmente o Estado palestino durante o encontro.
Outros países também sinalizaram a intenção de apoiar a criação do Estado palestino durante a semana de discursos dos líderes mundiais na Assembleia-Geral. O gesto é visto como uma tentativa de aumentar a pressão sobre Tel Aviv para o fim do conflito.
Missão internacional pode atuar na estabilização de Gaza
Em preparação para um possível cessar-fogo, a declaração da ONU menciona a criação de uma “missão internacional temporária de estabilização” em Gaza. A operação teria mandato do Conselho de Segurança da ONU e o objetivo de:
- Proteger a população civil
- Apoiar a reconstrução e fortalecimento do Estado palestino
- Garantir segurança para Israel e Palestina
Reconhecimento do Estado palestino enfrenta obstáculos políticos e territoriais
Cerca de três quartos dos 193 Estados-membros da ONU já reconhecem oficialmente o Estado palestino. No entanto, a guerra prolongada em Gaza, a expansão de assentamentos israelenses na Cisjordânia e as declarações de anexação feitas por autoridades israelenses dificultam a viabilidade territorial do plano.
Na quinta-feira (11), o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu reafirmou:
“Não haverá um Estado palestino.”
O governo dos Estados Unidos, aliado histórico de Israel, já informou que o presidente palestino, Mahmud Abbas, não obterá visto para participar da Assembleia-Geral da ONU em Nova York.
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