O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ontem (30) que deu ao Hamas um prazo de três a quatro dias para aceitar o plano de paz proposto para o conflito na Faixa de Gaza. O plano foi apresentado no dia anterior, com apoio público do primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu, durante evento na Casa Branca.
“O Hamas vai fazer isso ou não, e se não fizer, será um fim muito triste”, declarou Trump ao deixar a Casa Branca.
A proposta de 20 pontos prevê:
- Cessar-fogo imediato
- Troca de reféns do Hamas por prisioneiros palestinos em Israel
- Retirada gradual das tropas israelenses de Gaza
- Desarmamento completo do Hamas
- Formação de um governo de transição liderado por organismo internacional
Apesar de não ter participado das negociações, o Hamas recebeu o documento por meio de mediadores do Qatar e Egito. Um funcionário afirmou à Reuters que o grupo “iria analisá-la de boa-fé e fornecer uma resposta”.
Hamas vê plano como tendencioso e inviável
Uma fonte próxima ao Hamas disse à Reuters que a proposta era “completamente tendenciosa a favor de Israel” e impunha “condições impossíveis” com o objetivo de eliminar o grupo.
Historicamente, o desarmamento tem sido uma linha vermelha para o Hamas. A facção já sinalizou disposição para abrir mão da autoridade administrativa em Gaza, mas rejeita se desarmar, considerando isso uma ameaça à sua existência.
Ministros das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Qatar e Egito demonstraram apoio ao plano de paz. Até o papa Leão 14 pediu que o Hamas aceitasse a proposta:
“Há elementos muito interessantes [no plano]”, afirmou o pontífice.
Em Gaza, palestinos expressaram ceticismo. Salah Abu Amr, morador da Cidade de Gaza, declarou:
“Queremos que a guerra acabe, mas queremos que o exército de ocupação que matou dezenas de milhares de nós saia e nos deixe em paz.”
Israel mantém ofensiva em Gaza
Enquanto o plano é analisado, as Forças de Defesa de Israel (FDI) avançaram até o centro da Cidade de Gaza nesta terça. Aviões israelenses lançaram panfletos ordenando que a população deixasse a região imediatamente.
“A batalha contra o Hamas é decisiva e não terminará até que ele seja derrotado”, dizia o aviso aéreo distribuído em letras vermelhas.
Netanyahu, embora tenha endossado o plano com Trump, manifestou reservas quanto à criação de um Estado palestino — tema central de muitos processos de paz anteriores.
“O mundo inteiro, incluindo o mundo árabe e muçulmano, está pressionando o Hamas a aceitar as condições que estabelecemos em conjunto com o presidente Trump”, disse o premiê israelense em seu canal no Telegram.
Trump critica Nobel
Trump também aproveitou para reclamar publicamente sobre o Prêmio Nobel da Paz:
“Você ganhará o Prêmio Nobel?”, perguntou a si mesmo em tom irônico. “De jeito nenhum. Eles o darão a alguém que não fez absolutamente nada.”
Enquanto isso, o chefe de inteligência da Turquia se prepara para se juntar aos mediadores em Doha, ampliando a pressão diplomática para uma solução. Ainda não está claro se representantes do Hamas participarão da reunião, após um episódio em que Israel tentou assassinar líderes do grupo na capital do Qatar.
Netanyahu sob pressão política interna
Internamente, Netanyahu enfrenta uma crise política crescente. Parte da população israelense quer o fim do conflito, enquanto integrantes de sua coalizão de extrema direita alertam para o risco de concessões excessivas.
O premiê já pediu desculpas ao governo do Qatar por um ataque malsucedido em 9 de setembro, quando Israel tentou matar líderes do Hamas em Doha, conforme relatado pela Casa Branca.
(*) Com informações da Folha de S. Paulo
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